(...)
- Eu não vim até aqui para falar com você. Nem sabia que estava aqui - Anahi disse, admitindo outra vez sua atitude autoritária - É bom que abra a porta e me deixe sair.
- Não posso entender porque muda de postura quando estou com você, Ana. Andam fazendo comentários maldosos e mentirosos a meu respeito a ponto de aborrecê-la?
Ela riu, debochando de Alfonso.
- Eu sequer sabia da sua existência até alguns dias atrás. Não seja absurdo!
- Então o que veio buscar aqui em meu escritório sozinha? - perguntou, descontraído. Era claro que estava se divertindo. Anahi cerrou os punhos, torcendo para que sua tensão estivesse imperceptível. Ela já tinha ouvido histórias assombrosas sobre o que um homem rejeitado era capaz de fazer e não queria nem sonhar que isso lhe ocorresse.
- A única coisa de que preciso é falar com Arthur - explicou. Nesse momento o sorriso de Alfonso sumiu gradativamente de seu rosto.
- Como disse?
Anahi abriu a pequena bolsa que carregava e de lá tirou um pedaço de papel.
- Arthur - repetiu, enfática, exibindo-o a Alfonso. Era uma fotografia e era ainda mais primitiva do que as primitivas mais atuais. Estava embaçada, em preto e branco, e nela se enxergava uma mulher, de pequena estatura, sendo abraçada por um homem bem mais alto que ela. Alfonso estendeu os dedos para pegá-lo, mas Anahi o guardou de volta, fazendo-o erguer os olhos para ela - Onde ele está?
Herrera pigarreou.
- Ainda não consigo entender sua intenção.
- Você não tem que entender minha intenção, Sr. Herrera, lamento - respondeu, irritada - Não tenho assunto algum a tratar com você. Apenas me diga onde Arthur está. Se você não sabe, então eu devo continuar a procurar sozinha.
- Ele não está aqui.
- Então onde?
A interrogativa de maneira dura inverteu os papéis do jogo, agora era Alfonso quem assumia o papel defensivo, cauteloso. E isso estava errado, uma vez que ele deveria induzi-la a dizer o que pretendia fazer ali. Com Anahi eternamente a espera de um homem que estava enterrado a sete palmos do chão, ele nunca saberia o motivo pelo qual ela precisava encontrá-lo com tanta ansiedade.
- Ele está em Nova York - disse simplesmente, sentando-se atrás de sua mesa, parecendo despreocupado. Ouviu Anahi suspirar. Abriu uma gaveta e retirou um papel em branco - Demorará um pouco mais de uma semana. Mas você pode escrever uma carta ou simplesmente deixar um bilhete para quando ele voltar.
A loira pareceu apreensiva. As duas pequenas mãos entrelaçadas de frente ao corpo, segurando a bolsa, torturavam-se mutuamente. A dúvida martelava em sua mente, então ela decidiu ser honesta:
- Eu não confio em você.
Alfonso riu, erguendo-se da poltrona. Os traços viris do corpo másculo provocaram um palpitar indesejado que escandalizou Anahi. Reagia a ele o tempo todo! Era um absurdo!
Ele lhe disse calmamente:
- É uma pena, Lady Bennington, porque eu poderia realmente fazer-lhe este favor.
- Já não tenho mais o que dizer. Dê-me a chave da porta para que eu possa ir embora.
Aquilo não era um pedido. Anahi ficou rígida, ultrajada, com uma mão espalmada em direção a Alfonso que se aproximava sem nenhuma pressa. Ele gostava de vê-la de longe, mas de perto era ainda melhor. Aquela mulher era linda. Era genial. Uma verdadeira pimenta que se sobressaía ao seu paladar muito acostumado ao doce.
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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...