Um Lugar Chamado Beacon Hills

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O primeiro lugar onde Chris Argent nos levou, foi sua antiga casa, sede dos caçadores. Fez várias ligações de lá e disse que tinha que ajeitar muita coisa para resgatar Melissa. O homem estava preparando uma verdadeira operação de guerra ali. Sem querer esperar muito, já que algo estava me dizendo para ir até Scott urgente, uma intuição ou sensação ruim, liguei para ele várias vezes, mas meu alfa não atendia o celular. Angustiado, já ia desistir quando alguém atendeu respondendo com urgência:

– Cunhadinho, aonde você está? Vem para a casa do Scott rápido.

O filho da mãe do Stiles não me deu tempo de perguntar nada e já desligou. Chamei Corey e pegamos um taxi, apesar de não ser tão longe e fiquei tentando ligar de novo no celular do meu alfa, mas ninguém atendia. Paguei o motorista sem esperar troco, nem meu amigo deixar o veículo e corri para dentro em total desespero, temendo que algo ruim tivesse acontecido, dada a força da sensação que fazia meu coração ficar comprimido dentro do peito. Ao entrar na sala, fui surpreendido pelos olhares preocupados e entristecidos de Stiles e Lydia, que abaixaram as vistas sem saber o que dizer. Sem falar com nenhum deles, subi as escadas indo direto para nosso quarto, topando ao entrar ali, com a cena horrível que meu lado pessimista e a estranha intuição me fizeram imaginar: Scott estava deitado em sua cama, delirando e emitindo sons aleatórios, queimando de febre e muito agitado.

Sem esperar mais, toquei sua testa e seu pescoço, liberando como nunca meu poder de cura, para trazer de volta meu macho alfa adoentado. Não importava quantas vezes eu insistisse, o quanto de mim eu colocasse naquilo, seu corpo não respondia. Meu alfa genuíno continuava inconsciente, febril e delirante, apesar de nada em seu ser biológico indicar que havia alguma doença. Depois de inúmeras tentativas e meu choro incontrolável chamando por seu nome, Lydia e Stiles, que haviam subido logo atrás de mim, me abraçaram e me afastaram da cama. Reparei que ele não tinha as mesmas veias escurecidas que adoeceram Chris, o que poderia ser um bom sinal. A cama mostrava lençóis e colchões rasgados, com a madeira lateral ferida pelas garras do jovem lobo, lutando contra fantasmas invisíveis de suas alucinações febris.

– O que houve com ele? – Perguntei tentando me recompor. – Scott estava bem quando fomos até o hospital atrás de Melissa e Argent.

– Acho que esse pode ser o problema – falou a banshee enquanto seu namorado me mostrava notícias no celular.

Uma onda de adoecimento repentino havia tomado Beacon Hills e o epicentro era o hospital local. O controle de doenças suspeitava de uma superbactéria desenvolvida por acidente, embora não houvesse nenhum sintoma físico que os doentes demonstrassem. Todos apresentavam inconsciência prolongada, seguida de febre com delírios e morte dentro de poucas horas. Nenhum teste até agora havia conseguido diagnosticar o antígeno que já estava sendo chamado popularmente de "a nova peste".

Morte em poucas horas. Eu li e reli essa parte. Não podia aceitar isso. Me lembrei do vulto que vi ao curar Chris e uma onda de raiva tomou conta de meu corpo, me trazendo uma ideia maluca: Se o corpo de Scott estava bem, talvez a doença estivesse afetando seu lado sobrenatural ou de alguma forma, seu lobo alfa superpoderoso estava sendo afetado pela presença da doença. Me levantei decidido indo para ele de novo e meus amigos tentaram me convencer do contrário, já que inúmeras outras vezes havia falhado.

– Gabriel, você precisa descansar! – Disse Lydia com olhar angustiado.

– Você fez o que podia cunhadinho. – Ele segurou meu braço.

Me desvencilhei da pegada de Stiles, subi na cama deixando o corpo de Scott entre meus joelhos e colocando uma mão em cada lado de sua cabeça, na altura da testa. Fechei meus olhos e busquei em seu peito a poderosa chama de alfa que o ligava a mim e a cada pessoa do bando. Senti um forte calor no peito naquele momento e ouvi a ruiva chamar o nome do namorado surpresa, provavelmente também sentindo aquilo em seu coração. Ainda de olhos fechados, minha consciência me fez subir bem alto e eu comecei a sentir até onde aquela ligação nos levava. Percebi encantado que o rapaz estava ligado, em um grau muito menor que aos membros do bando, à todas as pessoas da cidade e a fragilidade da chama em algumas delas me dizia que estavam com a peste, seu sofrimento sendo refletido nele e o deixando naquele estado, embora não estivesse realmente doente. Sem poder ir até cada uma delas e curá-las, envolvi a chama de alfa no peito dele com meu poder de cura fazendo um escudo em volta dela. Não sabia se isso funcionaria, nem quais consequências teria para os doentes ligados a ele, mas era melhor que perdê-lo para a doença.

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