Alfa Máximo

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Nos dias seguintes, apenas um assunto estava pendente e criando um clima ruim entre mim e Scott: eu queria muito ir atrás de Peter e Alícia, mas ele achava melhor deixar quieto, até que eles ressurgissem ou tentassem alguma coisa, o que talvez não viesse a ocorrer. Duvido muito que o ômega Hale seja capaz de deixar para lá, nunca pareceu ser de seu feitio e ele escondia dentro de si um orgulho ferido por ter perdido o posto de alfa e seu beta ter se tornado tão poderoso. Também não queria contrariar meu alfa que já tinha me perdoado pela morte de Félix, que matei sem nenhuma piedade, dada a situação crítica de nosso confronto.

Libertamos e auxiliamos os prisioneiros de meu tio e a Galido's foi bem generosa com todos eles. Claro que isso não lhes devolveria a vida ou tudo que perderam, mas era o mínimo que se podia fazer para tentar consertar as maldades de Álvaro e numa bela manhã de sol, recebi pelo correio uma caixa endereçada a Gabriel Or Doré – o remetente oculto não devia saber sobre meu novo sobrenome – e dentro dela havia uma mão, cortada na altura do pulso e mergulhada em uma mistura de pós químicos fedorentos que a mantinha sem se decompor. Havia um bilhete junto que dizia "justiça ainda que tardia, por toque indevido" e assinado com as iniciais L.A.R.S. No mesmo dia, o noticiário informou a morte da empresária Alícia Laviollete, cujo corpo fora encontrado no estado de Montana e a causa da morte ainda era um mistério para ciência. A polícia procurava agora seu recém adquirido marido, o playboy Peter Hale, de quem não se ouvia falar há algum tempo e cuja morte fora descartada, por não ter sido encontrado um corpo e ele ser o principal suspeito, já que herdaria a fortuna da mulher. Encaminhei o embrulho sinistro para testes no centro de controle sobrenatural, mas não precisei esperar resultados para saber de quem era aquela mão e que o corpo nunca seria encontrado. O mistério do benfeitor ou benfeitora que utilizava aquelas iniciais, nunca seria resolvido, mas eu já lhe era eternamente grato.

Dois anos depois, uma crise distópica atingiu todo o mundo, com o surgimento de um vírus, provavelmente alterado em laboratório e que se espalhava silenciosamente, contaminando todo o planeta bem rapidamente. Os lobisomens e outros seres sobrenaturais eram imunes e eu tive que controlar minha vontade de fazer algo a nível global, me limitando a usar a Galido's como forma de diminuir o sofrimento onde a empresa estava presente. A pandemia piorou no ano subsequente com o surgimento de uma versão mutada daquele vírus que matava e se espalhava muito mais rapidamente, o que acabou com um quinto da população da Terra em menos de seis meses. Foram anos bem difíceis para mim enquanto curandeiro, já que não podia salvar todo mundo e nem expor a existência do sobrenatural, me limitando a todos os que conhecia e seus familiares. O que mais assustava nesse vírus era o fato de que matava qualquer tipo de pessoa e nem os mais ricos estavam seguros. Claro que de vez em quando eu dava uma escapada usando o poder de Corey para ajudar algumas pessoas, mas era um trabalho pequeno comparado ao tamanho do problema geral. No ano seguinte, com a grande maioria da população do planeta restante imunizada, seja pelas vacinas que surgiram ou pelo efeito rebanho, o vírus tornou-se menos problemático, mas ainda era considerado um perigo de grande escala. Alguns anos se passaram depois disso e, tirando essa questão global nada sobrenatural, nossas vidas estavam bem tranquilas e tudo corria bem na medida do possível.

Quando Elliot completou sete anos, Mani tinha seis anos desde que virou humano e uma aparência de dezessete – ele não envelhecia como os garotos comuns – então os mandamos finalmente para a escola, para acompanhar, vigiar e cuidar um do outro, uma vez que os poderes sobrenaturais do menor estavam se desenvolvendo rápido – várias vezes precisei cuidar de um lobo guará jovem no lugar de uma criança – e Elliot ainda manifestava poderes dos quais eu não gostava nem um pouco, mas não os tranquei de novo por causa da opinião de Scott, que achava que ele teria que aprender a controlar e lidar com isso. Meu pequenino lobo guará não puxou os dons de alfa genuíno de meu marido e nem meus poderes de milagreiro, ao invés disso, além de virar lobo quando queria, ele herdou os poderes dos cavaleiros do apocalipse, o que eu não sabia dizer como aconteceu, mas explicava o fato dele se alimentar dos outros, o que vitimou sua mãe e tio Alvim. Com o tempo, os dons dele começaram a se manifestar descontroladamente e eu precisei ensiná-lo, já que era o único a quem ele não mataria por acidente.

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