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''Se há algum conforto na morte de alguém que amamos, é o de saber que a pessoa está indo pra um lugar onde não há tristeza, maldade e dor.''

CAMILA

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CAMILA.

Reage Camila.

Reage.

Reage.

REAGE, PORRA..

Dor. Medo. Saudade. Culpa. São os sentimentos que tomaram conta de mim. Faz um mês que estou enfurnada nesse apartamento, ignorando as únicas pessoas que se importam comigo, e que mesmo os afastando, eles continuam vindo aqui ou me ligando e me mandando mensagens.

Allan vem todos os dias, e mesmo eu não abrindo a porta ou se quer o responder, ele apenas se senta do lado de fora, me conta repetidas vezes o quão está sofrendo com a minha, nossa, distância.

Todos os dias ele vem, deixando claro que não vai me abandonar. Que não estou sozinha. Que sente falta de estar comigo. Sua dor se mistura com a minha todos os dias, assim como nosso choro doloroso e intenso, e a única coisa que nos separa é a maldita porta em que ficamos encostados, compartilhando lágrimas.

Tudo o que eu queria mais cedo era abrir a maldita porta, abraçá-lo e dizer que sento sua falta, e que preciso que ele cuide de cada maldito pedaço quebrado que me tornei, mas não podia. Precisava de espaço, precisava ficar só, sentir cada gota de lágrima que tinha no meu rosto secar, tentar amenizar essa confusão dolorosa que me tornei.

Passei dias sozinha, comendo mal e dormir era raridade. Gritava, orava implorando para que essa dor chegasse ao fim, e mesmo sabendo que não sumirá, tenho a certeza de que sei viver sem minha mãe por perto, mesmo que hoje ela não esteja mais em um hospital. Eu sei viver sem a ter ao meu lado, pois foram anos sem a ter por perto, mas isso não significa que não doa, que não me machuca, pois machuca demais.

A esperança em que tive, em que alimentei durante todos esses anos, de tê-la comigo, do meu lado, de que ela acordaria algum dia, foi arrancada de mim, foi morta, assim que a vi em um caixão. Fiz de tudo para manter, se quer, ela de alguma forma por perto, e mesmo assim ele voltou e a tirou de mim, só que dessa vez para sempre.

Queria saber o que fiz de errado para sofrer tanto assim.

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Hoje fiz diferente dos outros dias. Me levantei, arrumei toda a bagunça que fiz no meu apartamento, escutei algumas músicas que me acalmam, e depois passei a tarde toda tocando e cantando, as músicas que cada pessoa que amo gosta, até mesmo cantei Beyoncé sozinha pensando em meu amigo.

A escuridão da noite foi chegando e, mesmo que meu peito ainda esteja cheio de tristeza e medo, ele também tem uma grande dose de saudade, tanto de quem me deixou, como de quem sempre esteve ao meu lado.

Mandei mensagens para os meus amigos dizendo que eu estou melhorando e que logo os verei. O retorno das mensagens foi instantânea e, depois de tantos dias sem sorrir, um sorriso genuíno cresceu em meu rosto por saber que tenho eles ao meu lado.

A única pessoa a quem não mandei mensagem foi Allan. Mesmo com tanta dor que carrego, o lugar que ele conquistou em meu coração continua aqui, firme e forte, vivo, somente por amá-lo.

No meio de tantas ruínas que me aconteceram, Allan estava ali, segurando as minhas mãos, mesmo não entendendo nada, mesmo perdido na escuridão que me pertencia. A verdade é que Allan ainda continua a me segurar. Sou eu que não posso soltá-lo, sou eu quem também não soltarei de seu aperto.

Passei horas buscando coragem para ir até ele e, quando a tive, foi uma luta para tocar sua campainha. Allan tinha passado mais cedo em meu apartamento, e como todos os dias, ele se sentou ao lado de fora, chorou comigo, e me mostrou mais uma vez que não estou só. Queria que a coragem que eu estava procurando tivesse aparecido naquela hora, mas fui covarde, e apenas apaguei a luz e corri para o quarto. A culpa por estar fazendo-o sofrer junto a mim por tantos dias me corroía.

Mas aqui estou eu, com coragem ou não, vim até ele, pois Allan sempre foi até a mim. Quando a porta se abriu, ele me surpreendeu com aquele abraço onde me senti mais em casa do que qualquer outro lugar. Me recebeu com seu carinho que aquece não só meu coração, mas sim, a minha alma.

Deus, com senti falta desses seus abraços.

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Estamos sentados no sofá, um de frente para o outro. O silêncio tomou conta do lugar, mas os olhares de Allan em minha direção me diziam o quanto ele está assustado, como se eu não passasse do fruto de sua imaginação. Seus dedos fazem uma suave carícia em minha mão, como se isso afirmasse a cada segundo que tudo é real.

__Eu...

__Posso falar primeiro? __ pergunto, interrompendo-o e o mesmo anui. Respiro fundo, tomando mais coragem. __ Sei o quanto está no escuro, perdido em relação ao que me aconteceu. __ele assentiu sem cessar as carícias de seus dedos.__ Também sei que te ignorei todos esses dias, mas quero que saiba que..

__Precisava de espaço. __completa, eu concordo.

__Não foi de propósito.__ Lamento.

__Eu sei que não.__ Diz compreensivo, mesmo que eu sinta sua tamanha tristeza.

__O que vou lhe contar, é a pior coisa que já me aconteceu, é o que vem me torturando durante todos esses anos.. Então, se você quiser saber de tudo, eu estou pronta para contar.

Ele vem para mais perto de mim, seus dedos agora tocam minha bochecha.

__ Quero muito que me conte. Quero entender tudo isso que está acontecendo, mas, só se realmente estiver pronta para me contar.__ Sorrio pequeno com seu cuidado.

Eu confio nele, estou pronta para ser sincera sobre o que tanto me machuca. Eu quero que ele saiba tudo de mim. Tenha tudo de mim.

__Eu quero te contar.

__Eu quero te contar

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Meu Desejo Meu Destino - Livro 01 'Os Fisher's'Onde histórias criam vida. Descubra agora