(...)
Mas Annie ficou muda, os olhos cravados nos de Alfonso, lançando uma acusação em silêncio ao mesmo tempo em que denunciavam quão entristecida estava. Ela viu quando, com um aceno de cabeça, ele pediu que Judith saísse. E a morena obedeceu, servil e maliciosa e, mesmo que Anahi não estivesse virada para ela, sentia os olhos venenosos sondando-a em forma de provocação.
– Como eu devo te abraçar quando você está me olhando dessa forma? – ele perguntou, aproximando-se.
Anahi baixou os cílios, fitando as próprias mãos. Ela havia acordado sem Alfonso, passaram-se horas, e agora o encontrava ali. A fraqueza estivera evidente desde o momento que vira os dois juntos e tentar escondê-la agora não estava sendo eficaz.
– O que você estava fazendo?
– Esperando por você – Alfonso respondeu e Anahi soltou uma risada amarga, sacudindo a cabeça.
– Percebi.
De repente ela começou a passar o dorso da mão abaixo do nariz e Alfonso ergueu seu rosto pelo queixo, observando como começava a ficar vermelho. Mas então ele se inclinou e beijou sua testa, depois os olhos, depois a boca, onde se demorou mais.
– Você deveria usar essa mente fértil somente a nosso favor – disse ele, massageando a nuca tensa de Anahi – Não sabe a prima que tens, Ana?
Ela ergueu os olhos, confusa.
– O que quer dizer?
– Que ela estava pulando em meu pescoço, anjo.
– E você não gosta de uma mulher pulando em seu pescoço, Alfonso? Parecia gostar.
– Anahi – ele riu, esfregando o nariz ao dela, mas com os olhos verdes fixos nos azuis brilhantes – Tenho quem faça isso, caso precise – depois mordiscou-a no lábio inferior – Senti sua falta. Gostaria de ter visto você acordar – Anahi pensou em desviar o olhar, mas Alfonso o caçou – Mas você estava tão bonita dormindo...
Ela ruborizou, tentando não sorrir tão abertamente como uma tola. Mas era impossível. Sobretudo quando Alfonso a aconchegou contra seu peito. Tão relaxante, tão confortável... Melhor que isso só se ele a beijasse. O que não podia acontecer enquanto eles estivessem ali, a mercê de Judith, de Dulce, dos seus tios.
Como de costume, Margareth serviu algo a Alfonso. Depois ele engatou um jogo de xadrez com John, mas o mais velho acabou desistindo de tentar vencê-lo, usando a desculpa de que estava na hora de Anahi ir a seu passeio. Então Alfonso a levou dali. Foram para o celeiro, sairiam para montar. A loira mirava apenas os próprios pés conforme atravessavam a grama, mas o sorriso não saía de seu rosto. Não conseguia parar.
Alfonso abriu o portão de madeira e deu passagem para ela. Mas antes mesmo que terminasse de fechá-lo as mãos de Anahi já estavam em seus ombros, apoiando-se para que, na ponta dos pés, ela conseguisse alcançar a sua nuca. Ela o beijou com suavidade e ele foi acometido por um arrepio absolutamente excitante. Riu sonoramente antes de virar-se para ela, tomando-a pela cintura. As bocas se encontraram com ansiedade, como se fosse uma fome, torturando-se mutuamente. Fora por isso que ele ansiara. Por aqueles gestos incontidos, aquela exigência silenciosa. Ela o agarrava nos braços e ele em sua nuca, enfiando os dedos sob os cabelos macios, que logo deslizaram do coque, caindo em ondas.
Anahi enrolou os quadris de Alfonso com suas pernas, sentindo a ereção dele contra sua intimidade. Era uma vertigem tão gostosa que só soube que já estava nos fundos do celeiro quando bateu as costas contra uma pilha de blocos de feno. Suspirou quando ele começou a beijá-la na base do pescoço, sugando a pele, marcando-a com os dentes. Mas em vez de continuar a exploração, Alfonso ergueu seus olhos verdes para ela.
As pequenas aberturas acima do portão não permitiam a entrada de muita luz, mas ele ainda conseguia vê-la nitidamente. Anahi tinha uma beleza que penumbra nenhuma encobriria. Os olhos azuis profundos, hipnotizantes e inocentes, brilhando de luxúria. O sorriso que ela lhe dirigia, expectante por saber que fariam amor outra vez. O sorriso... Um sorriso sem ambiguidade. Esse era um dos seus maiores feitos. Era a demonstração de que
– Se houvesse sorrido dessa forma desde a primeira vez, não teríamos tido tantos problemas – disse Alfonso, emoldurando os lábios inchados de Anahi com o polegar – Não teríamos perdido tanto tempo. Eu não teria passado tantos dias torturado por só conseguir pensar em você, Ana.
Anahi ofegou.
– Quero fazer amor contigo de novo, Alfonso – a voz aveludada dela era um murmúrio suplicante. Ela fechou os olhos e roçou os lábios sobre os dele – Quero fazer amor contigo.
Era o suficiente. Com um pouco mais de força, Alfonso fez a primeira coluna de blocos virar, espalhando-se no chão. Anahi caiu, sendo amortecida pelo feno, e Alfonso caiu por cima dela. A gargalhada feminina ecoou no celeiro, sendo abafada um segundo depois pela boca de Alfonso. Ela se agarrou a ele, abrigando-o entre as pernas. Deixou que ele tirasse seu vestido, que beijasse todo seu corpo, que passeasse com as mãos pelos recantos mais escondidos. E fez o mesmo, explorando, conhecendo, avaliando os pontos fracos de Alfonso. Ela tomou a iniciativa de sentar-se sobre ele e tomá-lo inteiro dentro de si. E gostou. Ele sorriu para ela, acariciando sua barriga, apertando sua cintura, suas coxas... Ela tinha os olhos turvos mas podia ver, hipnotizada, que ele afundava a cabeça para trás cada vez que ela se movia, gemendo. E isso durou muito tempo. Tudo aconteceu ali.
Quando acabou, Anahi estava exaurida, mas tinha um sorriso no rosto, enquanto Alfonso sentia-se infinitamente perdido entre dor e prazer. Os dois fitavam as telhas de madeira, respirando profundamente.
– Se nos pegarem aqui... – ela riu, corando ao sentir-se subitamente consciente de sua nudez – Estaremos mortos.
– Posso resolver isso – disse ele, erguendo-se. Puxou Anahi pela mão e entregou seu vestido, que agora não passava de um bolo amassado sujo de feno. Ela se vestiu depressa já que ele fazia o mesmo.
– Aonde você vai, por Deus? – perguntou vendo-o abrir a porteira de Scorpion – Calma!
– Dê a ele o que precisa para que nos leve para a mansão.
Anahi balançou a cabeça negativamente, rindo. Mas eles foram, ela não hesitou. Saíram com Scorpion em disparada, cortando a grama. Teriam a tarde inteira juntos. O tempo que fora permitido para que Anahi passasse fora, ela queria passar nos braços de Alfonso.

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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...