Alfa e Beta

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Levantei cedo no dia seguinte para trocar Elliot e ainda me espantei ao ver Mani deitado no tapete. Tínhamos que acostumá-lo logo com uma cama e quarto próprios, mas como o rapaz foi um lobo guará a vida toda, estávamos dando algum tempo para ele se sentir menos pressionado. Scott ressonava, depois de uma noite agitada e eu me descansei para cuidar de meu filho, levando-o para a sala. Encontrei com Melissa no corredor ao lado de fora do quarto, como ela fazia logo que Elliot veio para nossas vidas.

– Você ainda faz isso, depois de tantos meses? – Perguntei sorrindo.

– Só queria saber como está meu neto – ela respondeu sem graça.

– Eu vou trocar ele lá na sala para não acordar Scott.

– Eu sei que Elliot está bem Gabriel, estou falando de meu outro neto.

– Ele também está bem – revirei os olhos enquanto ela me ajudava, já na sala, a separar as coisas para trocar o bebê.

– Coitadinho, não consigo acreditar que ele era um lobo e virou humano, isso é tão estranho.

– Seu filho é um prodígio, disso nunca duvidei. Temos que acostumar Mani a dormir em um colchão e no próprio quarto.

– Ele dorme no chão como um animal? Nossa Gabriel, pobrezinho. Pode deixar que vou ensiná-lo aos poucos, deixe-o comigo.

– Você não tem que trabalhar no centro hoje?

– Meu marido me deu uma semana de folga para paparicar meu novo neto!

– Tô com vontade de cozinhar, me ajuda a pensar. Fica com Elliot enquanto vou ao supermercado?

– E precisa pedir? Dá aqui o tesouro da vovó Mel – ela pegou o bebê fazendo aquela vozinha engraçada e não consegui não sorrir.

Enquanto caminhava até o supermercado, tive a impressão de estar sendo seguido. Torci para não ser alguém da imprensa que ficou para trás na intenção de se meter na nossa vida, o que não seria só arriscado de expor o sobrenatural, como colocaria a vida da pessoa em risco. Apressei o passo, entrei em uma esquina e saltei para a quadra anterior. Caminhei discretamente até o rapaz de cabelos longos que me procurava à frente, sem entender como havia sumido. Cutuquei sua costela e ele se virou surpreso, me encarando meio encabulado.

– C-como você? – Ele me olhava sem entender e olhava para a rua onde eu deveria estar.

– Thomas? Porque você tá me seguindo?

– O alfa genuíno não estava, resolvi explorar a cidade. Quase nunca venho na área urbana.

– Porque todo esse medo de encontrar Scott? Se me lembro bem, quando você resolveu me matar, tinha dito que o admirava.

– Não se invade o território de um alfa, especialmente um tão perigoso. – Ele cruzou os braços e virou o rosto. Usava jaqueta azul, calça preta. camisa cinza com alguns botões na gola e as mesmas botas feitas para andar na floresta. Seu cabelo estava mais curto de que eu me lembrava, mas ainda descia abaixo das orelhas.

– Ele voltou comigo ontem, o que você quer em Beacon Hills?

– Estou tentando descobrir porque o Nemeton sumiu, sabe algo a respeito? Ele é um farol, sempre me atraiu e nunca fiquei longe de sua influência. Agora me sinto vazio.

– Você sabe que lobisomens ômegas sobrevivem pouco tempo, não é? Ainda mais nessa época.

– Vai me dizer o que está acontecendo? – Ele perguntou enquanto andávamos para o supermercado.

Comecei a contar sobre os perigos que agora rondavam a cidade e sugeri que ele ficasse na zona urbana, que Scott não se importaria e eu até o apresentaria ao alfa, mas quando sugeri isso, Thomas pareceu ficar apavorado. Reparei uma moto e um carro andando juntos e me preocupei ao reconhecer o motorista do veículo, embora o cara na moto estivesse de capacete: era o cheetah que servia ao velho puma cujos poderes eu havia tirado um tempo atrás. Instintivamente, enquanto adentrávamos na loja, liguei para Maltec e depois para Liam, mas nenhum dos dois atendia.

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