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Gotas de suor brotavam na testa de Alfonso quando ele a encostou a de Anahi, encarando-a. Ele ofegava ruidosamente e Anahi ainda mais, devastada pela intensidade de sensações que nunca imaginou conhecer, aquelas as quais não conseguia resistir. Ela fechou os olhos e respirou profundamente, os dedos trêmulos enterrados nos cabelos de Alfonso, puxando-os. Os corações de ambos estavam disparados violentamente enquanto se exploravam.
Antes que se recuperasse, porém, ele moveu os dedos sobre ela com destreza, em círculos, e Anahi franziu o cenho, apertando os lábios para refrear o gemido que rasgou sua garganta.
– Não, Ana – ele disse com a voz irregular, mas ainda forte o suficiente para dar aquela ordem – Você não vai controlar. Eu quero ouvir.
Então Alfonso fez com mais intensidade e ela abriu a boca, soltando um suspiro lânguido, torcendo até os dedos dos pés para se conter. Mas o mínimo esforço de Alfonso, para ela, era o suficiente. Um segundo depois, não mais suportando, Anahi estava gemendo, chamando o nome dele, envolvida em uma vertigem elétrica que varria seu corpo em ondas, desligando-a do mundo.
Alfonso grunhiu, excitado, enterrando o rosto no pescoço de Anahi para puxar sua pele com a boca a fim de marcá-la. Ele queria percorrê-la inteira com as mãos, com a boca, com a língua. Sem calma, com pressa. Queria apertá-la nos braços quando estivesse dentro dela. A brincadeira que o havia entretido durante a manhã só estava servindo para deixá-lo ainda mais descontrolado.
De certo quem os pegasse naquele estado, naquele lugar, sofreria um ataque cardíaco fulminante. A camisa de Alfonso estava aberta, pendendo em seus ombros. Seu peito trazia marcas de unhas, assim como suas costas, onde Anahi enfiava os dedos numa tentativa ensandecida de mostrar como se sentia. Quanto a ela... Os botões em seu decote estavam abertos, de modo que, para que Alfonso tivesse acesso a seus seios, não precisaria de muita determinação. E ele tivera. Oh, como tivera. Havia segurado-os na palma da mão com ganância, engolindo em seco cada vez que, em resposta, ela se contorcia. Era a coisa mais sensual que ele já havia visto na vida justamente porque ela não tinha a intenção de ser.
Quando Alfonso os levou a boca, Anahi pensou que o sangue em suas veias estivesse a ponto de ferver. A pele alva ganhou uma coloração avermelhada; os mamilos rosados tornavam-se cada vez mais sensíveis; entre as suas pernas algo deveras interessante acontecia. E Alfonso parecia entender melhor que ela mesma, uma vez que traçou estratégias para driblar a saia do vestido e também a roupa de baixo, tocando-a sutilmente com a ponta dos dedos.
Anahi entrou em combustão, sussurrando palavras desconexas. Estava tão longe que não pensava em voltar. A partir daquele ponto só iria adiante.
– Alfonso... – ela chamou em um devaneio, sentindo a boca dele sondar sua orelha, os dedos acariciando sem parar – Alfonso, eu não vou aguentar!
Ela mal acabou de fechar a boca e teve de abri-la outra vez. O que se seguiu foi um grito de prazer. Arrebatador e sufocante. Anahi convulsionou, afundando as unhas nas costas dele, por baixo da camisa. O que sentia era imensurável, maravilhoso!
Alfonso largou-se ao lado dela, cansado. Seus músculos tremiam tamanha a força empregada para se sustentar, mas, sobretudo, para se conter. Anahi abriu os olhos, erguendo-os para os raios de sol que se infiltravam por entre galhos e folhas acima. E fitou-os, atônita, por longos segundos antes de finalmente se endireitar, sentando-se. Os cabelos já não eram os mesmos de quando se aprontou para vê-lo: estavam revoltos e cheios de grama. Sem mencionar a sua roupa amassada. Sem falar, também, em como sentia o próprio corpo de uma maneira diferente.
– Alfonso, eu... – ela murmurou, juntando bem as pernas. Em seguida fletiu os joelhos e franziu o cenho – Eu estou molhada.
Herrera a encarou quase em choque, perdendo outra vez o compasso da respiração. Mas Anahi tinha uma breve ruga na testa. Estava confusa; era pura ingenuidade.
– Deus – ele gemeu, atordoado. Fechou os olhos e começou a massagear as têmporas – O que acabou de me dizer não vai me deixar dormir a noite, Ana.
Anahi também não ia dormir, ela tinha certeza. Todas as zonas erógenas de seu corpo palpitavam e era surpreendente que, depois de acabado, experimentasse mais curiosidade que arrependimento. Ela confiou a Alfonso o acesso ao seu corpo, a coisa mais íntima que possuía, confrontou todas as suas próprias convenções. E ele respeitou o seu limite. Agora se sentia nas mãos da pessoa certa.
– Eu quero terminar – disse ela – Quero terminar isso com você. Você pode ir ao meu quarto hoje a noite. Pode, não sei, entrar pela janela – riu de nervosa, arrumando os cabelos atrás da orelha. Alfonso piscou. Definitivamente, não podia acreditar que aquela manhã estivesse acontecendo. Era melhor do que em seus planos.
– Tem certeza? – ele perguntou.
– Não – ela sussurrou.
Sentiu as bochechas corarem violentamente quando ele sorriu, se aproximando. Então desviou o olhar, mas ele o trouxe de volta, segurando-a pelo queixo. Ele cobriu os lábios dela com os seus, de maneira hábil e doce. Beijou-a de uma forma que não deixava espaço para dúvidas: naquela noite, ela seria de Alfonso.
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Anahi observava o pôr do sol da janela de seu quarto. Era a noite que estava vindo. Uma noite cheia de promessas prestes a se cumprirem. O simples pensamento fazia brotar um calafrio em sua espinha.
Ela não conseguia acreditar no convite que fizera a Alfonso. Diante do nervosismo, agora parecia que a manhã havia acontecido há décadas atrás em vez de poucas horas. Não se recordava das palavras que usara, nem que expressão tinha no rosto, ou onde colocou as suas mãos. Mas supunha o que a levara a fazer aquilo... Foi Alfonso. Ele a deixara enlouquecida. Era sua principal característica: enfeitiçá-la.
Contudo, agora sozinha, tendo a oportunidade de finalmente raciocinar, Anahi se mostrava cruelmente arrependida. Por isso estava deixando a janela bem trancada, coberta pela cortina. Alfonso não ia conseguir entrar e depois ela poderia lhe dizer que, cansada, dormiu profundamente, não ouviu nada.
Ela tomou um banho demorado, enrolou-se numa toalha e, de frente a penteadeira, começou a pentear os cabelos. Não sentia sono, mas pretendia se deitar cedo para que dormisse logo. Estava aplicando uma loção em seus braços quando a porta se abriu e revelou Alfonso no lado oposto do quarto.

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Ruas de Outono
Fanfic[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...