Capítulo Treze - Entre Fogo e Gelo

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As horas fluíram tal como a correnteza de um rio; momentos rápidos em dias chuvosos ou lentos na aridez do verão. Os ensinamentos abstraiam-se em mente de Typson com excelente excitante naturalidade. Fato que aprendera como produzir o fogo, fazê-lo crescer e expandi-lo. Aprendera a modificá-lo a seu bel-prazer, a dar-lhe forma, velocidade, corpo e resultante impacto. O cometa de fogo fora o inicial, para em seguida aprender a guiar respectiva energia em seu comando. Aprendera, ou melhor, aperfeiçoara sua defesa com novas evasivas ensinados por sua irmã. Aprendera como a extinguir uma chama, de acordo feito do mago com peculiar paciência e palavras repetidas. O tom de voz do grande homem alternava nos exatos momentos de advertência e gratificações, sujeitos essas à Typson e a Ana a aprenderem o habitar do mago.

Próximo do pico do dia, Typson praticamente manejava referido elemento com maior perícia. Ana, como sua adversária de treino, observava o evoluir de seu irmão, a sorrir constantemente em cada conquista realizada com certo nível de aceitação. Os irmãos travavam uma batalha justa e relativamente nivelada, todavia Typson não obtivera ganho contra a experiência de Ana, perdendo para ela em todas as tentativas. Mesmo assim, Typson orgulhava-se mesquinhamente de si ao descobrir algo outrora dormente dentro de si; um objetivo específico em sua vida.

Ana e Typson ao sentarem-se no centro do sobre-nível completamente exaustos e famintos, observaram o ausentar de grunhidos e berros de lutas concluindo pensamento ao verem alguns pares de jovens caminharem em direção a porta com ávido ânimo. Estes conversavam, riam e os homens repousavam os braços nos ombros de algumas jovens. Ana e Typson entreolharam-se a segurar seus estômagos pela fome que sentiam.

– Você foi ótima, Ana. Foi demasiada bela e poderosa. – Sorrira Typson com seu estômago a roncar. – E quem poderia imaginar? Anabell Donavan a manipular o fogo. Parece-me um absurdo.

– Pela Esfera, o que seriam dos garotos do vilarejo se eu soubesse de tudo que sei agora. – Sorrira docemente. – Eu era uma criança impertinente, não era?

– A pior delas. Sortudo era eu de ter sua amizade. – Empurrara-a com o ombro. – Eu sou não idiota, é claro.

– Ah, seu oportunista! Cativou-me para usufruir de minha proteção?! Nunca que imaginaria isso de você, Typson? – E sorrira como nunca. Ambos fizeram.

– Estou faminto. E você Ana?

– O que você acha? – Retrucara a se levantar. – Vamos comer alguma coisa. Aqui embaixo sempre se dá para encontrar uma sopa, ou um pão a se dividir.

– E o senhor? Virá conosco?

– O que disse, jovem? – Levantara-se o mago, que estava a observar com longínquo carinho os dois irmãos. – Convidam-me?

– Sim, senhor. – Afirmara Typson com entusiasmo. – Apenas desconheço como que obteremos comida aqui. – E olhara ao seu redor

– Ah, mas sempre se há alguém. – Dissera o mago com humor. – É preciso apenas que...

O sorriso do grande homem desvanecera. Este estagnara-se ereto a modificar sua expressão para uma dureza fria e amedrontadora. Subira e descera seu bordão a repicá-lo no chão; logo as chamas próximas que crepitavam nas tochas sulcaram em direção ao mago, envolvê-lo num redemoinhar, fazendo com que o robusto homem desaparecesse.

Typson e Ana sequer acreditariam no que acabaram de ver se não fosse pelo chão chamuscado como prova do ocorrido. Um curto silêncio perdurou devido espanto de estranho vanescer.

A Jornada de um Assistente e a Esfera da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora