Lugar Ao Sol

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Assim que Chris e Scott voltaram, subi na garupa de sua Triumph Tiger 900 para procurar os vampiros pela cidade. Argent acionou algumas equipes de caçadores e varremos toda Beacon Hills por várias horas, mas não conseguimos nenhum sinal dos maus elementos. Maltec e Isaac tinham o cheiro deles, mas disseram que o fedor estava por todo lado na mesma intensidade, tornando impossível encontrar um ponto de partida para segui-los. Voltamos à sede dos Argent para planejar a caçada do dia seguinte.

Como vampiros são fracos contra a luz do sol, provavelmente ficariam escondidos até a noite – não que eles morressem no sol, na verdade, de acordo com o que Deaton sabia, apenas ficavam mais lentos e não conseguiam usar alguns de seus poderes "mágicos" – dificultando assim sua fuga para longe. O druida nos revelou que, apesar de algumas dessas coisas serem boatos, não tendo ele próprio presenciado aquilo, haviam vampiros que podiam se transformar totalmente em lobo, como alguns lobisomens faziam. Também conseguiam virar morcego e névoa, embora ele duvidasse que isso fosse totalmente verdadeiro. Eu já tinha visto Mcallister em ação algumas vezes e pude confirmar seu poder hipnótico em primeira mão, bem como suas asas de morcego gigante e a habilidade de se teleportar a curtas distâncias. Tinha ainda aquela estranha névoa negra que o rapaz vampiro usara para fugir e que poderia ser um grande problema, já que nem mesmo em forma de lobo, os membros da alcateia McCall conseguiriam enxergar naquilo. Me perdi relembrando algumas coisas aleatórias que li no senhor sanguinário inglês enquanto ele me hipnotizava e acabei identificando outro preocupante poder daquele grupo em particular.

– Eles podem se tornar totalmente humanos por algum tempo – falei e todos me olharam sem saber de onde vinha aquilo, exceto meu alfa que já estava familiarizado com meu dom leitor.

– Nunca ouvi nada a respeito – Deaton foi complacente – mas se for mesmo verdade, isso explica porque não os achamos farejando, devem estar infiltrados em locais públicos.

– Você, Isaac e Maltec farão retratos falados – Argent apontou para mim – assim os procuraremos mesmo parecendo humanos. E quanto a você alfa, espero que saiba que não precisa se conter, essas criaturas não estão mais vivas, morreram no momento em que foram transformados.

– Eu não pretendo me conter – Scott disse apertando o punho direito dentro da outra mão, seu olhar expressando fúria e preocupação ao mesmo tempo e me deixando levemente animado.

– Não olhem nos olhos deles diretamente por muito tempo – Maltec alertou – nem todo vampiro consegue hipnotizar, mas aqueles que o fazem, utilizam o olhar direto para isso.

Terminamos bem tarde os retratos falados e fomos para casa repousar. Meu alfa teria que trabalhar na manhã seguinte ainda, então as buscas noturnas ficaram apenas por conta dos caçadores. Liam foi descansar, assim como Kira e Malia, que precisavam abrir o dojo pela manhã e o puma branco disse que ia para o Nemeton passar a noite ao lado de sua irmã. Na garupa da moto, abraçado ao tórax do meu piloto, encostei o rosto em suas costas aproveitando a curta viagem e senti seu sorriso pelo vibrar de seus músculos.

Durante o caminho, no teto de uma locadora de veículos fechada, uma mulher muito branca e estranhamente vestida nos observava e eu apontei mostrando para Scott, mas ele já tinha visto. Manobrou em alta velocidade dando a volta no local, o que obrigou a criatura a se mover para continuar nos vigiando. Freou bruscamente a motocicleta ao lado da parede da construção e com um salto veloz, ficou de pé sobre o assento e de lá pulou para o teto do lugar, um salto de quase quatro metros de altura. Não tive tempo de ficar surpreso com aquele movimento impossível, peguei o guidão da moto para que não caísse e no instante seguinte, a vampira atacou meu alfa sobre a marquise, onde não havia muito espaço para desviar, acertando suas garras venenosas no peito dele, fazendo um corte de cima para baixo e da direita para a esquerda, rasgando sua camisa e ferindo seu peitoral. Scott segurou as duas mãos da criatura e ela tentou acertá-lo nas partes baixas, mas ele moveu o corpo de lado e chutou as pernas da vampira, quebrando vários ossos dela com o golpe. Ouvi um grito que parecia mais um chiado e entendi que ele falava muito sério quando disse que não pretendia pegar leve com esses vampiros invasores. Saltou do teto ao chão com a mulher presa pelo pescoço e bateu as costas dela no asfalto em frente, provavelmente quebrando o resto de seus ossos mortos. Ainda assim ela se debatia e arranhava os braços dele, o que o forçou a quebrar os dedos de cada uma de suas mãos. Mesmo toda estropiada e quebrada, aquela coisa continuava se contorcendo e tentando feri-lo.

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