O Lobo Guará

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Um pouco mais tarde ainda na mesma noite, cujo dia Elliot havia sido consagrado ao Sol, Deaton e Bridget vieram nos visitar depois do jantar e ficamos conversando na sala, com Chris e Melissa, enquanto os outros dois casais – Isaac junto de Chloe e Mason com Corey – saíram para curtir a noite pela cidade. A mãe de Scott já havia se desligado do hospital e começaria no dia seguinte "oficialmente" no centro de controle sobrenatural de Beacon Hills, sob comando de seu parceiro, o último com sobrenome Argent.

A druida brincava sorridente com meu filho e eu estava duplamente com ciúme naquela noite: de Scott que evitava ficar olhando para ela, mas não conseguia disfarçar o quanto ela o impressionava e de Elliot, bebezinho safado atirado sorridente que só tinha três meses e meio, mas parecia muito com o pai alfa em algumas coisas. Respirei fundo tentando me controlar e prometi para mim mesmo não deixar a traição de Alícia me impedir de confiar nas pessoas outra vez, bastava ser mais cuidadoso.

– Deixa eu ver se entendi tudo – Bridget rememorou o que nós lhe dissemos, ainda muito espantada e com meu filho no colo o fazendo sorrir – Elliot é filho de Gabriel com uma mulher, mas possui traços genéticos e lado lobo vindos de Scott passados através de uma mordida.

– É isso mesmo – quem respondeu foi Melissa toda entusiasmada – meu neto e é a cara de Scott, não tem como negar isso.

– Fique calma Mel – Chris beijou o rosto da mulher – o exame de dna comprova isso também.

– Quando Alan me disse que eu faria um batismo do sol, depois de tanto tempo, nossa, fiquei sem chão, feliz demais! Seu filho é precioso – ela disse me entregando Elliot que eu peguei e abracei, lembrando do gollum – meu precioso – pensei sem dizer nada e Scott apertou minha cintura e sorriu em silêncio.

Comecei a desconfiar que o alfa genuíno estava muito por dentro dos meus pensamentos ultimamente, bem mais do que seria normal para qualquer casal.

– E quanto à Nina, Gabriel? – Bridget perguntou como se fosse algo casual – ela está por aqui ou ficou no Brasil? Não a vejo desde que Toni morreu.

– Quem? – Scott perguntou me encarando ao ver minha expressão de choque.

– Toda a família dele foi assassinada – Alan disse baixo para a mulher, que tapou a boca com uma mão totalmente desconcertada.

– Puxa, eu sinto tanto – vi lágrimas se formarem no canto dos olhos dela – minha amiga!

– Você conheceu minha mãe! – Afirmei mais do que perguntei, lendo a verdade em seus olhos chorosos.

– Você só tinha dez anos, não deve se lembrar de mim, eu era tão diferente naquela época.

– Eu a matei – falei sem graça ainda me sentindo culpado – vieram atrás de mim, o demônio da guerra e seus comparsas e mataram toda minha família. Teriam me matado também se pudessem.

– Não, Gabriel, você não a matou! – Deaton me repreendeu com firmeza – não se culpe por nascer abençoado e por invejarem você. Mataram por sua causa, mas não foi sua culpa.

– Você nunca me disse o nome de seus pais – Scott encostou a testa ao lado de meu olho – sempre vi dor em seus olhos ao tocar no assunto, por isso nunca perguntei.

– Eu não sabia, não queria causar isso – Bridget secava as lágrimas com as mãos – me perdoa, Gabriel. Estou triste por Nina, gostava muito dela, mas minha função de emissária nunca mais me permitiu visitá-la.

– Está tudo bem – falei forçando um sorriso ao beijar Elliot, que parou de rir observando meu rosto angustiado – eu preciso superar esse passado.

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