Éramos Seis

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Consegui enrolar Maltec até bem perto da hora de Scott e Melissa chegarem, não queria que ele viesse até em casa enquanto eu estava sozinho e tentasse levar Amanda na ausência de meu alfa. Quando finalmente revelei que a gente tinha salvado sua irmã de Jordan e que estava aqui na casa dos McCall, ele parou de responder e imaginei que estava vindo em busca dela. Como o filho da dona da casa estava de moto e já passava do horário dele voltar do trabalho, imaginei que chegaria primeiro.

Eu estava no quarto sem olhar para a janela, esperando ouvir o som da Triumph Tiger 900 chegando com seu ocupante especial, mas acabei tomando um susto quando Maltec entrou no cômodo sem usar a porta e fiquei imaginando como ele tinha subido, já que não possuía mais poderes sobrenaturais e aquela janela ficava há quase quatro metros do chão, sem nada que ajudasse na subida.

– Onde está ela? – Ele perguntou aflito. – Estamos sozinhos? – Abriu um sorriso safado olhando em volta.

– Você esperou tanto tempo – falei preocupado – não vai morrer de esperar mais uns minutos até Scott chegar.

Ao invés de me responder, ele escutou, como se tivesse audição sobrenatural. Rápido como um raio saiu pela porta do quarto e eu fiquei imaginando como conseguira aquilo, já que certamente não estava apenas humano naquele momento. Me lembrei de que sua irmã era capaz de fazer magia e em suas memórias, ela havia ajudado o rapaz com sua sede de sangue e amplificado seus dons de vampiro, agora perdidos para sempre. Saí logo atrás dele e gritei assim que chegou na porta do quarto de hóspedes.

– Pára, tá trancado. Ela não lembra de nada e está muito assustada.

– É meu dever cuidar dela! – Maltec colocou a mão na maçaneta enquanto falava – E eu tô com saudades.

– Se afasta dessa porta – disse Scott entredentes, já ficando de olhos vermelhos, perto da escada que entrava no corredor – você é surdo?

Meu coração parou naquele instante. Maltec tirou a mão da maçaneta e vi suas garras esbranquiçadas, seus olhos sobrenaturais de coloração clara e não tinha certeza se era amarelo ou um verde bem desbotado. Scott colocou suas garras para fora e começou a se aproximar devagar, correu em seguida e desferiu um ataque no outro com as garras, mas ele saltou impossivelmente alto e girou por cima do alfa, caindo do outro lado de suas costas, atacando com um golpe horizontal, na intenção de cortar a garganta dele, que se virou e desviou com um salto para trás, também muito veloz. O combate no corredor seguiu intenso, com Maltec muito rápido tentando atingir Scott com suas garras, mas mesmo quando acertava, não conseguia causar dano suficiente para derrubar o alfa, que ficava cada vez mais furioso.

O jovem meio asiático parecia se cansar, então abaixou como se concentrasse e seus olhos brilharam mais forte. No instante seguinte ele "piscou", sua imagem se tornou invisível por meio segundo e na outra metade daquele tempo mínimo, surgiu bem perto do alfa genuíno, rasgando seu peito com cinco ataques das duas mãos, em uma velocidade tão alta que eu não consegui perceber todos os golpes. O alfa atingido tentou um ataque duplo com ambas as mãos, mas ele saltou para trás valendo-se de sua impossível velocidade e agilidade. Investiu novamente e uma vez mais sua imagem desapareceu por meio segundo, mas nesse mesmo meio instante, Scott rugiu.

Eu nunca tinha visto meu alfa genuíno rugir com tanta ferocidade, nem tão alto. Por alguns segundos enquanto ele emitia aquele som poderoso e grave, senti o ar mais pesado e tudo parecia tremer, como se a própria realidade ondulasse diante de meus olhos. Aquilo não me causou medo, pelo contrário, me senti incrivelmente bem disposto e um pouco excitado com tamanha demonstração de força e fúria. Aquele rugido atingiu Maltec de tal forma, que por um segundo eu achei que ia se quebrar como vidro ao se tornar visível. Ele caiu no chão sobre os joelhos e enterrou a cabeça nas mãos, tremendo assustado.

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