Case-se Comigo

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Sentado no sofá menor, observava a luz que adentrava na sala pela janela fechada, anunciando o dia que se iniciava. Scott embalava a criança andando de um lado para o outro e eu mal conseguia acreditar no que via. Eu não estou preparado para ter um filho, para criar outro ser vivo que dependerá de mim para tudo. Mal sei o que isso significa. O sorriso no rosto de meu alfa com aquilo no colo aliviava qualquer pensamento amedrontador e me fazia imaginar que talvez isso desse certo de verdade. Quando Chris e Melissa vieram do quarto, prontos para puxar minha orelha e exigir uma explicação pela visita na madrugada, esqueceram imediatamente daquilo, vendo a cena que se desenrolava ali.

– Uou, acho que ainda estou sonhando. – Disse a mulher passando a mão no rosto e abrindo melhor os olhos.

– Essa casa não para de me surpreender – falou sorridente o caçador.

– Mãe, nós temos um filho! – Scott repetiu e aquelas palavras eram lindas vindo dele, mas me causavam uma sensação de medo intenso pelo que viria a seguir.

– Tudo bem, tudo bem. – Ela se sentou no sofá diante de mim e olhava do filho na minha direção sem saber a quem perguntar alguma coisa primeiro, até que se decidiu. – De onde veio essa criança?

Expliquei toda a situação, desde minha ida ao hospital – sem contar a parte do teleporte – e a morte de Cibelle e do bebê. Chris sentou-se ao lado dela a abraçando pela cintura, visto que estava bastante abalada. Ela se levantou e foi até o pequeno e Scott virou suavemente o rosto para que sua mãe o visse.

– Não toca – falei assustado. – Scott afastou o recém nascido dela, lembrando do que houve antes quando ele o segurou pela primeira vez.

– Ele é meu neto, Gabriel! É a cara do Scott. Porque não posso segurá-lo?

– Não é isso. Bem, é que ele é perigoso.

– Como uma criança desse tamanho pode ser perigosa? – Ela pôs as mãos na cintura parecendo frustrada por não poder segurar o bebê.

Narrei o estado do menino e como ele parecia morto ao ser encontrado e expliquei que ele provavelmente vitimara a mãe e só não matava Scott, porque o alfa completava a criança de alguma forma, mas ainda assim se nutria dele.

– E não há algo que possamos fazer? – Ela perguntou visivelmente ansiosa para ter o "neto" nos braços.

– Eu posso tirar isso dele, o poder de absorver a vida, mas não sei se ele vai conseguir se alimentar sem isso. Quanto tempo de vida até ele poder viver com comida normal?

– Querido – ela se colocou ao meu lado me abraçando pela cintura – você não sabe nada sobre criar um filho, não é?

– Não é como se eu tivesse planejado isso. Tenho certeza que é meu, consigo sentir isso, mas não tenho a menor ideia do que fazer agora.

– Primeiro – disse Argent sendo a pessoa mais centrada ali no momento – precisamos manter a criança segura e bem alimentada. Depois descobriremos se vocês podem ficar com ele legalmente.

– Ele já pode tomar leite – disse a enfermeira se entendendo melhor na situação, acostumada a lidar com emergências – comida de verdade só aos três meses, embora seja melhor adiar mais.

– Ele deve ter meu dna – falei lembrando o que havia conversado antes com Scott – então um exame comprova a paternidade. O difícil vai ser explicar como a mãe morreu.

– Eu resolvo isso – o caçador falou – estou acostumado a lidar com mortes inusitadas.

Fomos todos para o hospital para fazer exames no bebê e coletar material para o dna e um grande número de caçadores tomou o controle do prédio, utilizando algum artifício político do qual eu não estava ciente. O mapeamento genético normalmente pode levar até duas semanas, mas conseguimos os primeiros resultados em cinco dias. Nesse tempo, o garoto ficou no hospital e era "alimentado" por meu alfa algumas vezes por dia. Sempre que ele terminava o processo, varria seu corpo com o dom de cura procurando algo diferente, mas nada mudava. Era como se a criança pegasse apenas aquilo que precisava dele e, por seu status e poder de alfa genuíno, não chegava a abalar sua estrutura física. Eu esperava que isso não tivesse consequências no seu poder enquanto transformado.

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