Como Perder Um Homem Em Dez Minutos

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– Eu sei que parece bobagem – comentou Liam sorridente, enquanto eu remexia algumas panelas, ele sentado à mesa da cozinha – mas depois da Hayden, achei que nunca mais ia gostar de ninguém. Percebi quando conheci o Theo, que meu amor por ela era uma coisa que veio da infância e nos instigou a ficar juntos, mas não era ainda o que eu queria de verdade. O pouco tempo que fiquei com ele, parece que nós havíamos sido feitos um para o outro, ele me entendia e me provocava ao mesmo tempo, sabia o que dizer quando a raiva ameaçava me deixar maluco.

– Estou te enchendo o saco né? – Comentou o beta envergonhado quando percebeu que eu fiquei algum tempo sem dizer nada. Na verdade, estava muito preocupado aonde aquela conversa ia levar, mas sabia que ele precisava falar, então respondi:

– Eu viajei na sua narrativa sobre o Theo, estava tão bonito.

– É, mas ele morreu – ele abaixou a visão triste por uns segundos, mas levantou os olhos alegres logo depois – e eu achei que não merecia mais amar ninguém.

Outro nó se formou em minha garganta ao ouvir a palavra amar. Respondi tentando não mostrar meu desgosto pelo que Maltec estava aprontando com o rapaz:

– Você merece amar, vai achar alguém que te complete e te mereça, Liam!

– Eu já achei – ele disse muito sorridente e eu engoli o nó quase sufocando – o Maltec é incrível. Irreal. Ele já viveu tanto e sabe tanta coisa. Em um momento estávamos conversando e pouco depois, percebi o quanto ele era especial. Você acha que eu tô sendo bobo e apressado? – Ele perguntou vendo minha cara de quem não gostou nada do que ouviu e sem entender o motivo.

– O Maltec me matou e quase matou você – falei o que podia – não sei se consigo confiar nele.

– A gente conversou bastante sobre isso – Liam continuava todo sorrisos e eu percebi que estava completamente perdido de amores pelo ex vampiro – e ele sabia o que estava fazendo, não queria realmente matar a gente.

– Ele paralisou você, Theo e Derek – insisti sabendo que não ia dar em nada – mas ele não foi tão bonzinho comigo.

– Eu te entendo – ele falou meio sem graça, mas voltou a sorrir logo depois – mas dá uma chance pra ele, o cara tinha uma irmã sequestrada. Tenho certeza que ele gosta de você agora.

Esse era exatamente o problema e o beta não fazia ideia. Se ele saísse machucado dessa relação, nunca ia conseguir confiar em alguém de novo para amar. Eu precisava fazer alguma coisa, era minha responsabilidade por ter aproximado os dois. Maltec podia ser ousado, esperto e ter vivido mais de cento e trinta anos, mas eu havia lido muito sobre ele e tinha algumas cartas na manga. Liam ficou para o almoço e Chris veio grudado em Melissa como sempre. Scott chegou logo depois e fizemos uma refeição comum e bem agradável, com aquele clima bom de família. O único problema era que Liam não conseguia se conter de tão feliz e toda hora falava algo sobre Maltec, o que fazia Scott fechar a cara e eu tentar disfarçar o ranço. Queria poder ficar feliz e abraçar meu amigo, desejar felicidades, mas sabia que isso não tinha como terminar bem.

Depois do almoço fomos para a sala curtir a sesta e Liam recebeu uma mensagem do parceiro, saindo todo feliz para encontrá-lo. Meu alfa suspirou resignado com aquilo e se recostou no sofá sem dizer nada. Chris e Melissa entraram na sala e ela disse que precisava respirar, que ele a estava sufocando. Se beijaram e riram e ela contou que iria para o hospital sozinha nessa tarde, ele gostando ou não da ideia. Relutante, o caçador se deu por vencido e saiu e a mãe do líder do nosso grupo colocou a mão na cintura nos observando no sofá, Scott olhando para o teto nada feliz e eu segurando a mão dele e me corroendo com pensamentos ruins do futuro, especialmente sobre o que aconteceria com nosso beta.

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