(...)
Alfonso não debateu muito quando Anahi voltou para casa. Ela o convencera que estava em segurança e o caso de quem a deixou sair ele poderia resolver depois. Agora estava mais empenhado em deixá-la à vontade com sua presença. Ou de preferência, com seu toque. Depois do banho, Anahi sentou em frente a penteadeira e soltou os cabelos para arrumá-los. Eles batiam na cintura em forma de ondas douradas e volumosas e ela tinha de penteá-los ou pela manhã estariam impossíveis de arrumar. Alfonso estava sentado na beira do colchão com um calção de dormir escuro, os cotovelos apoiados nos joelhos, olhando para ela. Até que Anahi sorriu para o próprio reflexo e Poncho franziu o cenho.
– Você parece contente – disse ele, observando. Anahi alargou o sorriso, penteando as pontas do cabelo loiro bem sobre o seio. Quando terminou, ela o jogou para trás e fez o mesmo com a outra metade. No fim, girou no banco e ficou de frente para o marido. Ainda sorria.
– E estou.
– E quais são os seus motivos?
– Estou contente por ter visto a minha família, Alfonso – ela respondeu, erguendo-se. Tirou o roupão e ficou só de camisola. No entanto, Alfonso a interceptou de pé, segurando-a pelo queixo. O corpo grande dele dominou o dela, esquentou. Ele estreitou os olhos e observou, acariciando o rosto da esposa, analisando. Anahi sustentou os olhos dele, tentando amenizar o que sentia.
– Você ri como quem zomba de mim.
– Você está vendo coisas, querido. Eu não zombo de você. Bom, pelo menos não estou fazendo isso agora – sussurrou cínica, depois sorriu atrevidamente – Quero dizer, não estava.
– Um dia faço você tomar jeito comigo – disse ele, sorrindo de lado – O que você fez o dia inteiro na casa dos seus tios?
– Muitas coisas.
– Com detalhes, meu amor, ou alguém pode descobrir por mim – decretou, deslizando os polegares carinhosamente pelas bochechas de Anahi.
– Eu ajudei Margareth na cozinha, nós fizemos um bolo. Cuidei do jardim com John, mais conversando que trabalhando. Falamos sobre nós, sobre você. Contei-lhes uma boa porção de mentiras, sobre o quanto estou feliz com o nosso casamento e com o marido maravilhoso que tenho. Discuti com Judith e Dulce me visitou. Apenas isso.
– Você saiu de lá?
– Mesmo que tenha saído, o importante para você é que voltei, não é? Não fugi. Estou exatamente aqui como você quer que eu sempre esteja – Anahi respondeu rispidamente, afastando-se.
– Você saiu, anjo?
– Não – esbravejou. Alfonso assentiu tranquilamente, cruzando os braços, observando a esposa se voltar para o espelho. Ela afastou os cabelos que caíram em maior proporção para o lado direito, pegou uma loção e começou a espalhá-la delicadamente pelo pescoço até os ombros, demorando-se mais do que o normal. O silêncio do marido a deixava inevitavelmente tensa, pois ela sabia que ele estava com os olhos sobre seu corpo, sobre a pele que ela mesma tocava, e que a falta de palavras ditas significava uma porção de pensamentos guardados. Às vezes Anahi também sentia medo do que ele não falava.
– Pare de fazer isso – ele murmurou com uma voz atormentada. Anahi o encarou pelo reflexo, dando de ombros.
– Não precisa me esperar. Você pode dormir sem mim.
– Mas não consigo parar de olhar para você – Alfonso justificou, posicionando-se atrás dela – Você tem tornado as noites difíceis demais pra mim, Ana.
Anahi recolocou o frasco sobre a penteadeira e se apoiou no móvel, tentando parecer indiferente.
– Você vai sobreviver.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ruas de Outono
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...