Capítulo 056

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(...)

Anahi saiu desabalada atrás de Alfonso. Era a imagem física da histeria. Poncho contornou o banheiro inteiro, fugindo das agressões que ela lhe prometia. Não era difícil, visto que Anahi não tinha habilidade alguma com aquele jogo. E cada vez que ele fugia de suas mãos, quase desfalecendo em gargalhadas, ela ficava mais irada. Ele teve tempo de escorregar e se erguer outra vez e, ainda assim, ela não conseguiu pegá-lo, grunhindo de frustração. Quando alguém finalmente alcançou alguém, foi Alfonso. Ele a agarrou pelas costas, pegando-a nos braços a medida que ela se debatia, transtornada.

– O que você precisa – ele gemeu com a voz irregular, empenhando esforço para conseguir contê-la – É de um banho gelado para acalmar os nervos.

– Você não ousaria!! – ela berrou, vendo-o se aproximar cada vez da tina transbordando em água. Sabia que estava realmente gelada e não achava exatamente necessário sentir aquilo de novo... Anahi, que antes tentava saltar dos braços de Alfonso, agora pendurava-se em seu pescoço como se se protegesse da morte, agarrando-o com as unhas.

– Deus!! – ele resmungou, exasperado, sentindo a pele começar a arder – Você parece um carrapato!

– Não faça isso, Alfonso! – ela ordenou, ameaçadora, olhando com pavor para a distância cada vez menor da água. Ele soltou uma gargalhada, ameaçando jogá-la com um impulso. A loira gritou, segurando-se ao marido com ainda mais firmeza – Eu amaldiçoo o dia em que você nasceu!

– Tem medo de água, Ana? É isso? – provocou, zombeteiro.

– Se me soltar, eu o mato, infeliz! Juro por Deus, por tudo que é sagrado e profano! Se me soltar, eu... – mas outra vez as ordens de Anahi foram caladas, pois Alfonso praticamente a arremessou dentro do tonel.

Ela bateu as pernas e os braços, desesperada, sentindo a água praticamente engoli-la, preenchendo sua boca e seu nariz a força. Não era profundo; em pé a água bateria em seu quadril, mas ela não tinha senso algum de direção quando Alfonso a soltou, portanto se debateu cegamente até encontrar o fundo e conseguir se manter. A cena foi engraçada até o momento que Anahi voltou a superfície tossindo violentamente, os pulmões parecendo inundados de água. Isso fez o sorriso de Alfonso morrer.

– Ei!! Você está bem? – ele chamou, entrando na tina com desespero. Poncho a amparou pelos ombros, ajudando-a se erguer – Anjo, você está bem? Desculpe por isso, eu não deveria... – pediu, preocupado.

Com cautela Herrera tirou o excesso de água do rosto de Anahi para ajudá-la a respirar livremente. Ela ofegou, uma mão segurando o peito que se avolumava até seu máximo, o oxigênio preenchendo-a e devolvendo-lhe a calma devagar. Mas Anahi não precisou disso por muito tempo. Alguns segundos depois, estava recomposta. Sorrindo, ela pulou sobre Alfonso e o empurrou para baixo d'água pelos ombros, apanhando-o de surpresa. Ele caiu de costas, imergindo totalmente e Anahi montou sobre ele, impedindo-o de voltar. Ela baixou as mãos, segurando o rosto do marido com agressividade. Alfonso protestou, mas isso só diminuía sua resistência, de modo que o pulmão começou a pedir por ar rápido demais. E isso o estava deixando possesso. Então ele emergiu, bruto, com o ódio estampado no rosto tenso, o peito ávido por oxigênio.

– Eu avisei! – Anahi se justificou, rindo, na defensiva. Não queria sequer olhar para ele, só queria sair dali, então ela começou a recuar, quieta – Agora chega. Não tem mais graça, a brincadeira acabou.

