Duro de Matar

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– Scott! – O que você está fazendo? – Melissa quase gritou ao entrar no quarto.

– Ele está bem, eu, eu... – o rapaz não sabia se voltava a me beijar ou se levantava de cima de mim.

– Filho! – Ele quase morreu. – Ela falou mais baixo se aproximando. – Sua cura voltou, não é? – Perguntou perto do meu ouvido agora. Confirmei sem falar nada.

Scott andava pelo quarto respirando em uma mistura de alívio e ansiedade. Sentou-se na cadeira de visitas, cobrindo o colo com o braço, o que no caso dele não resolvia muita coisa.

– Precisamos ter cuidado – falou Melissa ainda bem baixo. – Não podemos ter outro caso de cura milagrosa agora, ainda mais sendo você! Tem gente da imprensa e do governo sempre às voltas por aqui e estão de olho em mim.

– Nós vamos encenar uma volta para casa ainda machucado – decidi – mas não para a sua casa. – Falei me virando e olhando Scott nos olhos. Ele ajoelhou no chão e colocou as mãos na cabeça, segurando meu braço logo depois.

– Eu não queria ter dito aquilo, por favor Gabriel, eu estava com raiva e aquela casa não é o mesmo sem você!

– Não é por isso. – Impedi que ele continuasse se martirizando. – Estamos sendo vigiados bem mais que pela imprensa ou o governo.

Com a voz bem baixa e a porta do quarto trancada para não sermos surpreendidos, contei para meu alfa e sua mãe sobre o que Gerard havia dito e que planejava separar nós dois, para nos enfraquecer e me matar primeiro, deixando a alcateia sem sua cura milagrosa. Apesar da relutância de Scott em aceitar ficar separados, decidimos que eu ficaria em um hotel por enquanto e que fingiríamos ainda estar brigados, começando por uma discussão entre ele e Stiles no saguão do hospital para que todo mundo ouvisse. Queria poder presenciar isso, mas como eu ainda ia fazer o moribundo, não podia sair da cama até que o médico me desse alta. Por sorte, o pai de Liam estava trabalhando ali hoje e Melissa conseguiu convencê-lo a me dar alta sem examinar as feridas, cobrando favores que ele devia a ela e atendendo as súplicas de seu filho.

Acompanhado por Lydia e Stiles, peguei um quarto no primeiro andar do Springs Space, um hotel modesto que ficava há onze quadras da casa de meu alfa. Quando fiquei sozinho, me recolhi aos meus aposentos na companhia de um "enfermeiro" que na verdade era um caçador júnior a serviço de Chris Argent e que ficaria responsável por vigiar o hotel, junto com outro senhor caçador que o estava treinando e deixei a janela aberta, para poder ver a rua e esperar uma visita planejada. Tomei um longo banho e aproveitei para cuidar melhor de meu cabelo que já começava a crescer muito e fiz uma nota mental de ir no salão assim que tudo estivesse mais tranquilo.

Ouvi a porta se abrindo e um rugido seguido de um barulho de pancada no chão. Ao sair do banho, encontrei o jovem caçador caído perto da cama agonizando em uma poça de sangue e um rapaz de vinte anos, alto e quase negro, fechando a porta com cuidado. Enrolado na toalha, corri até o corpo do rapaz, mas o grandão me segurou pelos braços.

– Vamos conversar. Se concordar em não fazer escândalo, deixo você tentar salvar o moleque.

Concordei com a cabeça e ele me soltou. Curei o enorme rasgo no abdome do jovem feito pelo invasor e antes que ele se levantasse e fizesse algo, voltou a inconsciência com uma forte pancada na cabeça. Pelo menos dessa vez não sangrava mais e eu me virei para o jovem pardo com a cara fechada.

– O que você quer?

– Isso foi impressionante – ele sorriu se sentando na cama todo a vontade – vou falar com meu pai sobre ter um como você no nosso bando.

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