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O barulho do cavalo pisando sobre as folhas secas da estrada e um lobo uivando a distância quebraram o silêncio da madrugada, mas deixou-a ainda mais assustadora. No entanto, as ruas tão tarde pareciam menos perigosas que aquela mansão.
Depois da conversa com Dulce, Anahi visitou a tia (sem contar sobre o que havia acontecido, usando seu semblante mais falso de alegria), pegou Scorpion e foi para muito longe dali. Agora, era quase manhã e ela estava de volta simplesmente porque tinha de voltar. Não poderia apodrecer a beira de um lago a espera de um milagre que a fizesse sumir ou recomeçar sua vida desde o momento que conhecera Alfonso. Só restava retomar o caminho de onde parou.
Anahi deixou Scorpion amarrado em uma árvore. Pela manhã trataria de instalá-lo adequadamente, mas agora estava cansada. Despreocupada, subiu o pequeno lance de escadas que levava a porta principal e a abriu. Foi então que ela o viu, sentado em uma poltrona com os braços apoiados ao lado. Uma lamparina estava sobre a mesa de centro, lançando uma luz oscilante diretamente no rosto furioso de Alfonso. Ademais, todas as outras jaziam apagadas. A atmosfera sombria e a súbita visão do homem sentado ali fez a respiração de Anahi falhar, deixando-a ofegante, com o pulso acelerado.
– Onde você estava? – ele perguntou. Anahi estava tão assustada e zonza que podia jurar que a voz dele provocara um eco pela mansão. Mesmo assim, com o resquício de força que tinha, ela o olhou, mostrando que realmente o havia escutado, mas que não pretendia dar uma resposta. Tomou a direção da escada e, puxando a cordinha da primeira lamparina, começou a subi-la.
– Anahi!!! – ele berrou, erguendo-se. Ela sofreu um sobressalto pelo susto e outro ainda maior quando ele a alcançou, apertando seu braço – Onde você estava?! Eu fui atrás de você até no inferno!
– Me parece que você não procurou o suficiente.
Alfonso torceu a boca. A ira que sentia esquentava seu corpo.
– Você não vai brincar comigo dessa forma.
– Então você pensa que é o único que pode brincar com as pessoas? – ela rebateu, puxando o braço com violência – Eu não sou seu fantoche, Alfonso. Eu sou a dona da minha vida!
– Isso não significa que você acorda, sai daqui como uma louca e volta no meio da madrugada sem me dar satisfações!!
Anahi gargalhou, desdenhosa, e Alfonso torceu os punhos com isso. Em seguida ela retomou o caminho pela escada, mas novamente Herrera a agarrou pelo braço, ainda mais violentamente que antes, puxando-a de volta. Os pés de Anahi pisaram em falso e ela se amparou desajeitadamente no peito do marido. E mesmo vendo-a em desvantagem, ele não a soltou. Era justamente a vulnerabilidade que a faria falar.
– Você está me machucando – ela avisou, dura. Alfonso estreitou os dedos, usando mais força, e Anahi sentiu dor, apesar de não tê-la expressado.
– Onde você estava, Anahi?
– Você está me machucando, Alfonso! – gritou, imóvel. Os olhos azuis duelaram com os dele de uma forma confiante que ainda não havia acontecido desde que Anahi soubera a verdade.
Ele realmente podia machucá-la, se quisesse. Fisicamente falando. Com a raiva que sentia, feri-la seria a coisa mais fácil que ele pensava em fazer naquele instante para levá-la a dizer onde fora parar o dia inteiro, ou para fazê-la se arrepender se insistisse em não contar. Mas não podia fazer isso. Sem dúvidas, Alfonso era um sujeito capaz de muitas coisas, mas disso não. Então ele relaxou as mãos e Anahi se afastou.
– Lembre-se que eu não preciso encostar um dedo em você – ele avisou, arqueando as sobrancelhas. O tom ameaçador que Anahi conhecia tão bem estava ali novamente – Eu tenho outros meios tão eficazes quanto esse de fazer você falar.
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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...