Segundo Sol

8 5 3
                                    

– Scott... – disse o rapaz ainda chorando – eu a matei, Scott! Eu precisava... eu...

– Fica calmo – meu alfa o abraçou, colocando a cabeça do rapaz em seu ombro – eu sei como você se sente, é complicado.

– Ela já estava morta – lembrei – não é como se fosse um crime. Não tem porque ficar se culpando.

– Mesmo assim – Stiles disse soluçando – foi tão bom, eu precisava disso, entende? Não seria justo que ela continuasse de volta dos mortos, enquanto Derek... ele, ah meu deus!

– As vezes é difícil não matar – o lobisomem disse olhando nos olhos do humano – veja o que eu fiz com Mcallister. Não consegui pensar direito, perdi o controle e acabei virando um lobo gigante irracional.

Depois de um tempo naquele abraço reconfortante, o agente do FBI se levantou e ateou fogo na pira funerária que havia montado. Nem eu, nem meu noivo tentamos impedi-lo. Dificilmente a mulher monstro voltaria das cinzas que restariam daquilo. Nos mantivemos distantes até que não restasse mais nada, depois de um bom tempo alimentando o fogo. Quando já não restava mais nada, exceto as cinzas e alguma fumaça e vestígios, voltamos para a zona urbana e o filho do xerife disse que queria ir sozinho conversar com Chris Argent na sede dos caçadores. Não sabíamos como o líder do grupo ia reagir, já que se tratava de sua irmã de sangue, mas Stiles fez questão de resolver isso por conta própria e disse que pagaria o preço que fosse necessáro. Voltamos para casa já debaixo da lua crescente que dominava o céu noturno, abraçados e silenciosos, cúmplices daquilo que o humano havia feito, mas satisfeitos e com a sensação de ter feito o que era correto. Muita gente ainda ficaria bem por causa daquele acontecimento e isso servia de certo modo, como conforto.

– Gabe, você não está usando o seu presente de aniversário – Scott me perguntou logo que entramos em casa – já faz uns dias que reparei isso. Você não gostou? Pode me dizer, eu aguento!

– É exatamente o contrário disso. Gostei por demais, mas Elliot fica tentando pegar ele e não quero que quebre ou machuque as mãos do pequeno, por isso deixei guardado no nosso quarto. Aliás, como foi que você conseguiu e, mais importante, como foi que soube sobre os dentes de lobo guará?

– O Alan me ajudou nisso, parece que é uma lenda lá onde você nasceu. Quando vamos conhecer sua terra natal? – Perguntou enquanto eu colocava o bebê adormecido no berço. Ele havia ficado com Emma enquanto fomos atrás de Stiles e ela foi para o hotel assim que retornamos.

– Você quer mesmo isso? Eu adoraria voltar lá com você do meu lado. Minha mãe usava um colar como aquele e eu o vi com ela em um sonho recente.

– Quando tudo estiver tranquilo por aqui - ele disse sem acreditar que realmente esse dia chegaria - daremos um pulo onde você nasceu, estou muito curioso para conhecer o lugar.

Melissa ainda estava no hospital, o turno dela ia até as onze da noite e o líder dos caçadores chegou, parecendo não muito feliz, querendo conversar com meu alfa. Veio direto até nós com cara de poucos amigos, o que dava para entender bem dada a situação e acontecimentos recentes.

– Você está bem com o que Stiles fez com Kate? – Ele perguntou cruzando os braços e encarando o rapaz com olhar penetrante.

– Como eu poderia julgá-lo, depois de perder o controle e dilacerar Mcallister daquele jeito?

– É muito bom saber disso – disse Chris colocando a mão direita no ombro esquerdo dele com aquele tradicional sorriso sádico – porque teremos que fazer o mesmo com Gerard. Esses fantasmas não são a minha família, não mais.

– Eu não tinha pensado nisso – Scott disse analisando a questão de sua maneira singular – mas será como vocês quiserem, já que estão diretamente envolvidos. Eu estou cansado de ameaças sobrenaturais por todos os lados, precisamos fazer algo mais definitivo e tomar o controle da situação de uma vez por todas.

Olhos MísticosOnde histórias criam vida. Descubra agora