Dia Especial

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Com a volta de Elliot, acabamos adiando a ida à cachoeira. Chris Argent disse que eu devia dar uma olhada nos papéis que o ricaço deixara pedindo retorno do contato, mas eu não estava com cabeça para pensar nisso, feliz demais por ter meu alfa e meu filho juntos em casa e, melhor ainda, sem fantasmas nos rondando. Não estava nem aí para herança, não me importava se roubassem tudo, só queria continuar ali, com o moleque no colo e nos braços do meu homem. Melissa acabou estendendo a folga por uma semana, já que queria ficar perto do menino também, tinha férias pendentes e agora podia tocá-lo sem reservas. Nunca vi uma avó mais grudenta. Ela ficou rondando até que conseguiu me tomar Elliot e passou a tarde inteira agarrada ao menino. E pensa numa criança que gostava de leite, nunca vi tomar tanto. Ele estava grande, bem maior do que quando nos deixara e não parecia ter menos de um mês de vida, forte, saudável e lindo. Scott também não ficava atrás, queria estar o tempo todo com nosso filho no colo e eu esperava que isso se abrandasse com o tempo, senão ia acabar virando briga aquela disputa toda.

Quando nossa irredutível babá mãe sogra avó resolveu que daria banho no garoto, ficamos sozinhos na sala, eu rindo da cara vermelha de meu alfa, com os braços cruzados, sentado no sofá menor e bufando. Belisquei suas costelas como adorava fazer e coloquei a cabeça em seu ombro zangado.

– Eu que queria dar banho nele hoje – disse o rapaz bufando de novo.

– Temos a vida toda pela frente para isso Scott. Tenta pensar que nos primeiros dias, sua mãe não podia tocar no Elliot. Ela vai relaxar, mas acho que não hoje.

– É, você está certo, mas amanhã vou ser eu a dar banho nele.

Revirei os olhos e beijei sua bochecha. A verdade é que nosso filho quase nunca chorava e estava sempre sorrindo para todos que o pegavam no colo. Uma criança muito tranquila e dócil.

– O que você fez para que ele pudesse ser tocado agora? –Perguntou me olhando sério.

– Eu acho que Elliot matou o tio Álvaro Scott, como fez com Cibelle.

– Como você pode ter certeza?

– Ele tinha memórias residuais que não eram dele, sobre o magnata e havia traços físicos esparsos dentro de seu corpo. Eu removi tudo que dizia respeito ao velho e isolei o poder nato do nosso filho, como quando separei o seu vínculo de alfa com a cidade toda.

– Poder nato? O que isso significa?

– Que ele é um lobo como o paizão dele.

– Mas como isso é possível? Só de ter se alimentado com minha força vital?

– Não foi apenas isso. Se lembra quando Stiles interrompeu a gente? Naquele dia inesquecível onde você me disse pela primeira vez...

– Que te amo. Sim, eu me lembro e continuo amando.

– Pois é. Naquele dia você mordeu meu ombro e seus dentes foram bem fundo. O suficiente para criar um beta.

– Mas você não se transformou. Confesso que adoraria ter feito de você meu beta.

– Meu dom de cura não permitiu a transformação, nem que eu morresse, mas ele não eliminou o que você deixou em mim naquele dia e aquilo acabou passando para o Elliot. Ele é um meio lobo nascido e vai poder se transformar no futuro.

– Gabriel, eu não acredito nisso! – Ele disse feliz me encarando e sorrindo – você me deu um filho lobisomem!

– Tal pai, tal filho – dei de ombros também sorrindo e ele mordeu meu pescoço.

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