Mas Alfonso não concordava com isso. Ele agarrou o tornozelo dela quando ela estava saindo e a loira se desequilibrou, amparando-se primeiro na borda da tina, para depois apoiar as palmas das mãos no chão. Ficou assim: as pernas para dentro, presas por Alfonso; o tronco para fora; o traseiro empinado na junção dos dois. Era uma posição curiosa, mas Alfonso estava furioso demais para achar aquilo divertido.

– Agora você foge, não é?! – ele acusou, perverso – Achei que você ia morrer sufocada, sua peste!

– E eu fiquei com medo que você ainda estivesse vivo – ela zombou, batendo as pernas – Me solta, estúpido! Olha o que você está fazendo!

Você. É. Uma. Maldita. Atrevida – Herrera rosnou pausadamente, puxando-a pelos pés com uma força quase brutal. Do outro lado, Anahi puxava de volta.

– E você é uma moça! Estava morrendo de medo! – gargalhou, maldosa. Ela o chutou na mão, quase fazendo com que ele a soltasse, mas o único que conseguiu foi que Alfonso emitisse um ruído de dor. Ela fez uma careta, prendendo o riso, esperando pela reação exacerbada que muito provavelmente ele teria. Anahi não esperava, porém, que ela viesse na forma de um tapa no traseiro, dado com força o suficiente para fazê-la gritar – AI!!! – reclamou, chocada, sentindo toda a extensão daquela carne arder – Alfonso! Isso doeu!

Ela se ergueu, ultrajada, conseguindo se recompor. Infelizmente, no entanto, não havia nada com o qual pudesse se cobrir. O roupão de Alfonso também estava aos frangalhos, revelando seu peito, que subia e descia fora do compasso. Anahi olhou ao redor, procurando algo ou alguma rota de fuga, e por isso não viu quando o corpo dele a dominou outra vez, dessa vez levando-a de encontro a parede. Ela bateu as costas com força, sentindo a coluna protestar.

– Você sabe que me deixou com raiva, não sabe? – Alfonso indagou, procurando os olhos dela. Anahi virou o rosto, mas ele o trouxe de volta, agarrando-o pelo maxilar.

– O que importa?

– Parece que gosta quando estou com raiva, porque está sempre empenhada em fazê-lo – afirmou, cruel.

– Não, simplesmente não me importo em agradá-lo – ela afrontou, orgulhosa – Está me machucando.

– É isso o que fazemos o tempo inteiro, Ana – disse ele, encarando-a fixamente – Nos machucar.

Anahi engoliu em seco, observando o verde intenso dos olhos de Alfonso. O antigo modo de olhá-la que a deixava quase suspensa no ar de expectativa, tomada por um misto de sensações. Ele não largou dela, simplesmente trocou o aperto de lugar. Tirou a mão do maxilar de Anahi e a enfiou nos cabelos loiros ensopados, trazendo-os para trás. A outra, ele usou para retirar os fios grudados no rosto pálido, de modo que ele ficasse limpo. Depois a mesma mão viajou pelos seios úmidos da esposa, observando as leves marcas que a luta corporal deixara. Eram rastros vermelhos de apertões. Além desses, havia um na barriga, da madeira do tonel, feito pela posição em que ela ficara, e havia a marca da sua mão no traseiro dela. A mão dele deslizou por mais recantos, demoradamente, sem que nenhum dos dois percebesse quanto tempo se passara; sem que nenhum dos dois conseguisse entender porque, há dias atrás, aquilo parecia tão errado. Se era a cabeça que havia parado de funcionar, não importava. Não naquele momento.Agora, ambos, silenciosamente, estavam de acordo. E era um acordo tão explosivo que em um segundo Alfonso estava emoldurando a boca de Anahi com o polegar, e no segundo seguinte os lábios dela estavam entre os seus, sedentos de saudade.

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OIII MENINAS!!! Olha só que maldade parar logo aí hahahah

O que vocês acham que vai vir pela frente? Uma coisa eu garanto: vem muito plot twist!

Muito obrigada pelos comentários e pelas estrelinhas. Amo vir aqui e ver que vcs estão amando junto comigo. Só amor por essa história (menos pelo Alfonso!). Obrigada pelo apoio <3

Ruas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora