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Anahi abriu os olhos e o rosto de Alfonso estava acima do seu. Ele estava entre as suas pernas, mas os quadris ondulavam devagar sem que Herrera precisasse empenhar aquela força bruta de antes. Mas ele estava todo dentro dela e aquilo lhe causava um efeito maravilhoso, tanto quanto todas as vezes anteriores. Eles estavam prolongando, em vez de apressar o fim. Era bom mudar o roteiro e aproveitar a tranquilidade do corpo cansado por terem se amado durante horas.
Anahi o observou em silêncio, erguendo uma mão para tocar as reentrâncias do rosto relaxado do marido. Os olhos dos dois se encararam dessa vez sem receio, cobrança ou acusações. Ele beijou os dedos de Anahi e ela sorriu, fechando os olhos quando em seguida ele estendeu seus braços acima da cabeça, deixando-os presos. Alfonso começou a se acelerar e Anahi perdeu outra vez para aquele prazer crescente, gemendo o nome dele enquanto alcançava o clímax.
Quando acabou, ele largou os braços dela, cansado, ambos ofegando. Os dois ficaram ali, tomando ar por um bom tempo, até que Alfonso começou a farejar o cheiro do decote de Anahi pretensiosamente, de maneira lenta e sensual. Ela não conseguiu mais manter o silêncio.
– Meu Deus, você é insaciável? – perguntou, divertida, algum tempo depois. Alfonso assentiu, preguiçoso, esfregando o nariz no vão do pescoço delicado – Não consigo sentir as minhas pernas.
– Estão muito bem enroladas na minha cintura – ele situou, a voz abafada contra a pele da esposa. Anahi deu uma gargalhada gostosa, empurrando-o levemente pelos ombros.
– Vai me sufocar, Poncho – protestou – Você realmente pesa muitos quilos a mais que eu, sabia?
– Isso não era um problema há algumas horas... Se você quiser ficar por cima dessa vez...
– Não! – ela gritou, jogando a cabeça para trás com a risada que estourou em sua garganta – Alfonso! Eu estou dormente! – exagerou, virando-se de lado. Ela o sentiu se acomodar por trás dela, afastando seus cabelos para beijá-la atrás da orelha.
– Será que agora você vai aceitar que entre eu e você existe algo incontrolável? – sondou com a voz rouca – Se você parar um segundo vai perceber que isso é mais forte que o seu orgulho ou qualquer outra coisa que tenha acontecido, Ana.
Anahi enrijeceu subitamente, fitando a parede do quarto, inerte, os olhos azuis estagnados. A constatação de Alfonso a puxara de uma atmosfera de completo encanto e a jogara de volta na realidade. Ele tinha razão; e era isso que a incomodava: que ele tivesse toda a droga da razão. O orgulho que ela deveria ter, e que sempre deveria figurar em primeiro lugar, fora esquecido. Isso não era bom. Tudo que acontecera entre os dois ainda doía nela como uma ferida profunda não cicatrizada. Era difícil não se martirizar, não se sentir tão absurdamente débil ao ceder algo - sobretudo com tanto ardor - ao responsável pelo seu machucado.
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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...