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Para a surpresa de Anahi, dois dias se passaram rápido. Dulce e Maite se encarregaram de resumir a Margareth e John o que havia acontecido. Anahi pediu que o fizessem da maneira mais sutil possível, mas no final, mesmo assim, os dois estavam lívidos de ódio. Bom, pelo menos não era um privilégio deles.
Ela teve febre uma vez, que cedeu em poucas horas. Não sentiu dor além do que era comum para seu estado. Nesse ritmo, se recuperaria bem.
O quarto de Anahi virou o cômodo mais frequentado da casa. Todos cuidavam dela com o máximo de zelo, cada um empenhado em uma parte, revezando as tarefas. Menos Judith, era claro. Com muito mau gosto, o máximo que ela podia fazer era abrir as janelas para ajudar Anahi a despertar pela manhã. A loira a alfinetava, nunca perdendo a oportunidade de dizer que a pior desgraça de sua vida era acordar e olhar para a cara feia de Judith.
Não se ouviu falar sobre Alfonso. Se Maite sabia de algo, não ousou dizer. Nenhum boato chegou aos ouvidos de Anahi, de modo que ela não podia saber a quantas andava sua reputação e nem a raiva do marido. Ou do seu ex-marido, nem isso sabia com certeza. Na verdade, muita coisa ela já não podia afirmar.
Sentiu vontade de perguntar sobre ele muitas vezes, mas não se atreveu, temia a resposta. No entanto, se um soldado está ferido e recuado, então não há batalha. Pelo menos não justa. Assim uma surpreendente calmaria se instalou e a primeira semana se completou com um êxito que animava a todos. A temperatura amena do outono perdeu para o frio do inverno. Uma geada leve cobria as árvores toda manhã e derretia ao longo do dia. As chuvas começaram, a princípio tímidas, mas ganhavam força geralmente durante as noites, algumas vezes tornando-se verdadeiros vendavais. Era a última semana do repouso de Anahi e precisariam de atenção redobrada.
– Vamos bem, não é? – disse Maite, brincando com uma rodela de banana espetada em um garfo. Ela a enfiou na boca de Anahi que estava semisentada, apoiada em uma montanha enorme de travesseiros. A loira balançou a cabeça negativamente.
– Exceto pelo fato de eu haver perdido minha autonomia. Estava bom nas primeiras horas – replicou. Maite estreitou os olhos e Dulce entrou no quarto, afastando a porta com um ombro porque as mãos estavam ocupadas com uma bandeja repleta de frutas. Anahi observava, perplexa – Querem que eu termine pesando quantos quilos? Estão apostando ou algo do tipo? Porque não pode ser.
– Isso é porque você é muito demandante – a ruiva riu, apoiando o objeto sobre a cama. Maite, ansiosa, começou a partir uma maçã em pequenos pedaços.
– Não se sinta na obrigação – Anahi retrucou, afastando o rosto do garfo que Maite oferecia – Juro que posso comer sozinha – ela esticou a mão para colher o objeto e a morena negou com uma careta de ultraje.
– Mínimo esforço, querida. Já faz bastante indo ao banheiro. Ordens médicas.
– Não é esforço nenhum! – Anahi protestou, irritada – Me esforço mais tentando convencê-la.
– Não tente.
– Não sou Gabe.
– Sei que não. Ele é independente, olhe só – Maite disse, dirigindo o olhar ao filho que estava no chão lambuzando-se inteiro com uma banana. A fruta caía no chão, totalmente gosmenta, e ele voltava a colhê-la e enfiá-la na boca, fascinado com o sabor. As três fizeram uma careta – Bom, de qualquer forma come sozinho, você não. És uma vergonha.
Dulce reprimiu uma risada. Anahi revirou os olhos.
– Uma semana a mais parece impossível.
– Mas é o que vamos ter – a ruiva disse, ajustando os cabelos de Anahi atrás das orelhas – E temos que torcer por isso.
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Ruas de Outono
Fanfic[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...