A Super Máquina

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Scott insistiu para que eu ficasse na casa com Lydia, já que ela não queria ir – hospitais eram um amplificador e ímã terrível para seus poderes de pressentir a morte – mas eu me recusei a ficar, porque sempre poderia ajudar de alguma forma e já fazia algum tempo que queria ir até o trabalho da mãe dele e não curava ninguém. Ficar sem curar os outros fazia uma estranha falta, como se estivesse desperdiçando alguma coisa muito preciosa. Pegamos carona com Stiles, que estava no carro oficial do FBI enquanto seu velho Jeep permanecia parado na garagem e fomos depressa, eu no banco de trás e meu alfa ao lado de seu amigo e logo chegamos no hospital.

O xerife Noah Stilinski conversava com Jordan Parrish perto de uma viatura e havia ainda outras duas por ali, com um total de onze policiais. Descemos do carro e fomos até eles para ficar a par de todos os detalhes.

– Você está me dizendo que só invadiram o necrotério? – perguntou Noah ao seu subordinado cão do inferno – e que levaram apenas cadáveres que já estavam mortos?

– Isso mesmo senhor – confirmou o subdelegado – ninguém se feriu, apenas alguns empurrões e escoriações.

– Onde está minha mãe? – Scott perguntou preocupado.

– Ela está em casa de folga – respondeu o xerife – acha que isso é assunto do tipo que envolve vocês? – Ele falou bem baixo a segunda frase.

– Nós temos um suspeito – Stiles respondeu trocando um olhar com o amigo – que pode estar muito interessado em corpos mortos.

– Quer saber? – falou o xerife balançando a mão impaciente – Resolvam isso e me avisem quem devo prender. Parrish, porque a delegacia em peso está aqui se foi só furto de corpos?

– Alguém de Sacramento ligou, parece que tem um corpo importante no meio disso tudo.

– Ah, que ótimo – Noah reclamou – tudo que eu precisava era de políticos se metendo nisso. De quem era o cadáver "especial" desaparecido?

– Olivia Ordore – respondeu o rapaz – esposa do magnata que instalou várias lojas na cidade recentemente.

Stiles e Scott se afastaram dos policiais e eu fui com eles, para conversarmos mais tranquilamente sobre coisas sobrenaturais.

– Olha, sangue novo na gangue – disse um homem não muito alto, de cerca de quarenta e poucos anos, pele alva, cabelo preto curto partido e penteado para cima, leves olheiras, sorriso fácil e olhos sagazes de cor clara – quem é o novato, meu eterno beta?

– Melhor não chamar ele assim – ameaçou Stiles, mas percebi que ele tinha um pouco de medo do sujeito.

– O que você tá fazendo aqui, Peter? – Scott perguntou parecendo zangado – Eu não sou mais seu beta há muito tempo.

– Isso é jeito de receber o cara que te criou? – ele insistiu com aquele sorriso sacana e olhos pequenos que demonstravam astúcia e prepotência.

Aquele sujeito era tio de Derek, Peter Hale, o lobisomen alfa que transformou Scott em lobo e tentou recrutá-lo para sua alcateia, instigando-o a matar todos os seus amigos, incluindo o jovem Stilinski. Ele não era mais um alfa e eu fiquei curioso para saber mais sobre isso, mas nenhum dos meus amigos ali queria papo com o sujeito e ele acabou se afastando e entrando em um carro luxuoso não muito longe de nós, partindo em seguida. Contamos para o agente do FBI sobre o pressentimento de Lydia e resolvemos voltar logo para a casa do xerife, já que era bem tarde e queríamos acordar cedo para a festa surpresa. O melhor amigo de Scott estava animado e muito sorridente e eu fiquei pensando se isso era mesmo uma coisa legal ou talvez nem tanto, deixá-lo pensando que tudo corria bem com a comemoração. Confirmei a entrega do presente bem cedo no dia seguinte pelo site da transportadora e esperava confiante que nada desse errado com aquilo. Meu alfa só teve sossego e concordou em ficar na casa com a gente, depois de falar ao telefone com Melissa e ouvir um sermão sobre amizade e compromisso, ficando mais tranquilo também ao saber que Chris Argent estava lá com ela e passaria a noite a protegendo.

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