Burguês na favela - sasunarusasu

1- Vida antiga

Sasuke

Pensei que minha vida iria voltar ao normal depois que recuperasse todo meu dinheiro, mas a verdade é que não foi bem assim, as coisas aconteceram de um jeito que eu não queria e no fim tudo ficou ainda pior.

Sem meu pai essa casa nada tem significado algum, quando eu entrei aqui de novo depois de muito tempo a primeira coisa que fiz foi chorar, não de alegria mas de dor. Passei dias seguidos no meu quarto não fazendo absolutamente nada além de comer e dormir, eu estava em um estado péssimo, não tinha força nem para levantar.

Meu pai era frio e as vezes meio chato, mas eu o amava de um jeito inexplicável, ele era tudo para mim e minha maior inspiração. Quando ele se foi meu mundo desabou inteiro, perder alguém importante é a pior coisa que pode acontecer e ainda mais se você se culpa por isso.

Haviam dias em que até me alimentar era impossível, a tristeza não deixava espaço para mais nada no meu corpo, os enjoos foram meus maiores amigos nesse período. Mal trocava duas palavras com minha mãe e meu irmão, eu simplesmente não conseguia, o trauma de ver ele morrer bem na minha frente foi muito grande.

Passei dois meses assim, não pisava fora do quarto para nada. Meus amigos ficaram preocupados comigo em um certo momento, mas minha mãe explicou para eles a situação. Porém o tempo todo eu queria que Naruto estivesse comigo, fazendo piadas idiotas mesmo que eu não risse, ou ficasse quieto ao meu lado, só queria ele comigo.

Mas eu nunca fui bom em cumprir promessas.

De inicio eu não queria ver ninguém, principalmente ele, eu estava surtando comigo mesmo e me sentindo a pior pessoa do mundo, achava que não merecia alguém tão incrível como ele e só o afundaria com a minha tristeza. Meio dramático eu sei, é o que eu penso agora, mas na época minha cabeça estava totalmente perturbada com pensamentos intrusos desse tipo, foi realmente uma experiência terrível que não desejo para ninguém.

Depois daqueles dois meses, eu comecei a ficar com a minha família aos poucos, eles precisavam de apoio e eu não podia ser tão egoísta, mesmo no fundo do poço, eu forcei um sorriso e fingi que estava tudo bem. Fui melhorando com o passar do tempo, o luto estava diminuindo conforme eu aprendia a lidar com a situação.

Assim que me senti pronto para seguir com a minha vida, a primeira coisa que pensei em fazer foi pedir desculpas para o Naruto e vê-lo de novo, mas já era tarde demais e ele tinha me bloqueado em tudo, me senti péssimo. Eu devia ter pelo menos explicado e não apenas deixado ele pensar o que quisesse.

Eu queria ir para a favela, ver ele pessoalmente e resolver isso, mas eu não conseguia, aquele lugar foi onde meu pai morreu e eu não queria sentir aquela sensação horrível e sufocante de novo logo quando estava começando a melhorar. Então eu deixei de lado, talvez Naruto me odiasse agora e era isso que eu merecia, tanto faz.

Era essa a mentira que contei para mim mesmo nesses últimos meses toda vez que me pegava pensando nele, mas agora não era hora para isso, eu tinha que me arrumar para um evento chato de família.

Meus parentes distantes não ergueram um dedo para ajudar minha família quando estávamos na pior e agora que voltamos para a classe alta eles resolveram lembrar que existimos. Me arrumei colocando um terno chique, não gosto mais disso como antes, acho bem desconfortável e confesso que se eu pudesse iria de bermuda e chinelo.

As vezes sinto falta dos meus dias como pobre, não dos perrengues que passei, mas das coisas boas. Eu era feliz de alguma forma, são minhas lembranças mais bonitas. Aquele lugar me proporcionou uma aventura e tanto, além de me obrigar a conhecer meu garoto.

Sorrio bobo lembrando dessas coisas, mas balanço a cabeça afastando tudo isso, talvez eu comece a chorar aqui e não posso ir de olho inchado e vermelho, vão pensar que eu fumei maconha.