Olhos Místicos

O Segredo do Beta

Caímos no sono de madrugada, tranquilos apesar dos perigos que rondavam aquele local e nossas vidas conturbadas. Pela manhã, Scott me acordou bem cedo ansioso para me mostrar alguma coisa: o broto da árvore que tinha menos de um metro de altura quando chegamos e parecia uma planta de jardim, media agora três metros e meio de altura, com largura de quase um metro, crescendo vigorosamente rumo ao ponto mais alto na copa das árvores daquela floresta. Ponderamos sobre o que poderia ter causado o supercrescimento e acabei concordando que era por conta da estranha luz amarelada que só eu conseguia enxergar, mas não era visível durante o dia nem mesmo para mim. Decidimos passar mais um dia ali, já que tínhamos comida e água suficiente, então ele ligou para Ethan e Jackson avisando, uma vez que o próximo turno seria deles. Averiguamos as redondezas e de cima de uma área um pouco mais alta conseguimos ver a fumaça de um dos acampamentos dos Argent – confirmado pela visão de longa distância que meu alfa possuía.

Nos banhamos em um pequeno lago que encontramos não muito longe do Nemeton ao explorar o local e enquanto brincávamos como crianças nas águas do pequeno regato, fiquei pensando em como a vida parecia feliz e boa, longe de todo o sangue, medo, perseguição e morte que sempre me acompanharam. Tentei afastar tais pensamentos para não estragar aquele dia incrível e me perdi olhando Scott se banhar nas águas rasas daquele lugar, usando apenas uma boxer branca que ficava muito sexy molhada em seu corpo definido e maravilhoso. Meu corpo maravilhoso – pensei – e não pude deixar de sorrir sozinho como um bobo. Ao contrário do dia anterior, onde as horas se arrastaram até o momento de vir para cá com meu alfa, esse dia passou voando e nós mal percebemos, voltando para perto da árvore mística quando começava a escurecer.

O combinado era que Jackson e Ethan rendesse a gente na vigília logo pela manhã, quando voltaríamos à zona urbana de Beacon Hills de moto. Nenhum sinal de Titus e seus asseclas ainda, para nossa sorte e tranquilidade. Parece que seria apenas mais uma noite tranquila de namoro com muito sexo selvagem. Surpreendemo-nos ao encontrar o Nemeton quase com cinco metros de altura e Scott resolveu tirar mais fotos para registrar aquilo – ele já havia tirado algumas pela manhã com seu celular. – Comemos o resto da comida apenas para não desperdiçar, já que nenhum de nós estava com fome e nos sentamos no lençol recostados em uma árvore próxima para não atrapalhar o crescimento mágico da árvore protegida.

– Tem algo que queria te contar sobre Lydia – me lembrei da cena com o vulto negro da morte e um calafrio percorreu todo meu corpo.

– Ela parecia bem quando saímos – respondeu ele – e insistia em se desculpar com você pelo grito que quase o matou, mas achei melhor fazer isso outra hora.

– Acho que seria melhor se você visse – falei sorrindo e ele já sabia o que fazer.

– O que foi aquilo? – Scott perguntou espantado depois de sair de minha cabeça, onde ele assistira a cena que eu presenciei na cozinha com Lydia e sua mãe.

– Eu não sei – respondi me sentindo inútil – mas parecia com a definição da morte, em filmes e quadrinhos.

– Lydia nunca me falou disso, não acho que seja parte do dom dela.

– Acha que algo ou alguém enviou aquilo de alguma forma? – perguntei assombrado imaginando que tipo de ser maligno teria poder para tal coisa.

– Talvez, precisamos descobrir isso. Vamos falar com Deaton a respeito quando ele voltar do encontro com os sábios. O que você fez com ela? Parece ter funcionado, fez a coisa se afastar.

– Poder de cura – falei com um sorriso, não me sentindo mais inútil – acho que a morte não gosta de coisas relacionadas à vida.

– Você me surpreende cada dia mais – ele disse com um sorriso e me atacou com um beijo ardente e demorado.