Viajar

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Perdi o primeiro dia do novo ano apagado. Dormi o resto da última noite do ano passado e o dia seguinte inteiro, acordando depois da meia noite, ao lado de meu alfa adormecido, nosso filho no berço também dormindo. Me levantei tentando não fazer barulho, mas Scott despertou assim que dei os primeiros passos em direção à porta.

– Você acordou! – Ele sussurrou com um sorriso lindo, vindo até mim e me abraçando, só de regata e cueca boxer azul marinho e me enchendo de beijos no pescoço.

Fiz um movimento indicando o lado de fora do quarto para não acordar Elliot e ele me acompanhou pela escada até a cozinha, onde peguei um copo de água.

– Nossa, você dormiu muito – ele disse ainda falando baixo, encostado no balcão.

– Esse poder de teleporte é um saco – respondi pegando mais água – se usar muito eu apago por bastante tempo.

– Você chegou em cima da hora, a gente ia começar a briga naquele exato momento.

– Hoje é dia primeiro? – Perguntei ainda perdido no tempo.

– Já é quase uma da manhã, tecnicamente é dia dois de janeiro.

– De manhã preciso ajudar Cora com matemática, a tarde vou preparar a viagem. Você vem comigo?

– Que viagem? Para onde você quer ir Gabriel?

– A sede da Galido's é em Lyon, eu preciso ir até lá para ver o que vou fazer com tudo que meu tio deixou.

– Isso é mesmo necessário? A gente vive tão bem do jeito que estamos.

– Eu preferiria continuar como está Scott, mas tem muita coisa em jogo aqui. Muita gente depende do bom funcionamento da empresa pelo mundo, especialmente aqueles das gerações futuras, uma vez que é uma das principais responsáveis pela destruição do meio ambiente no mundo.

– Então foi isso que Deaton quis dizer sobre espécies que dependem de você.

– Sim. Por mim eu entregaria as empresas para Ernest, aquele velho que trouxe Elliot, mas acho que dá pra fazer um bem enorme com o legado Or Doré.

– Eu entendo, mas não posso ir com você. Não agora com Gerard a solta e com o livro em suas mãos. Preciso encontrá-lo antes que traga aquelas coisas de volta.

– Se você quiser, abro mão da viagem e de tudo isso. Prefiro ficar em Beacon Hills com você e Elliot.

– Deaton está certo e você também. Muita coisa boa pode vir se você assumir a empresa, mas está preparado para lidar com gente desse porte? A guerra de interesses é muito pesada.

– Eu tenho um trunfo – falei sorrindo – não podem mentir para mim.

– E quanto a Elliot? – Ele perguntou – não pode expor nosso filho a um estresse desses, ele é muito novo ainda.

– Eu vou morrer de saudade dele. Promete que vai mostrá-lo pra mim todo dia por vídeo chamada?

– Claro – ele me deu um beijo depois que terminei de tomar a água – queria poder ir junto, não gosto de ter você sozinho tão longe.

Tomamos um banho juntos, voltamos para cama e aproveitamos aqueles momentos de intimidade, já que ficaríamos separados por alguns dias. Pela manhã Scott me levou até o loft de moto antes de ir para a clínica e Elliot ficou com Melissa, cujo turno era a noite hoje. Cora e Laura discutiam na área externa lateral – a garota era bem geniosa – e Derek veio me receber na entrada, com seu olhar sempre carrancudo.

– Você veio – ele disse sem sorrir.

– Eu disse que viria não? E não faz essa cara fechada pra mim não que te conheço bem.

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