Capítulo 008

991 65 7
                                    

(...)

- Eu não vim até aqui para falar com você. Nem sabia que estava aqui - Anahi disse, admitindo outra vez sua atitude autoritária - É bom que abra a porta e me deixe sair.

- Não posso entender porque muda de postura quando estou com você, Ana. Andam fazendo comentários maldosos e mentirosos a meu respeito a ponto de aborrecê-la?

Ela riu, debochando de Alfonso.

- Eu sequer sabia da sua existência até alguns dias atrás. Não seja absurdo!

- Então o que veio buscar aqui em meu escritório sozinha? - perguntou, descontraído. Era claro que estava se divertindo. Anahi cerrou os punhos, torcendo para que sua tensão estivesse imperceptível. Ela já tinha ouvido histórias assombrosas sobre o que um homem rejeitado era capaz de fazer e não queria nem sonhar que isso lhe ocorresse.

- A única coisa de que preciso é falar com Arthur - explicou. Nesse momento o sorriso de Alfonso sumiu gradativamente de seu rosto.

- Como disse?

Anahi abriu a pequena bolsa que carregava e de lá tirou um pedaço de papel.

- Arthur - repetiu, enfática, exibindo-o a Alfonso. Era uma fotografia e era ainda mais primitiva do que as primitivas mais atuais. Estava embaçada, em preto e branco, e nela se enxergava uma mulher, de pequena estatura, sendo abraçada por um homem bem mais alto que ela. Alfonso estendeu os dedos para pegá-lo, mas Anahi o guardou de volta, fazendo-o erguer os olhos para ela - Onde ele está?

Herrera pigarreou.

- Ainda não consigo entender sua intenção.

- Você não tem que entender minha intenção, Sr. Herrera, lamento - respondeu, irritada - Não tenho assunto algum a tratar com você. Apenas me diga onde Arthur está. Se você não sabe, então eu devo continuar a procurar sozinha.

- Ele não está aqui.

- Então onde?

A interrogativa de maneira dura inverteu os papéis do jogo, agora era Alfonso quem assumia o papel defensivo, cauteloso. E isso estava errado, uma vez que ele deveria induzi-la a dizer o que pretendia fazer ali. Com Anahi eternamente a espera de um homem que estava enterrado a sete palmos do chão, ele nunca saberia o motivo pelo qual ela precisava encontrá-lo com tanta ansiedade.

- Ele está em Nova York - disse simplesmente, sentando-se atrás de sua mesa, parecendo despreocupado. Ouviu Anahi suspirar. Abriu uma gaveta e retirou um papel em branco - Demorará um pouco mais de uma semana. Mas você pode escrever uma carta ou simplesmente deixar um bilhete para quando ele voltar.

A loira pareceu apreensiva. As duas pequenas mãos entrelaçadas de frente ao corpo, segurando a bolsa, torturavam-se mutuamente. A dúvida martelava em sua mente, então ela decidiu ser honesta:

- Eu não confio em você.

Alfonso riu, erguendo-se da poltrona. Os traços viris do corpo másculo provocaram um palpitar indesejado que escandalizou Anahi. Reagia a ele o tempo todo! Era um absurdo!

Ele lhe disse calmamente:

- É uma pena, Lady Bennington, porque eu poderia realmente fazer-lhe este favor.

- Já não tenho mais o que dizer. Dê-me a chave da porta para que eu possa ir embora.

Aquilo não era um pedido. Anahi ficou rígida, ultrajada, com uma mão espalmada em direção a Alfonso que se aproximava sem nenhuma pressa. Ele gostava de vê-la de longe, mas de perto era ainda melhor. Aquela mulher era linda. Era genial. Uma verdadeira pimenta que se sobressaía ao seu paladar muito acostumado ao doce.

Ruas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora