Burguês na favela - sasunarusasu

25 - Estranho

Sasuke

As vezes me sinto meio inútil. Quando paro para pensar que mudamos de vida a pouco tempo e meu pai já arrumou um trabalho como policial já que esteve a vida toda nesse ramo e meu irmão, apesar de despreocupado com tudo, também. Minha mãe além de cuidar de tudo na casa trabalha como manicure nas horas vagas, eu nem sabia que ela fazia isso!

Pelo visto todo mundo na minha família conseguiu dar seu jeitinho e só eu estou sem um rumo na vida. Quero seguir carreira como meu pai, ser um empresário podre de rico, estava tudo certo, escola particular poupança para minha faculdade no exterior e agora eu perdi tudo isso e vou ter que andar com as minhas próprias pernas.

Sorte a minha que nasci com facilidade para aprender, caso contrário eu estaria fodido. Mas será que eu deveria arrumar um emprego também? não, isso é muita humilhação pra quem andava em tapete vermelho.

O que me faz sentir realmente uma ameba é o fato de até o Naruto aquele bobão trabalhar, até aquele zero a esquerda é responsável e eu não é isso que me irrita.

Já sei, vou dar uma volta sozinho e pensar a respeito quem sabe não mudo de idéia. Levanto da cama e troco meu uniforme ridículo que sou obrigado a usar pelas minhas roupas impecáveis e de última moda. Um pouco demais para usar na rua, mas estou acostumado com atenção em exeço.

Caminho pela calçada observando cada pessoa que passa por mim. Há alguns bêbados essa hora da tarde e também gente falando alto demais... escandaloso é o que não falta por aqui. Também crianças ramelentas e sujas de terra chutando bola no meio da rua com carros bozinando. Tênis pendurados pelo cadarço nos fios dos postes de energia e muita pixação, isso é poluição para os olhos. Além de muita gente feia maltratada pela vida. Misericórdia, nas novelas e filmes as favelas são bem mais bonitas do que essa realidade horrenda que me dá calafrios. Ainda não me acostumei com tanto pobre junto.

Umas garotas acenam para mim e eu apenas finjo que não vi, bicicletas com uma tampa de pote presas na roda para fazer som de moto passam a mil por hora bem ao meu lado me dando sustos de minuto em minuto. Além de uma molecada correndo me empurrando como se não me vissem ali. Carros com som estourado tocando desde funk a axé. Velhos fumando em um bar que só de chegar perto me causa náuseas. Lixo jogado em qualquer lugar e vidros de garrafa quebrados colocados nos muros. Realmente um caos total.

Mais a frente horas depois explorando entro em um beco, sempre tive curiosidade para saber o que havia neles. Agora vejo que há muita garrafa quebrada, camisinha usada e algo como tampinha de caneta. Balanço a cabeça querendo voltar para casa o mais rápido possível, mas um som chama minha atenção.

Algo bate no chão causando um som incomum. Acelero o passo cautelosamente para não ser pego e ponho apenas os olhos para fora do beco me chocando com o que vejo. Um cara acaba de bater em outro e sair correndo com sua carteira e provavelmente outros pertences. Ele usava um capuz preto, mas pude ver que a cor do seu cabelo era de um ruivo bem avermelhado. O cara no chão sangrava um pouco na testa e resmungava palavrões.

Quando ia dar as costas ouvi algo que me instigou a curiosidade então parei.

— Maldita Akatsuki.

Akatsuki? que nome esquisito para se dar a alguma coisa. Melhor eu vazar logo antes que aconteça algo parecido comigo. Assim que vou me mandar dali alguém aparece na minha frente, subo o olhar lentamente e é aquele mesmo cabelo cor de sangue.

— Olha o que temos aqui... senti cheiro de playboyzinho - vejo um sorriso sínico tomar seus lábios e engulo em seco.

Só aí olho em seus olhos e automaticamente sua expressão muda, ele pareceu arrependido assim que me notou. Franzo as sobrancelhas, eu estou intimidando um bandido maior que eu? ou estou apenas ficando louco?