(...)
– Bom dia – desejou a estonteante irmã do Sr Herrera acompanhada da esposa do mesmo. O cocheiro meneou a cabeça com reverência, mas elas nem notaram, porque passaram por ele e invadiram a carruagem, acomodando-se uma ao lado da outra – Leve-nos até o outro lado da cidade – ordenou – Aviso assim que tivermos que parar.
As duas aguardaram, devidamente sentadas, as mãos elegantemente cruzadas sobre as coxas. O coração de Anahi retumbava dentro do peito enquanto ela esperava. Mas o cocheiro continuou paralisado, segurando a portinhola que jazia aberta. Lentamente, Maite girou o rosto na direção dele e, diante da imobilidade do sujeito, ergueu as sobrancelhas, sinalizando que ele devia se mover. E rápido.
– Ahn, eu lamento, Sra Perroni... – disse ele, constrangido – Mas eu só posso levá-la daqui com a autorização do patrão.
– O que você disse? – ela perguntou, franzindo o cenho para fingir surpresa – Eu só posso sair da mansão se Alfonso autorizar minha saída? É isso? – e explodiu numa gargalhada escandalosa, sendo acompanhada por uma Anahi insegura e receosa.
– Sim – ele assentiu depressa, um tanto nervoso – Quer dizer, a Sra Herrera sim.
A loira parou de rir, boquiaberta.
– O que você pensa que...
– Não. Não gaste energias, não se indisponha – Maite dispensou, sacudindo a mão para Anahi, que começava a se exaltar – Você realmente vai me fazer descer daqui? – ela perguntou, encarando o homem. Ele ficou rígido.
– Eu... Eu não...
– Esqueça. É só o seu trabalho – ela soltou, impaciente – Eu vou chamar Alfonso.
– Alfonso está ocupado, Maite – Anahi argumentou, segurando-a pelo braço.
– E nós precisamos sair. Bom, ele vai ficar uma fera e alguém terá que lidar com as consequências – a morena disse, fitando o cocheiro. Ele esticou o colarinho da camisa com uma expressão atormentada e começou a limpar o suor de nervosismo que brotava em sua testa – Por sorte eu e você não estaremos aqui, Annie.
Anahi também o olhou, analisando-o.
– Hum. Ele vai acabar sendo demitido.
O cocheiro ficou branco como leite. Anahi deu de ombros. Maite inclinou a cabeça e o observou um pouco mais, assentindo, pensativa.
– Tem razão. Mas não me importo – retrucou, desdenhosa. O pé dela estava quase tocando o chão quando ele se pronunciou, decidido:
– Não! Não precisa incomodá-lo, Sra Perroni, por favor. Nós podemos ir! – exclamou afoito, tomando as rédeas dos cavalos – Partiremos agora mesmo.
Anahi teve que conter a risada que ameaçava irromper em sua garganta sobretudo quando Maite apontou o indicador para o sujeito, com um semblante de aprovação, dizendo:
– Inteligente e sensato. Muito bem.
***
Anahi ficou na casa da tia. Era conveniente e oferecia a ela um álibi seguro e coerente para usar assim que voltasse para casa e tivesse que aguentar a explosão de fúria de Alfonso. Ela já tinha o argumento: precisava visitá-los e simplesmente foi.
Maite seguiu em frente e deixou Anahi a vontade com sua família. Ela passou a maior parte do tempo contando sobre um casamento que transcorria maravilhosamente bem. Não estava preparada para destruir as perspectivas dos tios e passar mais uma vez por todo o constrangimento de desenterrar aquela história complexa. Para simplificar, era feliz, Alfonso era um bom marido e eles viveriam felizes para sempre.
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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...