98.🌼

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CAMILA.

Meu corpo dói, minha cabeça lateja. Está escuro demais, frio demais.

Onde eu estou?

Tateando lentamente meu bolso à procura do meu celular, não o encontro. Puxo o ar, mas a bola que se forma instantaneamente em minha garganta impede, meus olhos se enchem ao me lembrar do que está acontecendo.

Ele me encontrou..

Me levanto assustada, tropeçando, ao ouvir pequenos ruídos. Ratos. Me jogo no chão novamente, me encolhendo o máximo que consigo ao ouvir passos pesados. O barulho da porta se abrindo, me dando visão do monstro dos meus piores pesadelos em meio à escuridão e à pouca luz que entra, enche mais meus olhos e a intensidade dos meus soluços.

__ Espero que tenha descansado. __ Diz sorridente. __ E que não se importe de eu ter pegado o número do seu namoradinho. __ Balança o meu celular em sua mão. Seu olhar sobre meu corpo me faz se encolher mais. O sorriso malicioso nos seus lábios faz meu estômago embrulhar até doer. __Sabe, até que foi fácil negociar com o ricaço.. Farei bom uso da fortuna que ganharei. Acho que posso começar a comemorar agora pela minha grande vitória. O que acha?__ A bile sobe, queimando minha garganta.

Será que ele não vê o quanto já me destruiu?

Seus passos em minha direção me fazem desejar estar desacordada novamente. Seus dedos imundos, ásperos passam em minha bochecha antes de segurar firme meu rosto em um aperto forte. Gemo pela dor. Lágrimas banham meu rosto.

__ Depois que eu voltar, vou me divertir em ver seus lindos olhos se fechando, enquanto assisto o seu desespero para respirar enquanto minhas mãos estiverem apertando a sua linda garganta. Vou me deliciar em ver a sua vida sendo acabada aos poucos. __Gemo, soluços de dor, medo.__ Tudo isso enquanto eu estiver dentro de você.__ Meu corpo treme ao sentir sua língua nojenta em minha bochecha, lambendo minhas lágrimas.

Carlos se afasta, rindo, se divertindo com o meu desespero, enquanto a única coisa que faço é chorar em meio ao vômito que não consigo evitar. Lágrimas descem dolorosamente. Meu coração pulsa a ponto de tudo ao meu redor estar me cercando, me sufocando.

Sua gargalhada é ouvida até mesmo depois de ele fechar a porta, me deixando mais uma vez trancada em meio à escuridão aterrorizante. O vômito queima sem piedade a minha garganta dolorida. Respirar é algo quase impossível.

Minutos depois, sentada ao lado da poça de vômito, ouço um barulho de carro sendo ligado. A única janela que vi, pela pouca luz que entrou, está pregada com algumas madeiras. Tateando em meio à escuridão, vou rumo à janela. Os barulhos dos ratos, a poeira, o cheiro do vômito e o mofo me causam mais ânsia. Encontro uma fresta mínima entre as ripas pregadas e consigo ver o carro de Carlos se movimentando, se afastando de seja lá onde ele me trouxe.

Respiro fundo, buscando o ar que mal consigo sustentar em meus pulmões. Por mais medo que eu esteja, não posso ficar parada. Carlos é louco o suficiente para fazer Allan lhe dar o dinheiro e ainda o matar só por diversão, assim como quer fazer comigo. A pontada que sinto em minha cabeça é forte, me fazendo fechar os olhos pela dor. Carlos me fez cheirar algo que me fez apagar. Olho mais uma vez entre as frestas da janela e, de longe, vejo uma luz que parece ser de um carro que passa por uma estrada distante.

Onde eu estou?

Bato frustrada na janela, ouvindo o estalo de uma das madeiras. Sem pensar direito, começo a socar as tábuas pregadas da janela. Se está rangendo tão facilmente, quer dizer que estão fracas, podres. Essa é a minha única chance. Bato, soco, puxo, até que uma das tábuas despregue, se soltando de um dos lados. Bato de novo, e de novo e de novo, e vou batendo, ignorando a dor que sinto em meus dedos machucados. Ofego esperançosa, meus olhos se enchem mais quando uma das ripas cede, me dando um pequeno espaço, o suficiente para que com esforço eu passe.

Meu Desejo Meu Destino - Livro 01 'Os Fisher's'Onde histórias criam vida. Descubra agora