Capítulo 051

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Anahi estava olhando através da janela do seu antigo quarto, na casa dos tios, para conferir se Dulce María estava chegando. Há três dias atrás ela e Alfonso haviam visitado Margareth e John e Anahi finalmente conseguira falar com a amiga, que quase pulara em seu pescoço, louca de alívio, satisfeita por não ter arquitetado um plano defasado. Com Alfonso por perto, as duas não puderam conversar tanto quanto queriam, mas havia ficado claro que Anahi deveria estar ali, outro dia neste mesmo horário, para se encontrar com Ian. Alfonso não voltou atrás em sua permissão. Então lá estava ela.

Ela sentiu um arrepio de nervosismo e medo subir pela espinha. Parecia também que vomitaria a qualquer momento. Aquela sensação, suspensa no ar enquanto aguardava, era horrível. Bem que Dulce podia chegar de uma vez... Ou bem que a ruiva poderia simplesmente nunca chegar e assim Anahi desistiria dessa ideia psicótica sem se sentir covarde.

Mas então Dulce surgiu em seu campo de visão descendo de uma carruagem e cruzando a grama do jardim de entrada. O coração de Anahi explodiu no peito. Dois minutos depois a amiga invadiu seu quarto e a abraçou apertado.

– Você veio sozinha? – perguntou, cautelosa. Anahi assentiu em silêncio e Dulce explodiu em risos – Estou tão contente porque tudo deu certo! O que exatamente você fez com ele para conseguir isso?

– Nada. Na verdade, eu tinha desistido de tentar convencê-lo depois que... – Anahi hesitou, observando a expressão curiosa de Dulce. O que acontecera naquela noite ela não conseguiria compartilhar com ninguém, nem sequer com Dulce – Depois que a primeira tentativa falhou.

– Então o que houve?

– Não sei – respondeu, quieta – Acho que ele resolveu ser um pouco humano.

– É uma pena que seja no momento errado – Dulce gargalhou. Estava eufórica. Mas Anahi não – Vamos? Vamos esperar Ian atrás da colina do lago. Ninguém pode nos ver. Ele estará lá em alguns minutos.

– Não – Anahi gemeu, nauseada – Não quero mais fazer isso.

– Anahi, não seja estúpida! – Dulce riu, sacudindo-a pelos ombros.

– Alfonso quer que me vigiem de perto... Ele não cederia a isso assim, de bandeja. Deve haver alguém atrás de mim.

– Eu não vi ninguém – a outra deu de ombros, negando com a cabeça – Se ele tiver feito isso, ótimo. Que vá para o inferno.

– Dulce, por favor... Isso é sério – Annie fechou os olhos, sentindo-se ser arrastada pela outra que simplesmente não lhe dava ouvidos. As duas desceram as escadas e entraram na carruagem. Quando o cavalo começou a trotar, Anahi se segurou no banco, sentindo-se tonta. Aquilo era tão arriscado que a deixou fora de órbita, angustiada ao extremo. A proximidade do momento pelo qual ela ansiara agora só a deixava desesperada de nervosismo. Não estava pronta para contar a Ian tudo o que aconteceu, para se constranger daquela forma. Não era exatamente tranquilizante saber que ele poderia ajudá-la a se livrar de Alfonso quando Alfonso realmente seria capaz de se livrar de Ian se soubesse o que ela estava planejando fazer. Um descuido qualquer e... Boom.

Anahi baixou a cabeça e começou a chorar. Dulce olhou, exasperada.

– Deus, o que houve??? – perguntou.

– Não tenho uma rota de fuga, não é? Eu sinto como se em todas elas Alfonso me esperasse no final.

E isso deveria ser algo bom, afinal, ela pensou com amargura.

– Annie – Dulce murmurou, segurando as mãos da amiga – Se você quiser desistir e voltar para casa...

– E voltar para ele? – Anahi murmurou de volta, entristecida. Isso não soava como algo bom – Não quero. Quero apenas que ele me deixe em paz.

Ruas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora