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Quando Alfonso chegou em casa era quase hora do almoço e um aroma gostoso saía da cozinha, enchendo a sala. Christopher vinha ao seu lado, os dois riam. Gabriel estava no chão, sacudindo um boneco de tecido ferozmente. Vendo-os chegar, Maite saltou do sofá e quase pulou sobre o irmão, apanhando-o pelos ombros.
– Alfonso, você precisa fazer alguma coisa! – disse ela, exasperada – Anahi enlouqueceu!
– Mesmo? – Herrera retrucou, indiferente.
– Está arrumando as malas e está dizendo que vai sumir daqui!! – gritou. Em seguida olhou para Christopher, parecendo finalmente notar sua presença – Ah, oi, Uckermann.
– Bom, então ela está realmente louca – Alfonso disse com um dar de ombros. Começou a caminhar pela sala e, para o espanto de Maite, sentou-se no sofá, abrindo os botões do paletó despreocupadamente.
– O que você está esperando? Vá até lá, pelo amor de Deus! – ela pediu – Seja lá o que tenha feito, você pode dar um jeito nisso.
– Por que acha que fiz alguma coisa, Maite?
– Porque você sempre faz! – ela exclamou – Ontem colocou a coitada da Margot para fora daqui, praticamente a pontapés, e deve ter tido algum motivo. Da mesma forma algo aconteceu para deixar Anahi assim. É óbvio que seria perda de tempo pedir a você que me contasse, então pelo menos impeça sua mulher de ir embora.
Alfonso revirou os olhos.
– Deixe-a em paz, Maite. Ela não vai embora.
– Ela já está indo!!
– Não, ela não vai a lugar nenhum – disse ele, sacudindo a cabeça com um sorriso – Ela não tem coragem.
No andar de cima, Anahi olhava fixamente para suas coisas amassadas dentro de duas malas sobre o colchão. Bastava fechá-las e então sairia dali. Era uma questão de poucos minutos para que ela estivesse deixando o inferno que uma vida ao lado de Alfonso prometia para trás. Os seus planos haviam sido totalmente diferentes e analisar a divergência entre eles e a sua realidade a deixava nauseada.
Como ela poderia ter se preparado para algo assim?
Anahi ofegou, trêmula, e puxou as fivelas amarrando-as firmemente. Mas antes de sair passou bons minutos sentada, pensando com desespero em como seria voltar para sua família e explicar que fora enganada. Não ficou surpresa ao recomeçar a chorar. Sentia a humilhação arder sobre seu rosto simplesmente ao tentar ensaiar as palavras que usaria. Tremia também ao pensar como seria retomar a vida num lugar cheio de gente observando seus passos. Antes para criticá-la. Agora para avaliá-la. Então depois que deixasse Alfonso, como afinal seria?
Subitamente a porta se abriu e ele apareceu, olhando para ela, que tinha os olhos ainda mais vermelhos. Desviou a visão para as malas e em seguida voltou a olhar a esposa.
– Creio que nunca tenha tomado uma decisão tão equivocada quanto essa em toda sua vida, Anahi.
– Tomei sim – ela rebateu, erguendo-se – Quando me casei com você.
Alfonso sorriu, fechou a porta e dirigiu-se a Anahi, que recuou.
– Anjo, o que te levou a casar comigo ainda está aqui – disse ele, sereno – Eu sou louco por você – enquanto ele falava, a expressão de Anahi se transformava em asco, fúria. Ela tremia por tentar conter o impulso de atacá-lo a cada palavra que dizia, a cada passo que ele dava em sua direção – Ainda está aqui. Se eu tocar em você, você vai sentir.
– Eu não quero que você encoste as suas mãos podres em mim – rosnou entre os dentes – Você me dá nojo.
– Auch! A sensação que tinha era de que causava outras coisas em você – ele exclamou, rindo – Facilite a nossa vida, Anahi, principalmente a sua. Desfaça essas malas. Agora que tudo está nos conformes, eu quero que fique comigo.
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Ruas de Outono
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...