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ALLAN

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ALLAN.

__ Você merece tudo o que lhe causei.

__ Repete. __ Exijo, mesmo que pareça um sussurro. Seus olhos espantados me dizem claramente que não escutei errado. __ Tudo o que me causou? Que merda isso deveria dizer, Sofhie? __ Sofhie se apressa a desviar o olhar e pegar sua bolsa, na falha tentativa de sair daqui sem me dar qualquer tipo de explicação. __ O que quis dizer com isso?__ A impeço de dar qualquer paço, seu braço firmemente. Posso ver em seu olhar que me esconde algo.

Que droga é essa?

__Me larga, Allan.__ Exige.

__Não. Agora me fala logo que caralhos você quis dizer.

__Nada! Não quis dizer nada, foi só o modo de falar. __ Ela tenta se soltar do meu agarre.

__Não vem com essa, Sofhie, eu te conheço o bastante para saber que você não fala só por falar.

Largo o seu braço assim que a empurro sem muita força para longe da porta. Sofhie se mantém calada, seus olhos fogem dos meus. Do tempo que a conheço, Sofhie nunca se arrependeu de algo que já disse e muito menos fala por falar. Tudo o que vem dela é porque sente, porque quer, seja maldosa ou não. Passei anos ao seu lado, conheço o suficiente para detectar em seus olhos quando ela esconde algo.

Mas o quê?

__ FALA LOGO, PORRA.__ Grito exigente, perdendo a paciência ilimitada que tenho com ela. Sofhie dá um sobressalto ao se assustar.

É por essa maldita razão que vivo fugindo. Todas às vezes que nos encontramos é briga atrás de briga, dor atrás de dor. Vê-la só me traz as malditas lembranças do dia em que matei nosso filho. Desde o dia em que destruí sua vida, a culpa, a vergonha dilacerante me impedia de encarar seus olhos novamente, e suas cruéis palavras foram as punições que sujeitei a aceitar, pois merecia sua raiva, seu ódio.

__E-eu... Allan, eu tenho que ir embora.__ A impeço de dar mais um passo.

__ O que quis dizer? __ Pergunto mais uma vez. __ O que você me causou, Sofhie, que eu não sei?

Sei que, se pressionar um pouco mais, ela falará, sempre foi assim. Sofhie não suporta pressão, ela não consegue conter a língua dentro da própria boca quando está nervosa. E mesmo em silêncio, seus olhos nervosos me revelam que há algo escondido ali.

__ Estou perdendo a paciência, Sofhie... __Ainda em silêncio. __ DIZ, INFERNO.

Mais uma vez, ela se assusta com o meu grito. Seus olhos marejam no mesmo instante, mas de certa forma não consigo me ressentir. E por que eu deveria? Sofhie passou anos abrindo, cutucando, pisoteando a ferida em que ela sabia exatamente que eu carregava. Sofhie não se importou com minhas lágrimas, com a minha dor. Não se importou em como estava morrendo aos poucos com a culpa que faz morada em meu peito. Não, ela não se importa. Sofhie gostava de me rasgar ao meio, gostava de me ver ao chão, quebrado.

Meu Desejo Meu Destino - Livro 01 'Os Fisher's'Onde histórias criam vida. Descubra agora