Próximos Passos

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A segunda feira foi bem difícil. De certo modo foi a minha apresentação para a mídia como herdeiro do império Or Doré. Meus olhos ficaram quase cegos de tantos flashes e câmeras, meus ouvidos quase surdos de tantas vozes e perguntas e minhas mãos teriam que ser curadas logo, logo por conta de uma infinidade de apertos que recebia. Mantive Mateus como meu homem de confiança porque sinceramente, eu não tinha condições de ficar o tempo todo no cargo. A parte burocrática é terrivelmente chata, mas a publicitária é muito pior. Quando finalmente paramos para almoçar, meu rosto estava congelado em um sorriso complacente que eu tinha que exibir o tempo todo, já que era o novo rosto da marca. Meu representante, por outro lado, estava muito à vontade naquele papel, nascera para isso o bonitão e para dizer a verdade, eu não sei como consegue. Desde aquela cena triste com Scott flagrando o rapaz sendo excessivamente gentil comigo, ainda não tínhamos conversado nada pessoal e eu estava evitando ficar sozinho com ele.

A mudança de sede não gerou prejuízos para a empresa, pelo contrário, facilitou em muitas coisas, visto que a maior parte das marcas ligadas à Galido's são americanas e meu tio mantinha a sede na Europa apenas porque era seu quintal. Tinha várias reuniões marcadas durante as próximas semanas com autoridades e figuras ilustres e, infelizmente, algumas delas eu não poderia faltar e deixar Mateus assumir. Emma estava muito mais chata e eloquente com meus sumiços e prometeu me amarrar no pé da mesa para não perder nenhum compromisso importante.

Acabei ficando duas semanas e meia direto em Sacramento, com várias visitas de meu noivo – dois fins de semana inteiro e algumas viagens com Stiles, que trabalhava no fbi da capital. Mateus estava cada vez mais confiante e eficiente no cargo e eu deixava ele bem livre, sabendo que não tinha como me enganar – ele não sabia que eu podia ler tudo em seus olhos e fazia questão de me encontrar várias vezes, mesmo quando Scott estava junto e quando meu alfa se fazia ausente, Emma, Chloe ou Manon ficavam comigo já sabendo que eu não queria ficar a sós com o rapaz, como sempre, excessivamente gentil e sorridente.

Na véspera da volta para Beacon Hills, quando já não havia mais encontros políticos ou importantes, bem no início da noite, descansando no hotel – o mesmo onde meus ajudantes se hospedavam – recebi uma estranha mensagem de Emma e fui até o quarto dela. A garota estava muito assustada e disse que viu uma mulher muito estranha entrando com Mateus no quarto dele.

– Ele é jovem, bonito e solteiro Emma – falei revirando os olhos. Você está interessada nele e com ciúmes, é isso?

– Não, chefe! Ela não é humana, tenho certeza.

Li o olhar de minha ajudante por um momento e percebi que ela realmente não estava interessada no rapaz e pelo que tinha visto no corredor, ele poderia estar com problemas. Fomos até o quarto dele e ela bateu insistente na porta várias vezes, sem ninguém atender, então, saltei para o lado de dentro do quarto e a cena que vi não foi nada bonita.

Mateus estava deitado na cama tremendo e convulsionando, camisa aberta, sem as calças e com duas mulheres sobre ele, o corpo cheio de sangue e marcas de mordida. Reconheci imediatamente as duas inglesas que vieram com Phillip e Mccallister. Elas mostraram as presas e dentes ameaçadoras, mas eu só cruzei os braços observando suas caras feias.

– Isso não é da sua conta, curandeiro, deixe-nos alimentar em paz.

– Mesmo que ele não fosse meu assistente – falei ainda olhando sem medo – eu odeio sanguessugas. Só deixei vocês fugirem porque estava muito perturbado com a ausência de meu filho.

Estávamos no sétimo andar e elas correram para a janela, na intenção de fugir dali. Apesar do desejo forte de me livrar das malditas, parei para curar o rapaz e impedir que morresse.

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