(...)
– Não, eu não posso – Anahi negou, tentando fugir enquanto o homem tentava alcançá-la. Assim que ela apareceu na entrada da vinícola, seu olhar batera com o dele, sem motivo aparente. Uma coincidência. Ela viu dezenas de pessoas, mas aquele homem foi o único que ela, de fato, enxergou. Talvez porque ele era muito mais alto que todos os outros, ou porque tinha os olhos incrivelmente claros. Na verdade, mais possivelmente deveria ser porque havia inúmeras pessoas ao redor dele, embora isso parecesse um detalhe diante dos generosos atributos daquele sujeito.
Apenas míseros segundos depois que seus olhos se cruzaram, ele começou a andar em sua direção. E, logo em seguida, começou a correr quando percebeu que ela recuava.
– Vamos lá! – ele insistiu, sorridente – Isso não dura mais que um minuto.
– Não! Ei! O que você está fazendo?
Confusa, ela o observou apanhar sua mão e retirar sua aliança sem grandes dificuldades, porém com bastante cautela no ato. Isso a deixou profundamente atrapalhada e nervosa.
– Não! Você não pode fazer isso!! Eu vou... – mas ele colocou a joia na frente da boca e fez uma careta. Depois espalmou as mãos para ela. Vazias. Anahi engasgou, de olhos arregalados – Você engoliu a minha aliança?!?! Qual é o seu problema??? Como você... – outra vez ela se interrompeu, assustada, pois ele estava trazendo a mão para o seu rosto. Anahi olhou ao redor. Ela era pura desconfiança, mas as pessoas não estavam preocupadas, tampouco desesperadas como ela. Pareciam ansiosas; excitadíssimas!
Ela tentou se esquivar, mas o homem alcançou sua orelha e acariciou. Anahi enrubesceu, aturdida. E, de repente, lá estava a sua aliança outra vez, nos dedos dele, bem ao alcance dos seus olhos. Ela abriu a boca, fascinada, pegando-a de volta. As pessoas ao redor vibraram, gargalhando.
– O que você me diria se... – disse ele, misterioso, levando uma mão ao coque do cabelo de Anahi. Ela não sabia como, mas ele tirou de lá um lenço vermelho – Desse lenço nascesse uma rosa?
Anahi pensou durante um segundo. Em seguida ergueu o queixo e balançou a cabeça, concisa.
– Impossível.
O homem arqueou as sobrancelhas, fingindo-se de chocado.
– Vocês ouviram isso? Ela me desafiou!
Anahi riu sonoramente, divertida. O homem fechou uma mão em punho e a cobriu com olenço. Ela esperou. Com a ponta de dois dedos, ele agarrou um pouco do tecido e começou a balançar. Então puxando-o de uma única vez, embaixo dele, surgiu uma rosa entre seus dedos. Linda, vermelha e robusta, como se tivesse acabado de ser arrancada, molhada de orvalho, cheirosa. Todos bateram palmas, eufóricos. Anahi definitivamente não podia acreditar!
– Meu Deus!! É incrível! – ela exclamou, encantada – Como você fez isso?
Com um sorriso enigmático, ele se inclinou na direção da loira e ofereceu a flor.
– Não interessa – balançou a cabeça, encarando-a – É para você.
A poucos metros dali, Alfonso observava a cena. Anahi levou a rosa ao nariz e sentiu o cheiro. Ela estava linda, gargalhando, contente. E estava se divertindo. Estava feliz. Sorria como já não sorria para ele. A respiração de Alfonso se alterou e uma sensação horrível encheu seu peito, apertando sua garganta e amargando na boca. Há muito tempo ele não via a esposa assim... Há muito tempo ele não conseguia fazê-la ficar assim.
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Ruas de Outono
Fanfic[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...