Capítulo 012

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(...)

- Não grite - ele advertiu, a boca enroscando em sua orelha - Eu vou tirar a minha mão, sabe que não vou machucar você. Mas então você vai ficar quieta porque não quer mais se meter em confusões. Os boatos correm muito rápido e, por hoje, eu acho que seu nome já está suficientemente relacionado ao meu.

Ele deixou que ela absorvesse a informação durante um minuto. Um longo minuto, para ela. E apesar da ocasião, era como se estivessem adquirindo confiança um no outro. Significava uma promessa. Ele não ia fazer nenhum tipo de mal a ela; ela não ia gritar.

Aos poucos, Herrera tirou a mão da boca de Anahi. Ela ficou muda, ainda de costas, mas ele ouvia sua respiração acelerada, percebia o movimento dos seios enchendo-se de ar. O susto pelo toque inesperado quase fizera o coração dela parar.

- Como você entrou aqui? - perguntou finalmente.

- Judith é o tipo de pessoa que só precisa de um pouco de carinho, Ana.

Anahi sentiu uma intensa vontade de vomitar. Virou-se para ele, observando-o mesmo através da penumbra. Ele usava um colete longo e negro, botas até um pouco acima dos tornozelos e sua barba começava a nascer. Ela havia suposto que fosse isso o que espetava sua pele enquanto ele cheirava seu pescoço, causando-lhe arrepios. Queria que pudesse abrir os olhos e descobrir que aquilo, sim, era um pesadelo.

- Não vou ordenar que saia. Em vez disso, quero que pare a partir de agora de me chamar de Ana e me diga por que não para de me perseguir? - questionou, impassível. A voz era imperativa sem que precisasse estar um tom sequer acima do normal.

- Você prefere "Anahi"?

Ela fechou os olhos e respirou fundo, reprimindo a vontade que sentia de estapeá-lo cada vez que usava aquele tom sarcástico.

- Eu estava certa ao omitir isso. Previ o que você era, Alfonso: complicação. Nada mais que um sujeito baixo e arrogante.

- Auch!! Pelo visto, realmente dispensou as formalidades - constatou, soltando uma gargalhada - Você teria evitado tudo isso se não tivesse me feito de idiota e mentido para mim, Anahi. Não é muito prudente que você espalhe inverdades ao vento. Nem sobre você mesma e tampouco sobre outras pessoas - então parou de caminhar pelo quarto, lançando a ela um olhar duro, repleto de mensagens ocultas - Arthur jamais teve filhos.

Anahi sentiu vontade de rir, mas aquilo era trágico demais para que ela o fizesse.

- E quanto ao que você disse a Judith? Eram mentiras também! Não sei o que você lhe falou, mas não vai demorar muito para que ela comece a me dizer e se alguém mais souber do que você inventou, pode ter certeza que terá entrado em uma bela briga, Herrera.

- Você me ameaçou - ele abriu os braços, legitimando-se, mas era óbvio que não estava preocupado com nada do que ela lhe dizia - E está fazendo isso de novo. Como acha que eu me sinto?

- Pois saiba então que a ameaça que lhe fiz vale até hoje. Eu vou procurar Arthur sem a sua ajuda e, quando encontrá-lo, a sua cabeça vai rolar - afirmou, sorrindo logo depois. Alfonso estava prestes a retrucar quando ela ergueu uma sobrancelha e perguntou, num desafio atrevido: - Como você se sente?

Em dois segundos ele avançou na direção dela, fazendo-a esquecer imediatamente da segurança que a levou a provocá-lo. Anahi contornou a cama, em pânico, mas Alfonso pulou sobre ela, pegando a loira entre os braços no lado oposto do quarto.

- Você vai sumir da minha vida, Anahi - ordenou, entre os dentes - Lamentavelmente é o que você vai fazer. Eu não quero tornar a ouvir as suas mentiras. Pare de insistir nessa loucura.

Ruas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora