Olhos Místicos

Especial - Diga!

A festa de aniversário foi incrível demais e muitas coisas boas aconteceram, muitas conversas legais e surpresas interessantes e o presente que Scott me deu foi a coisa mais fantástica que alguém poderia me dar. Na manhã seguinte, fugimos de casa bem cedo, para ir até a cachoeira, deixando Elliot o dia inteiro com a sua sorridente avó, tudo que ela queria naquele momento.

Já na trilha que saía de Beacon Hills indo em direção ao condado de Napa, pelo meio da floresta, meu coração estava acelerado excessivamente, imaginando tudo que havia acontecido e o que ainda iria acontecer hoje. Na garupa da moto dele, com a mão sobre seu peito, me segurando para não perder o equilíbrio, sentia o batimento de meu alfa também mais rápido do que o normal, o que significava que ele planejara aquele encontro com antecedência e acho que nem mesmo Deaton estava ciente daquilo.

Largamos a moto escondida onde não dava mais para ir nela e andamos cerca de trezentos metros até a cabana onde salvamos Melissa no passado, que estava abandonada, um ponto feio de rastro humano, naquela selva impecavelmente virgem e verde, cheia de pássaros de vários tipos e ao lado daquela incrível cachoeira. Três quedas d'água a formavam, sendo duas bem finas e mais gasosas do que líquidas dada a altura da qual caíam e uma entre elas, larga, volumosa e muito branca, forte e ruidosa, despencando até o poço azul escuro de margens verdes abaixo do paredão semi circular que formavam a parte de baixo. Fiquei impressionado pelas formações vegetais perto do solo no paredão, onde crescia uma mistura de cogumelos coloridos e flores aquáticas que eu nunca tinha visto na vida. Uma trilha calcada no barranco lateral descia até lá, não sendo usada há muito tempo e daria um certo trabalho descer por ela. Paramos analisando a descida, abraçado à cintura de Scott e ele segurando a pesada maleta de plástico onde trouxe nossos itens para aquele encontro. Sem querer passar pela descida íngreme e com pressa de chegar logo aos pés da imponente queda d'água, invoquei a luz amarela, levando nós dois até a margem, onde já comecei a me despir para aproveitar a água.

– Isso não vai te deixar muito cansado? – Meu alfa perguntou preocupado com o dia que teríamos pela frente.

– Não – respondi certo do que fazia – só quando eu atinjo meu limite de oitocentos metros ou faço muitas vezes seguidas.

Fiquei apenas com uma sunga branca justa que havia comprado para a ocasião, enquanto ele preparava o lençol e tirava outras coisas da maleta – sucos, frutas, sanduiches, biscoitos e duas almofadas. Mergulhei indo o mais fundo que consegui e percebi que o poço era bem profundo, além de muito largo e que não dava para ir muito perto de onde a água caía por conta da força de impacto do líquido e da correnteza que isso formava. Assim que voltei, Scott já tinha tirado a camisa e despia a calça jeans me olhando enquanto boiava mais para perto e sorrindo de um jeito que me deixava zonzo, as covinhas lindas no rosto sem barba, cabelos embaralhados pelo vento. Ficou apenas com uma sunga vermelha, grande o bastante para seu corpo, larga nas laterais e que parecia que ia se romper por causa do volume disposto ali para a direita, mesmo em repouso.

– Você tá encarando – ele disse alargando o sorriso – não é educado.

– Não seria, se não fosse meu – respondi saindo da água e atacando sua boca.

Agarrei o rapaz pelo volume enquanto sugava seus lábios e ele suspirou fechando os olhos, segurando meu pulso e afastando minha mão dali. Olhei espantado seu rosto que sorria de um jeito sacana, quando ele falou:

– Diga!

– O que? – Perguntei aturdido, tomado de desejo, louco para atacá-lo de novo, mas ele me manteve afastado segurando meus dois braços.

– Diga meu nome, meu sobrenome e que você é meu, só meu. Para sempre.

– Não! – Respondi olhando para os lados e me fazendo de difícil.