Capítulo 066

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– Você vai mesmo embora? – Anahi murmurou. Maite assentiu, pesarosa – E vai levar Gabriel?

– É óbvio! – a morena gritou, rindo. Anahi soltou um gemido de tristeza, abraçando a cunhada – William não tolera mais minhas razões para adiar nossa volta e eu já não sei o que inventar para que ele não nos obrigue a ir. Mas eu sei que não posso mais fazer isso, nossa vida inteira está em Los Angeles e ele já abriu mão de muito para estar aqui.

– Eu entendo que uma mudança assim demanda tempo, mas Alfonso pode ajudá-los a se estabelecerem aqui – Anahi argumentou.

– Mencionei algo a respeito disso. Ele soltou meia dúzia de grunhidos de raiva e bateu a porta com toda a força depois que me empurrou para fora – Maite resmungou, arrancando uma risada da loira – Alfonso não suporta que estejam em seu encalço.

– E você sempre está no encalço dele. Você é incorrigível.

– Não, ele é incorrigível – a morena ressaltou, solene – Eu só faço o meu papel.

– Eu vou sentir falta disso – Anahi confessou – Ainda temos alguns dias, não é?

– Claro, querida. Não vamos encarar isso dessa forma. Daqui a algum tempo nos veremos de novo, afinal você faz parte da minha família – e com um sorriso duvidoso e um olhar travesso, Maite começou a acotovelar Anahi – E agora mais do que nunca, não é?

Anahi franziu o cenho até finalmente entender, pela expressão dúbia de Maite, a que ela se referia. Mas se a morena soubesse que a montanha russa do relacionamento de Anahi e Alfonso havia feito uma nova curva acentuada na noite que se passou então não estaria insinuando nada daquilo. Anahi queria ter conseguido esconder o incômodo que a sugestão de Maite lhe causara, como havia conseguido esconder de Alfonso, mas a cunhada era perspicaz. Até demais.

– Eu sabia que não – disse a morena, suspirando – Honestamente não tenho mais discursos novos para usar com você, Annie, acho que estou cansada.

– Nós estamos bem, Maite, eu já te disse isso uma vez.

– E foi bem diferente de agora, você quase tinha chegado a me convencer. Eu percebo que não está bem quando não é mais Alfonso quem engana você, e sim você mesma – ela disse, dura. Anahi desviou os olhos com um suspiro – Ele te magoou outra vez?

– Dessa vez eu me deixei magoar, Mai, mas estou viva.

– Não, isso não é verdade! – a morena protestou, raivosa – Não deixe que ele lhe faça sentir culpa. Esse seria o maior dos absurdos desse casamento, Annie, você não tem culpa de nada. Sabe, eu tenho medo de deixá-la aqui sozinha e reencontrá-la arrastando correntes nos tornozelos, sorrindo e me dizendo que "está-tudo-bem". Achei que vocês tivessem superado algumas coisas e agora você me reage assim, tão entusiasmada quanto se estivesse num velório – Maite esperou que Anahi protestasse ou que, como antes, tentasse se justificar. Mas a loira não respondeu, nem sequer a olhou, parecia distraída em pensamentos – Bom, eu cansei de falar sozinha!! – desistiu, exasperada.

– Mai – Anahi chamou, segurando-a pela mão – Quando nós nos reencontrarmos nada do que você está vendo agora será igual. E independente do que acontecer a mim e a Alfonso, você sempre será minha amiga, está bem?

– Não. Na verdade não está nada bem, mas você é mais teimosa que Gabriel e isso me faz perceber que não tenho estruturas para ir contra as suas teorias.

– Certo – Annie riu – E eu não tenho mais estruturas para ouvir a sua voz, então fique calada.

– Mas... – Maite gaguejou, ultrajada – Ora! Isso é o que eu ganho. Vocês se merecem!

Ruas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora