Volta Pra Mim

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O encanto hipnótico havia se quebrado para sempre com a morte do vampiro, mas eu ainda estava paralisado pela cena que acabara de assistir. Um grande buraco disforme existia agora onde antes era a janela da sala e os sofás, paredes e piso estavam banhados em sangue, com pedaços de corpo espalhados para todo lado. O sangue era diferente, no entanto, quase preto e os pedaços envelheciam a olho nu, mas ainda era terrivelmente assustador. A porta da frente se abriu e Chris entrou, abraçando Melissa que soltara um grito apavorado diante daquela cena. O caçador a levou para a cozinha e pouco depois me arrastou dali também. Demorei um tempo até poder responder as perguntas que eles tiveram que fazer várias vezes e a mais recorrente e urgente era "o que foi que aconteceu".

Contei tudo, desde a primeira visita do vampiro, até a fuga de Scott e Chris Argent começou a fazer ligações, no intuito de procurar meu alfa pela cidade, para que não acabasse matando uma pessoa de verdade e não apenas um morto vivo vampiresco. Ao mesmo tempo, tivemos a péssima idéia de assistir a televisão, onde um jornal regional transmitia um rastro de mortes por Beacon Hills, todas as testemunhas afirmando terem visto o maior animal de suas vidas, mas não concordavam se seria um lobo, leão ou urso gigantesco. Alguns amigos do namorado de Melissa chegaram para fazer a limpeza, já que nem eu e nem ela teríamos condições e resolvemos fazer algo leve para comer, enquanto esperávamos notícias melhores.

Stiles e Lydia chegaram logo depois, o rapaz atrapalhado tentado falar e entender tudo ao mesmo tempo e a banshee com a cara preocupada e olhar distante, prevendo alguma coisa ruim, embora não tivesse dito nada ainda.

– Eu vejo uma trilha de corpos, maior que a que já existe e estou andando agora por ela – Lydia começou a dizer de olhos fechados. – Alguma coisa está vindo, é grande, como um lobo e essa cidade já passou por isso antes. Ele quer me matar, oh deus, não...

– Calma Lydia – Stilinski a chacoalhou interrompendo o transe – mesmo que Scott tenha ficado igual o Peter alfa, ele não mataria você.

– Mas eu senti Stiles, a sede de sangue. Aquilo queria me matar e está lá fora esperando, eu sei que está.

O namorado a tirou dali e levou para o quarto de hóspedes. Coloquei comida no prato para acompanhar Melissa e Chris – esse estava ainda ao telefone – mas não consegui comer. Algo estava terrivelmente errado. Não sei o que levou meu alfa a se transformar no monstro gigante, mas tinha certeza de que ele não mataria ninguém, mesmo naquela forma e não podia ser culpado por matar Mcallister, vampiros não estão vivos e ele era perverso em um nível nunca antes visto por mim.

Decidido, abandonei a comida e sai, dizendo que precisava fazer algo importante. A mãe de Scott gritou comigo pedindo para que eu ficasse e Chris veio até mim para tentar me parar, mas fugi correndo, procurando o norte, na direção do bosque que levaria ao Nemeton. A lua no céu ainda era minguante, a noite fria e o cheiro do sangue do vampiro, mesmo agora ainda atormentava minhas narinas. Seu toque gelado e presas dolorosas iriam me perseguir por um tempo ainda, mas afastei os pensamentos, focado na pequena chama que ardia em meu coração. Sabia que Scott precisava de mim, estava furioso e descontrolado, mas não era um assassino. Precisava trazê-lo para casa, de volta pra mim.

Atravessei a cidade correndo como um louco, indo pelas ruas mais escuras e menos movimentadas e não vi nenhum corpo durante todo o percurso. Seja o que for que o noticiário tenha mostrado, não estava a norte da cidade. Quase meia hora após sair de casa, já havia recuperado o cansaço quatro vezes para não precisar parar e finalmente cheguei no bosque. Não tinha faro apurado, nem a super audição que meus amigos possuíam, mas precisava encontrar meu alfa o quanto antes, guiado apenas por meu coração em chamas. Andei por entre as altas árvores, tentando não fazer barulho, mas meus pés insistiam em quebrar um galho a cada passo ou esmagar folhas secas aos montes. Suspirei continuando, mas parei logo depois ao ouvir o mesmo barulho que eu fazia. Me escondi atrás de uma grande árvore e saltei sobre o vulto que passava por ali, na esperança de surpreender quem quer que fosse, embora não tivesse uma maneira eficiente de derrubar a pessoa. Cai sentado na barriga de Corey Bryant e a lanterna que ele carregava rolou, focando nos dois com sua luz, ainda ligada.

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