Olhos Místicos

A Chama do Alfa

Larguei o druida na uti do hospital de Beacon Hills sem esperar para saber mais nada e saí correndo desesperado. Passei por Melissa no caminho e ela me olhou interrogativa, por sorte estava sozinha e eu não parei para falar com ela. Saí do prédio sem saber exatamente o que fazer e Argent me segurou pelos ombros me balançando.

– Ei, ei, calma rapaz. – Me conte o que houve.

– Temos que ir para sudeste pela rodovia, Scott precisa de ajuda.

– Ele sabe se cuidar – respondeu o caçador me segurando já que eu tentava me libertar e sair correndo mesmo para tentar ajudar meu alfa. – Parece que deixamos passar algo importante, temos que nos encontrar com Jackson e os outros.

– Vamos para a casa do Scott então – concordei sabendo que precisava de carona e da ajuda dele – depois vamos procurá-lo a sudeste.

– Você parece angustiado, fique calmo – seja o que for que Scott esteja enfrentando, ele é o mais forte de nós e deve dar conta. Se não der, não vamos poder fazer melhor e ainda poderemos atrapalhar na luta.

– Tudo bem – aceitei a contra gosto lembrando de ter causado a derrota de Derek com minha presença. – O que foi que nós deixamos passar de tão importante?

– O quimera, aquele que fica invisível. Ele seguiu quem levou os corpos e sabe onde estão. Jackson e Ethan foram para lá e nós vamos precisar de você para curá-los. Já ajudou o druida?

– Sim, vamos então. – Eu estava muito ansioso para resolver tudo e poder ir procurar Scott. Não ia suportar perdê-lo sem ao menos poder pedir perdão pela traição que não cometi.

Chris Argent era exímio motorista e não fazia questão de andar devagar. Demoramos cerca de vinte minutos para achar o local de encontro onde Corey esperava ao lado do casal que veio de Londres. Era uma igreja em ruínas ao lado de um cemitério abandonado em uma parte rural de Beacon Hills, onde não morava mais ninguém porque aquelas terras se tornaram inférteis no passado.

– Eu os segui até aqui – disse Corey amedrontado – mas não sei o que fizeram com os corpos. O lobão de duas cores começou a me farejar e eu fugi de volta para a cidade. Foi mal, agora vi que devia ter esperado mais.

– Se tivesse esperado estaria morto agora – o caçador disse com a maior naturalidade do mundo, fazendo o rosto branco do rapaz ficar extremamente vermelho. – Eles foram por aqui.

Argent saiu na frente rastreando e nos guiando por entre lápides antigas e novas. Havia grandes árvores mortas nesse cemitério, plantadas ali provavelmente há mais de dois ou três séculos. Começamos a andar cuidadosos, Chris com sua Magnum à mão e sempre atento na frente, eu logo atrás dele, Jackson depois de mim com seus olhos ofídicos e uma cauda enorme balançando de um lado para outro, com Corey parecendo assustado logo atrás e Ethan por último transformado em meio lobo. Um leve tremor no solo fez as covas se mexerem e eu me senti dentro de um filme de terror antigo, prestes a perder meu cérebro.

Os mortos não se levantaram, o que foi um alivio para minha mente muito imaginativa, mas me preocupava o céu cada vez mais nublado e trovejante. Ainda era dia, mas parecia noite de tantas nuvens negras nos céus. Nosso rastreador guia fez um movimento indicando para parar e apontou adiante com a cabeça, para uma árvore morta em chamas que parecia ter sido atingida recentemente por um raio, embora não tenha visto nenhum. Na frente da árvore havia um homem baixo e velho, muito magro, tanto que parecia quase um esqueleto, calvo e grisalho, com a pele cinzenta e olhos escuros fundos e sem nenhum branco, um sorriso travesso na face meio torta para um lado. Sem esperar, o caçador disparou a arma cinco vezes, acertando três tiros no tronco e dois na cabeça do homem. Cada pedaço arrancado pelos tiros se reconstituía em segundos e o ser esquelético balançava o corpo de forma estranha, emitindo um riso gritado longo e diabólico.