Capítulo 070

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– Eu lembro quando o levei para montar Scorpion pela primeira vez... – Anahi gargalhou, deitada sobre a mesa de jantar, os cabelos escapando dali. Os olhos dela estavam úmidos e a barriga dolorida de tanto rir. Alfonso estava sentado na cadeira ao lado, prestando atenção – Deus, aquilo foi ótimo! Você estava branco! Morrendo de medo!

– Não é a toa – ele retrucou – Aquele animal é pior que você

Anahi parou, exasperada, erguendo a cabeça. Seu semblante sério agora contrastava de uma forma engraçada com a alegria que ela demonstrava segundos antes.

– É a terceira vez que você faz essa comparação infeliz.

– Ora! Está óbvio que a convivência o tornou uma cópia sua.

– Você é insuportável! – ela esbravejou, saindo da mesa. Encheu a taça de vinho outra vez e começou a bebê-la. Já haviam 3 garrafas vazias – Sempre foi insuportável, para falar a verdade, por que mudaria?

– E você sempre foi um doce, sim?

– Você mereceu – ela acusou, voltando a gargalhar – Tão cheio de dedos e caprichos, um ego enorme, uma mania terrível de dar ordens.

– Uma beleza estonteante – ele abriu os braços, cínico – Você não resistiu.

Anahi riu até quase se engasgar. Alfonso a acompanhou, divertido.

– Quem estava como um cachorro sem dono atrás de mim naquela festa era você, lembre-se bem disso, pois eu não esqueci.

– Eu também não esqueci – disse ele – Não é uma visão que alguém esqueça facilmente. Você estava incrível. Eu não sabia nada sobre você, só que eu a queria e que você tinha, por todas as forças do universo, que ser minha. Maldita sorte.

– Eu diria: bendito azar – Anahi retrucou.

Alfonso pigarreou, tentando retomar o ritmo descontraído da conversa.

– Então você foi mais rápida que eu e me convidou para te encontrar. Sozinha, no seu quarto – provocou, passando o indicador pela coxa exposta da esposa. Ela bateu na mão dele, rindo – Estava louca que eu te levasse para a cama.

– Você está certo. Eu estava louca, é fato – ela assentiu, entornando mais vinho. Fez uma careta e continuou: – Completamente fora de mim e das minhas faculdades mentais.

– Até hoje não perguntei... Você não conseguiria esperar os cinco meses que me impôs, anjo? Tinha tanta vontade assim? – ele perguntou, atrevido. Anahi balançou a cabeça negativamente – Eu nunca vou viver um momento mais glorioso. Nem você, é claro.

– Narcisista! – ela acusou, estabanada, e o movimento de seu corpo batendo contra a mesa fez com que a garrafa semivazia virasse, derramando vinho por toda a madeira. O líquido escorregou amplamente e banhou a sua camisola, deixando-a com uma enorme mancha vermelho vivo – Oh, meu Deus! – ela reclamou, pondo as mãos sobre o tecido como se aquilo pudesse secá-lo. Depois desatou a rir quando viu que o desastre era ainda maior – Ah, não. Estava tão bom... Eu quero mais dele, Poncho. Vamos, encha minha taça de novo.

– Ana, sua peste, você já bebeu demais – ele censurou, retirando a taça de suas mãos. Anahi fez um bico de chateação – Por hoje basta.

– Qual é o problema? Você vai estar aqui para cuidar de mim, não vai?

– Sempre – prometeu – Ainda que você não queira, eu vou estar.

– Eu nem ouso duvidar – ela murmurou, tranquila – Naquele jantar você disse que é apaixonado por mim. É verdade?

Ruas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora