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Ao longo da semana, Alfonso participava de reuniões. Frequentemente a mansão se ocupava de empresários, negociantes, etc. Anahi fazia qualquer coisa; qualquer coisa que pudesse ser feita dentro da mansão. Entre elas, conversar com Maite e brincar com Gabriel.
Ela já conseguia segurar o menino sem que ele chorasse de pavor. E, acredite, isso era um avanço incrível. Uma vez, inclusive, ela conseguiu fazê-lo dormir em seus braços e seus músculos ficaram doloridos por dois dias inteiros.
Durante as noites, Alfonso tentava se aproximar de Anahi. Ela recuava. Ele não parou de insistir, mas lá pela quinta vez em que foi ignorado desistiu de gritar por causa disso e começou a aceitar docilmente as costas que Anahi com frequência lhe oferecia.
Desde então, os dias ganharam pelo menos uma parcela a mais de paz. Até que Judith foi visitá-la.
Anahi ergueu uma sobrancelha, vendo a prima irromper pela porta de entrada, atravessar a sala com petulância e se atirar nos braços de Alfonso, contente. Não que se importasse, mas Anahi ainda era a esposa dele e isso significava que uma mulher não tinha direito algum a se pendurar no seu marido, menos ainda se estivesse bem embaixo do seu nariz; e bem menos ainda se esta mulher fosse Judith.
– Judith, eu não sei se você percebeu – Anahi pigarreou, cruzando os braços – Mas você está na minha casa, agarrando o meu marido. As autoridades vão me proteger quando eu quebrar qualquer um destes vasos de mármore na sua cabeça.
O rosto de Alfonso se cobriu de uma expressão que era um misto de diversão e surpresa, mas Judith simplesmente sorriu arrogantemente.
– Anahi, você vai mesmo ser a mal educada de sempre na frente do seu marido? – sussurrou cinicamente, com uma mão sobre o peito. A loira não esboçou reação.
– Eu vou ser mais que isso se você não começar a dizer o que veio fazer aqui.
– Eu vim visitá-los, ora. Tive que vir por conta própria, já que você nunca me convidou – explicou com indiferença – Além do mais, eu trouxe Juliet. Você deixou a pobre coitada sozinha sem Scorpion. Animais que passam o tempo inteiro juntos e de repente são separados podem morrer de tristeza, então não seja tão ingrata porque eu te fiz um favor.
– Ah, claro! – Anahi gesticulou, exasperada – Agora suponho que como forma de agradecimento eu tenha que conceder o meu marido por algumas horas para você, não é? Nós temos quartos disponíveis, se você quiser. Ou prefere que seja aqui na sala mesmo?
– Meu Deus!! – Judith gritou, arregalando os olhos e gargalhando histericamente – Como você é rude e vulgar! A sua mãe não te deu educação? – e então parou, cobrindo a boca com os dedos – Oh... Sempre esqueço que você não tem mãe.
Alfonso apanhou Anahi pela cintura antes que a loira voasse sobre a prima. Os braços de Anahi não a alcançaram e balançaram no ar, com as mãos em garra. Judith deu de ombros e saiu deslizando pela sala alegremente, observando tudo o que encontrava. Ela desabou no sofá, sorrindo, saltitando para sentir o conforto do estofado; passou a mão sobre a madeira de uma mesinha bem ao seu lado e olhou os dedos, constatando que não havia poeira. Estava encantada. Anahi, por sua vez incrédula e furiosa, encarava a morena como se seu olhar pudesse matá-la a qualquer instante.
– Ana – Alfonso chamou calmamente, fazendo a loira virar-se para ele – Gosto da cena, mas tente controlar o ciúme.
Anahi dirigiu a ele um sorrisinho afetado, inclinando a cabeça.
– Você é lamentável – disse, enojada – Não se sinta envaidecido. Isso é pessoal. É entre mim e Judith. E não pense que ela age assim por não conseguir resistir aos seus encantos. Essa é simplesmente a maneira mais sensata que ela, pobre coitada, encontrou para me atingir.

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Ruas de Outono
Fanfic[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...