Tons de Cinza

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A maior parte dos cadáveres que serviam ao necromante começou a se desfazer em pó, uma vez que aqueles vampiros e lobisomens eram muito velhos e a magia que os mantinha não existia mais. Derek e Cora se juntaram a Scott na perseguição à Liam que havia perdido totalmente o controle de seu lado animal, fugindo em disparada pelo bosque debaixo da lua cheia. Enquanto eu curava os membros feridos da alcateia, Stiles chegou trazendo Lydia consciente e silenciosa e várias ferramentas para que o grupo começasse a enterrar os corpos ali mesmo na clareira, apagando os rastros do que Jordan estava aprontando no local.

Um dos corpos, no entanto, não estava se decompondo, nem realmente morto: a morte, que tentou matar Corey, estava sentada encostada em uma árvore, com a cabeça nas mãos e tentando controlar sua respiração. Ela tirou o capuz revelando uma jovem asiática linda, de olhar triste e perdido. Malia mostrou as garras indo na direção da moça, mas Kira a impediu.

– Ela estava ajudando os vilões! – Rugiu a coiote entredentes.

– Não vê como parece estar perdida? – Insistiu a raposa.

– Theo está morto por causa dela! – Malia continuava furiosa.

– Isso não é bem verdade, vamos ver quem ela é antes de tomar alguma decisão mais drástica – percebi que o bom senso e a calma eram marcas registradas da jovem asiática do bando.

Jackson ficou de lado e pela cara, também concordava que a garota era maligna. Ethan se abaixou ficando com o rosto na altura do dela e segurou suas mãos.

– Fique calma, ninguém vai machucar você – ele disse. – Qual é o seu nome?

– Eu... não me lembro – disse a jovem com olhar confuso.

– Eu não acredito nela – Malia rugiu de novo e Kira a tirou dali, levando-a para ajudar a terminar a limpeza do local.

Substituí Ethan na conversa com a desconhecida, que ainda trajava as vestes negras da morte, foice caída no chão por sorte sem rastros de sangue. Segurei suas mãos e analisei seu corpo com o dom de cura, percebendo que ela não tinha ferimentos, mas alguma coisa estava errada com sua cabeça. Suas memórias residuais são vastas e antigas como as de Maltec, uma vez que essa moça se chama Amanda e é a irmã desaparecida do jovem ex vampiro. Enquanto Kira e Ethan a ajudavam a tentar se lembrar de algo por conta própria, me afastei e contei o que havia acabado de descobrir para os outros. Resolvemos levar a jovem para casa até que nosso alfa retornasse e decidisse o que devia ser feito. Colocamos o corpo de nosso amigo caído em batalha em um dos carros, envolto em plástico especial que o agente do FBI havia trazido e voltamos para a área urbana de Beacon Hills, todos cansados e abatidos, sem ânimo até para conversar.

Cada um foi para sua própria casa e eu e Amanda ficamos na varanda da residência dos McCall enquanto ela tentava se acostumar a tudo que presenciava. Melissa e Argent vieram ver a moça e minha sogra não pôde deixar de examiná-la, enquanto Chris a olhava desconfiado. Expliquei-lhes a situação no momento em que Scott mandou mensagem avisando que tinham conseguido derrubar Liam e o trariam para casa já que estava inconsciente.

– Você tinha um irmão... – comecei a tentar trazer alguma memória à moça desnorteada.

– Maltec – ela gritou – ele precisa ficar longe.

– Fique calma, você está entre amigos e está segura – disse Melissa com uma voz que ela devia usar para pacientes mais difíceis.

– Eu... tenho um irmão! – Amanda falou tentando organizar as ideias.

– Você precisa descansar – falou a enfermeira – temos um quarto de hóspedes, você pode ficar nele e sair quando quiser. Está com fome ou sede?

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