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Os dias na mansão eram harmoniosos. Pelo menos para Anahi. As coisas estavam sob controle entre ela e sua cunhada, os pingos estavam nos i's e Anahi gostava da euforia que havia dominado a mansão desde a chegada de Maite. Era bem melhor que ficar sozinha esperando pela visita de alguém enquanto Alfonso estava fora, deixando Agnes em seu encalço o dia inteiro, como uma sombra pegajosa. Era impossível tolerá-la com um sorriso no rosto. O convívio das duas melhoraria potencialmente se, por outro lado, Alfonso demonstrasse alguma simpatia por Margot - que, para Anahi, era como parte da família - e permitisse que ela ficasse responsável por suas coisas. Mas ao contrário, ele a detestava. Anahi era quem sempre intercedia por ela quando ele as encontrava juntas. O mais engraçado era que parecia recíproco. De fato, a loira achava aquilo divertido. Enquanto os demais empregados tremiam de medo ao ouvir a voz de Alfonso, Margot empinava o seu nariz com arrogância.
Já para Herrera, as coisas não estavam tão bem. Maite e Margot representavam perigo constante. Ele as queria fora dali e queria rápido. No entanto, passaram-se dias desde a chegada de Maite e ela nunca mencionara a palavra "voltar", nem sequer em suposições. Por causa disso, ele não ousava deixar Anahi sozinha sem reforçar para Agnes que tomasse conta dela, não hesitando em desobedecê-la caso precisasse. Quanto a Margot, em especial, estava deixando-o com os nervos a flor da pele. Ainda mais que Maite, o que era de fato surpreendente. A idosa parecia pensar que podia confrontá-lo e, bem, ela estava enganada. Passado nenhum o faria ter piedade de Margot se ela tentasse prejudicá-lo. E ela sabia muito bem disso, portanto estava sempre observando, agindo com cautela. Também era capaz de calcular seus passos.
– Alfonso, você precisa levar Anahi a Viena – Maite disse, empolgada, balançando Gabriel nos braços. Alfonso não esboçou reação, nem sequer ergueu os olhos de seu copo de suco quando respondeu.
– Eu tenho a intenção de levá-la a todos os lugares desse mundo, Maite, mas por enquanto, me contentaria em comer sem ouvir a sua voz.
A morena deu um sorrisinho afetado, pouco se importando em lhe dar ouvidos.
– Viena é o centro cultural da Áustria, Annie – ela continuou, exasperada. Anahi prestava atenção, contente – É um lugar magnífico. Eu e William visitamos a cidade quando estávamos em lua de mel e lá estava no inverno. O frio era cortante! As temperaturas caíram em torno do ponto de congelamento!
– Minha nossa! – a loira exclamou, verdadeiramente surpresa. Maite meneou a cabeça, enfática, empurrando um pedaço minúsculo de maçã na boca de Gabriel, que recusou empurrando-o com a língua.
– Acho que você ia gostar de lá.
– Não, eu gosto de lugares floridos, coloridos... – Anahi balançou os dedos no ar, sorridente. Aquilo chamou a atenção de Gabe, que riu, levando a loira a repetir o gesto com uma gargalhada – Neve é um pouco sombrio, não acha? Assustador. Agradeço por ela não chegar até esse lado da cidade.
Maite assentiu, mastigando uma fruta despreocupadamente. Em seguida inclinou-se na direção de Anahi, puxando-a pelo braço.
– É gostoso quando tem alguém para nos aquecer – confidenciou, sussurrando. Anahi sorriu, desviando os olhos para Alfonso. Isso parecia fazer sentido. Ela gostou de imaginar como seria estar embaixo de uma coberta polpuda sendo toda aconchegada pelo corpo quente de Alfonso enquanto o mundo lá fora congelava.
– Eu e Alfonso não viajamos – Anahi confessou com um dar de ombros – Ele estava trabalhando.
– Mas há quem cuide da fábrica muito bem. Convença-o a fazer algo diferente – sugeriu.
– Parem de falar de mim como se eu não estivesse escutando – Alfonso resmungou. As duas riram entre si.
– Bem, os negócios aqui em Londres tomam tempo demais – Anahi explicou.

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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...