Luna.

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Bom dia/ Boa tarde/ Boa noite/ Boa madrugada.

Volteiiiii !

Boa leituraaaaaa !

Byeeeeeeeeee !

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Toda os dias quando acordo eu costumo respirar fundo, fechar os olhos e ignorar todo o barulho a minha volta, desde as incansáveis batidas da minha mãe na porta do meu quarto e a sua voz irritada por eu nunca acordar cedo quando na verdade eu acordo cedo, eu apenas não quero levantar, não sinto prazer nenhum em tomar café com a minha família, então apenas enrolo enquanto me arrumo lentamente para sair atrasada como sempre não dando a ninguém a chance de me fazer ficar para tomar café e ter um início de manhã desagradável.

As vezes eu também costumo sair de fininho pela janela para correr próximo a floresta proibida onde todos evitam passar ao menos por perto daquele lugar, exceto quando não há outra alternativa, a entrada de membros da alcatéia na floresta proibida e permitida apenas pelo alfa, no caso meu pai, ninguém entra ali sem a sua permissão não importa para o que seja. Eu sempre tive curiosidade de entrar na floresta e saber o porquê ela tem acesso restrito, então sempre que corro pelas proximidades dela eu costumo parar e observar as placas de aviso, encarar a floresta me dá a sensação de que tem algo lá, algo que me chama, que grita por mim o tempo todo á espera de que algum dia eu não resista a minha curiosidade e então quebre a maior regra de todas impostas pela a alcatéia.

Entrar nessa floresta sem a permissão do alfa seria o mesmo que desafiar não só a ele, mas também o conselho.

Seria a pior coisa a se fazer, depois de falar em voz alta que é a primeira alfa, declarando simpatizar com a bruxa da história e a maldição lançada por ela.

Maldição que para eles diminuem e desqualificam os homens da alcatéia.

Não posso nem contar quantas atrocidades eu já vi acontecer com as mulheres que foram contra os ideais do alfa, ideais que foram passados adiante de geração para geração, cada vez menosprezando ainda mais as mulheres e as submetendo as vontades dos homens. Suspiro encarando a floresta proibida sentindo aquela sensação estranha em meu peito enquanto os pensamentos sobre ter algo ali que chama por mim e que tenta dominar a minha mente voltam à tona.

- O que você quer de mim ? - pergunto mesmo sabendo que não receberia uma resposta.

Continuo encarando as árvores sentindo o vento gelado e os pingos da chuva forte e repentina me fazerem tremer de frio, então fecho os olhos inclinando a cabeça para cima aproveitando a sensação gostosa de paz que me invade nesse momento, até ouvir passos e o barulho de galhos quebrando, então eu abro os olhos rapidamente e olho em volta.

- Quem tá aí ? - pergunto olhando para a floresta.

O barulho dos galhos quebrando novamente me deixa em alerta, porém me sinto patética ao ver um esquilo sair correndo da floresta, se eu tivesse meus genes de lobo ativo eu saberia reconhecer que se tratava apenas de um esquilo inofensivo.

- Luna. - ouço minha voz ser sussurrada e me viro em busca do dono ou dona da voz, mas não há ninguém.

Respiro fundo entendendo que já está na hora de voltar para casa, as coisas já começaram ficar estranhas, então não vou colaborar para que alguma coisa bizarra aconteça. Corro pela trilha de volta para casa com uma sensação estranha de estar sendo observada, mas não tenho coragem de olhar para trás ou para o lado, apenas mantenho meu olhar focado na estrada a minha frente.

As vezes eu penso que não ter meus genes de lobo ativado naturalmente foi uma benção, principalmente quando chego a nossa vila, quando eu vejo como as coisas são e que nada muda, eu simplesmente agradeço por ter genes defeituosos que estão me dando uma oportunidade de ter uma vida comum longe desse lugar. Eu sei que eu deveria querer seguir a tradição e honrar o legado desagradável da minha família, mas eu simplesmente não nasci pra isso, eu não me vejo como membro da alcatéia.

The First Alpha. ( The Curse )Onde histórias criam vida. Descubra agora