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Anahi respirou fundo ao desmontar o cavalo. Os joelhos antecipavam o que viria a seguir, parecendo querer dobrar-se a todo instante.
De acordo com as suas contas, Arthur já deveria estar em Londres, descansando em casa. A ansiedade não permitiu que esperasse passar um coche, de modo que foi até a mansão montando Scorpion, o cavalo que ganhara do tio.
Já havia trabalhadores na labuta e a casa estava muito mais bonita que da última vez. Era de se esperar que fosse feito um trabalho tão maravilhoso.
Ela suspirou, atravessando o caminho dos portões. Ao perguntar pelo proprietário, foi encaminhada por uma subordinada até a sala de estar.
– Arthur já retornou a Londres? – Anahi tentou saber. A criada lhe lançou um rápido olhar, de cenho franzido, conforme caminhava rapidamente até o salão da mesa de refeições. Seus passos eram curtos e rápidos e Anahi esforçava-se para acompanhá-la, conforme prestava atenção em todos os seus trejeitos para entender se Arthur estava realmente ali ou não, se havia ordenado que não recebesse visitas, ou se a mulher estava fingindo não entendê-la.
Tomada pelo susto, a loira achou que fosse desmaiar quando as duas adentraram o salão de refeições num rompante e Alfonso elevou os olhos para fitá-la. Estava sozinho, sentado a imensa mesa. O rosto trazia mistério, deixando-a sempre com a impressão de que ele arquitetava coisas em sua cabeça maléfica enquanto olhava para ela.
– Bom dia, Lady Bennington – disse ele, erguendo-se. Esfregou as mãos num guardanapo, puxou uma cadeira ao seu lado e a apontou com as mãos – Sente-se e me faça companhia. Por favor.
A falsa gentileza só denotava o sarcasmo no tom de voz de Alfonso. E ela não podia culpá-lo. Enquanto ele se sentia vitorioso quanto ao seu retorno, ela se sentia em completa desvantagem. Mas apesar disso, ergueu o queixo com altivez.
– Arthur poderia descer até aqui?
Ele riu.
– Sente-se e com certeza conversaremos sobre isso.
– Preciso conversar com Arthur, não com você – explicou impacientemente.
– É uma pena – Alfonso lamentou, pondo-se a mesa novamente – Ele não voltou.
– Mas... – Anahi gaguejou, desolada – Você disse que levaria um pouco mais de uma semana. Eu precisava tanto...
– Sinto muito – deu de ombros enquanto Anahi sentia-se afundar em frustração, precisamente agora que ele sequer olhava para ela e não parecia disposto a oferecer-lhe uma segunda alternativa. Se ele pudesse mencionar aquela carta outra vez...
Esquecendo-se das implicações que aquilo trazia, Anahi caminhou até a mesa e puxou a cadeira mais distante para se sentar, levando-o a erguer os olhos para encará-la. Havia satisfação em suas feições, ela percebeu, disposta a ignorar aquilo. Mas a risada rouca e divertida que ele deu logo depois era demais! Então bufou, mal humorada.
– Quero mandar uma carta – disse sem olhá-lo.
Alfonso a observou por um minuto, em silêncio. Ela não estava lhe pedindo, embora não se encontrasse na posição de dar-lhe uma ordem. Ele pensou em lembrá-la disso, mas não queria afugentá-la de vez.
– Como queira, Lady Bennington – disse ele, cortês, balançando a sineta sobre a mesa. A mesma criada que a recebeu apareceu imediatamente – Traga-me papel e um tinteiro.
Anahi pigarreou.
– Bem, o que você faz aqui na mansão?
– Eu tomo conta dela.
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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...