28 - Briga

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Sasuke

Volto para a quadra no terraço do meu avô, vestindo uma camisa e um shorts branco além da viseira. O problema dessa situação é que eu simplesmente não sei jogar tênis.

Me pergunto o que caralhos isso tem a ver com a polícia.

— Bora garoto, pronto para perder? — ele quica a bola verde claro no chão algumas vezes, parece bem animado com isso.

— Engraçado você né — digo irônico me posicionando do lado oposto — mas vem cá, porque isso? mais uma das suas lições sem sentido?

— Pensa rápido — ele diz já batendo a raquete na bola.

Não tenho tempo nem de raciocinar e sou acertado na barriga com ela.

— Ei!

— Eu disse pra pensar rápido.

Bufo revirando os olhos e quico a bola antes de fazer o saque.

Ele rebate e eu não consigo fazer o mesmo, ela passa por cima de mim porque meus instintos me fizeram abaixar.

— Não é assim que se joga tênis garoto — ele diz — você bate na bola com a raquete e não foge dela.

— Eu sei — resmungo irritado com o sarcasmo.

Busco a bola e jogo mais uma vez. Agora eu consegui rebater.

— Vai me falar porque estou aqui ou não?

— Está porque eu mandei você estar.

— Tchau — me viro saíndo da quadra, ele ta pensando que é quem?

— Espera, espera — ele segura a bola — era brincadeira.

Volto. Não tem milionário, bilionário, trilionário nem zilionário no mundo que mande em mim.

— Acho bom — sorrio irônico.

Ele faz careta e joga bola com força na minha direção, me fazendo correr pro lado oposto de novo.

— Esqueci, desculpa — levanto os braços em redenção e busco a bola.

Depois disso até que conseguimos manter um ritmo bom, se desconsiderar as infinitas vezes que erro na raquete ou sou acertado pela bola. Não nasci pra esse tipo de humilhação.

— Enfim — ele joga a bola — voltando ao assunto, não são "lições sem sentido" — ele faz uma voz tosca ao repetir a frase que eu disse alguns minutos atrás.

— Ah não? e o que foi aquela palhaçada no primeiro dia? — acerto a bola.

— Uma lição importante, da qual você foi péssimo.

— E por que? fiz o que me pediu — digo sem tirar o foco da bolinha — inclusive, até hoje você não me contou qual era a resposta certa.

— Porque não tinha uma resposta certa — ele diz — eu queria saber com que tipo de idiota eu estava lidando dependendo do que me diria quando eu voltasse.

— Se não tinha resposta certa, como eu fui mal?

— Das milhares de opções possíveis você foi logo na mais óbvia, bens materiais.

— Já se olhou no espelho velhote? — digo simplista — essa casa é o reflexo do seu egocentrismo.

— Quem está querendo seguir uma carreira que exige paixão aqui é você, não eu, estou muito bem com minha aposentadoria — ele dá de ombros.

— Tá, e o que você teria feito no meu lugar?

— Teria apontado para mim mesmo — ele diz sem pensar muito — eu sempre fui a coisa mais importante para mim.

Burguês na favela - sasunarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora