A Benção do Sol

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Malia levou Liam lá para fora, seguida por Kira carregando Maltec, ambos ainda semi conscientes, enquanto Scott me libertava e me ajudava a andar até o lado externo do armazém e Stiles averiguava o local em busca de algo importante deixado para trás. Tínhamos sido trazidos para San Francisco, onde fica a sede da La Rose e ocultados em um dos diversos armazéns que serviam de estoque entre outras coisas mais obscuras para Alícia e seus comparsas ainda desconhecidos. Amanhecia e quando a luz do sol tocou minha pele, foi como se eu mergulhasse em água morna e fosse despido de toda a sujeira e corrupção de uma só vez. As marcas mágicas brilharam e desapareceram rapidamente consumidas pela luz solar e o mesmo aconteceu com as marcas no corpo de Liam. Embora a maga fosse poderosa, seus dons mágicos pareciam estar limitados à escuridão da noite, se desfazendo em contato com a luz diurna. Abracei meu alfa afundando o rosto em seu pescoço, ainda muito assustado com tudo o que aconteceu.

– Consegue voltar comigo na moto? – Scott perguntou preocupado – assim Maltec e Liam podem ir com Stiles mais à vontade.

– Sim, eu consigo – respondi respirando fundo, sentia meu dom de cura trabalhando e removendo qualquer traço de magia da noite ainda restante em mim, bem como feridas grandes ou pequenas.

Retornamos à Beacon Hills sem pressa e eu aproveitei para sentir os batimentos compassados do coração de meu piloto, cada vez mais tranquilizados por ter conseguido nos resgatar. Sentia a forte chama que ardia em seu peito, sendo compartilhada comigo e com os outros que viajavam no carro à nossa frente e embora soubesse que não era algo palpável, nem por isso deixava de ser real, um vínculo poderoso que me permitia simular as habilidades dos membros da alcateia.

Já de volta em casa, tentei segurar o choro enquanto brincava com Elliot. Pensei que nunca mais o veria e parecer fraco perturbava as outras pessoas ali presentes. Chloe estava completamente perdida, abraçada em Isaac e sem entender porque ninguém havia chamado a polícia para informar o meu sequestro, bem como dos outros membros que foram levados. Melissa viera da cozinha ainda de avental e segurando uma concha suja e Scott achou melhor me levar para o quarto junto do bebê, para que eu ficasse mais à vontade. Aos poucos o medo começou a dar lugar a raiva, que ameaçava se tornar imensa e meu alfa me fez prometer não ir atrás da mulher sozinho, já que ela se mostrara tão perigosa. Os caçadores e o fbi estavam atrás dela e de Peter e quando os encontrasse, seriam capturados e julgados pelo lado sobrenatural das coisas. Me incomodava lembrar que Alícia havia conseguido informações de mim, provavelmente usando magia enquanto estava desacordado e eu não fazia ideia do que ela queria, mas tinha certeza que era algo ligado aos Nemetons e à entidade que não deve ser citada.

– Eu devia ter ficado com vocês! – Scott se recriminava inconformado.

– Não tínhamos como saber que Alícia era uma maga e maligna. Ela conseguiu ocultar isso de minha leitura, acho que já tinha me observado na Galido's antes de nossa primeira reunião.

– Ela não está sozinha, não é? E o que eles querem? Quem são os outros?

– Eu ainda não sei, Scott, mas pretendo descobrir.

– Você não vai atrás dela sozinho, Gabriel. Você me prometeu.

– Eu não irei, mas duvido que o fbi ou os caçadores a encontrem, ela é muito ardilosa.

– E o que você quer fazer? – Meu alfa me perguntou me abraçando de lado e fazendo carinho no peito de Elliot.

– Uma cerimônia de batizado para o bebê. Você tem alguma preferência quanto a isso?

– Meu pai é ateu, mas minha mãe sempre foi católica. Pelo menos até descobrir que eu era um lobisomem. E você?

– Minha família também era católica, mas fugi muito novo de lá, não dá para dizer que tinha uma vida religiosa. Vendo tudo que vi nesses anos e conhecendo as pessoas e coisas que conheci, não consigo não acreditar em algo maior.

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