(...)
– Bom dia – Uckermann disse, com uma expressão desconfiada no rosto – Estava passando pela estrada e acabei de vê-las descendo da carruagem e vindo até aqui. Só fiquei um pouco... – ele hesitou, passando os olhos pela toalha estendida na grama e em Dulce sentada sobre ela, com um rosto chocado e pálido. Depois encarou Ian que, tenso, simplesmente enfiou as mãos nos bolsos, esperando. Não queria dizer nada, pois qualquer atitude sua podia prejudicar as duas. Anahi ficou estática, porque não havia nada que pudesse fazer. Então Christopher olhou para ela, de cenho franzido – Um pouco preocupado. Achei que esse lugar seria isolado demais para sua segurança e Alfonso ficaria transtornado se algo acontecesse a você.
– Ele te mandou vir aqui? – Anahi gemeu, temendo a resposta.
– Não – Christopher respondeu, analisando a loira – Estão fazendo um piquenique?
– É... Sim – ela disse – Quer dizer, não. Não é um piquenique.
Uckermann torceu a boca. Aquilo parecia cada vez mais confuso.
– Então o que os três vieram fazer num lugar assim?
– Isso é só... É só... – Anahi desviou os olhos, olhando com desespero para a maldita comida sobre a maldita toalha. Como ela podia explicar que aquele completo cenário de piquenique, na verdade, não era um?
– É um piquenique sim – Dulce protestou, erguendo-se. Christopher olhou para ela com a sobrancelha erguida, por isso não percebeu o momento em que Anahi arregalou os olhos e começou a gesticular – Tudo bem, Annie, eu vou contar.
Anahi franziu o cenho, mal podendo acreditar no que ouvia. Lentamente ela retomou a postura, os músculos fracos, porém seu rosto estava contorcido de incredulidade. Os segundos que se passaram até que Dulce finalmente estivesse frente a frente com Christopher foram infinitos. Annie simplesmente olhava aquilo, profundamente decepcionada, tão boquiaberta quanto no momento em que o advogado os pegou. Dulce não podia estar fazendo aquilo, não podia contar... Anahi não via saída para aquela enrascada, mas entregar o jogo era covardia, sobretudo um jogo que não era dela.
– Eu pedi que Anahi viesse comigo – a ruiva começou, parecendo nervosa demais – Era a única maneira de encontrar Ian. Sem ela, eu não posso vir e não posso vê-lo – mentiu, lívida de apreensão. Anahi abriu a boca, sem voz, pondo uma mão sobre o peito. De repente os pulmões pareciam menos comprimidos e ela conseguiu respirar livremente. Sobre Ian não se podia dizer o mesmo... Ele estava pasmo.
– Vocês estão se encontrando? – Christopher perguntou, alarmado – Aqui?!
– É. Isto é, claro que ninguém sabe que estamos aqui, mas Anahi tinha que estar comigo caso alguém nos visse. Como você nos viu hoje... – a ruiva explicou, constrangida – Você não vai contar para ninguém, vai?
– Alfonso sabe disso?
– Não! – ela se apressou em gritar. Anahi perdeu mais cor – Não, ninguém! Agora além de nós, só você sabe. Bem... Anahi tentou me convencer a deixá-la contar para ele, pois isso poderia metê-la em problemas, mas eu sinto vergonha. Ela prometeu guardar esse segredo para mim – e virou para a loira que simplesmente escutava, paralisada – Não é, Anahi?
– Sim! – ela assentiu depressa, despertando de um transe de alívio profundo – Sim, sim. Claro, Dulce, claro.
A ruiva sorriu, tímida, no entanto nada ali era feliz.
– Obrigada, Annie.
– Eu quem te agradeço!! – Anahi exclamou, afoita – Digo... Sou eu quem fica feliz por você, Dul.
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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...