53 - Câmbio, desligo

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Madara (com quinze anos)

Hashirama e eu já éramos amigos a quase cinco anos, nos conhecemos quando crianças. E em pouco tempo ele e meu irmão já eram as pessoas mais importantes pra mim no mundo. A gente conversava, explorava as ruas do meu bairro, caçava formigas por diversão, entre outras mil aventuras que nos metemos juntos desde a infância até a adolescência.

Eu sabia que ele era proibido pra mim, meu pai desde muito cedo me dizia para ficar longe de qualquer Senju e várias baboseiras sobre eles que descobri mais tarde ser tudo mentira. Quando vi que o Hashirama era um Senju, fiquei meio na defensiva, mas ele não se importou com a briga entre nossas famílias e me estendeu a mão quando eu precisei, com um sorriso no rosto, o mesmo sorriso que ele estampa todos os dias.

Ele sempre foi como o raio de sol ambulante e eu como um cara problemático que precisava de terapia, ele era minha terapia.

Há um tempo atrás, meu pai tinha descoberto nossa amizade e nos feito jurar que nunca mais iríamos nos ver, ele foi rigoroso e quase recebi um castigo daqueles, mas felizmente eu me fiz de inocente dizendo não saber que ele era um Senju e meu pai acreditou. Pensei que nossa amizade estaria acabada para sempre, até que um dia eu estava no meu quarto e ouvi meu walkie-talkie chamando.

Estranhei e coloquei no ouvido, era Hashirama, meu sorriso surgiu instantaneamente no rosto.

— Pirata mortífero, na escuta? — ouço a voz chiada através do rádio e mordo o lábio contendo minha emoção, esse era meu codinome que criamos juntos quando tínhamos nove anos e mesmo agora, quatorze, ele ainda se lembra.

— Sempre a ouvidos, guerreiro dos montes — não aguento e acabo rindo, ele sempre amou coisas que soassem poéticas, por isso o nome — espera... como você está falando comigo? essa coisinha barata de plástico é tão potente assim? — estranho.

— Mas é claro que ela é, esse rádio é mágico — rimos juntos.

— Conta outra.

— Ok, você me pegou... olha pela janela.

Fico confuso, mas caminho até minha janela, a abro indo até a sacada e coloco a mão na boca para evitar de berrar assim que o vejo escorado no meu portão. Ele acena contente e eu faço o mesmo.

Olho em volta e para baixo, apoiando a mão na grade da sacada, garantindo que ninguém iria vê-lo ali.

— O que você tá fazendo aqui seu doido? — pergunto através do walkie-talkie, mas olhando para ele.

— Queria te ver.

— Meu pai vai te matar e fazer um churrasco com seu cérebro! — sussurro.

— Não tenho medo dele — ele tomba a cabeça para o lado, meu Deus... os olhos dele são tão brilhantes.

— Pois eu tenho, vaza daí — digo quando saio do transe.

— Poxa, achei que nossa amizade estava acima de tudo — ele diz manhoso fazendo graça — pelo visto me enganei.

— Para de drama vai — reviro os olhos rindo — só estou dizendo isso porque me importo com você, para de ser louco.

— Louco só se for por você — ele pisca e em seguida gargalha, ele adora fazer isso, me deixar sem jeito.

Deito minha testa no meu braço para me esconder, ele sempre consegue me derrubar facilmente. Espero meu rosto parar de esquentar e me levanto novamente.

— Todo engraçadinho né? — digo cerrando os olhos, o observando balançar de um lado para o outro com a mão em um dos ferros do portão.

— Tudo bem, eu vou — ele suspira desistindo, Hashirama pula para trás ficando na calçada — mas eu vou voltar, não pense que vai se livrar de mim tão cedo.

Burguês na favela - sasunarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora