Burguês na favela - sasunarusasu

22 - Chamada

Sasuke

Tentei evitar meu avô o dia todo, com medo dele vir me esculachar depois de descobrir que eu perdi um negócio super caro porque estava... enfim.

No café da manhã esperei ele sair da mesa para ir comer, mas mesmo com uma casa gigante dessas não foi fácil me esconder por muito tempo. Na hora do almoço eu pensei que ele já havia comido só que pelo visto o velho tem um saco furado no estômago e voltou.

Eu estava comendo com Naruto ao meu lado, conversámos baixinho sobre o que falaríamos na hora que descobrissem o que sumiu, nossas histórias precisavam estar combinadas previamente para evitar que meu avô desconfie de qualquer coisa.

O velho sentou-se a nossa frente, diferente do lugar que ele costuma ocupar. Engoli em seco minhas palavras e voltei a comer como se nada tivesse acontecido, se eu der sorte ele nem percebeu ainda.

— Como foi ontem, Sasuke? — ele puxa assunto pegando um pouco de suco.

Não sei se ele está sendo cínico ou realmente ainda não faz ideia. Olho para Naruto buscando ajuda, mas ele está tão assustado quanto eu.

— F-foi tranquilo — bebo meu refri tremendo mais que vara verde.

— Estranho, porque vocês saíram de madrugada?

Quase engasgo, como ele sabe?

— A gente foi no banheiro — tento não gaguejar — lá dentro não tinha um.

— E dormiram no banheiro por acaso? — ele diz apoiando o rosto em uma das mãos sobre a mesa nos olhando com tranquilidade enquanto come uma torrada.

Ele sabe, eu tenho certeza que ele sabe.

— A gente... — quando vou inventar a próxima mentira, Naruto coloca a mão em minha coxa por baixo da mesa, me fazendo ficar quieto.

— Mas nós voltamos — ele franze o cenho confuso, até eu quase acreditei — que estranho... você estava observando a gente?

— Isso não é da conta de vocês — o idoso responde e em seguida atira o diamante na mesa — da próxima vê se tomem mais cuidado, onde você estava com a cabeça Sasuke? e se não fosse só uma simulação? você estaria atrás das grades agora.

Pressiono um lábio contra o outro com cara de cachorro abandonado, pelo canto do olho vejo Naruto segurando uma risada e em seguida dando dois tapinhas na minha coxa. Reviro os olhos, ele pensou besteira.

— Sim eu sei... desculpa — digo ao meu avô — me distrai por um momento e quando vi já era.

— Policiais não se distraem Sasuke, estão sempre atentos.

— Já pedi desculpas, o que quer que eu faça!?

— Desculpa é só uma palavra qualquer se você não coloca em prática o peso dela.

Volto a comer segurando a vontade de resmungar mil e um xingamentos.

— Hoje mais tarde vou te esperar lá fora, vamos sair um pouco — ele diz se levantando.

— Eu não sou um cachorro, não preciso que me leve pra passear — provoco, não quero sair, ainda mais com ele.

— Não me lembro de ter perguntado se você queria ir — ele diz já se retirando — e vê se coloca uma roupa decente, não quero que pensem que eu estou andando com um jeca tatu.