Cinco

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As vezes parecia que ele não batia bem, mas a verdade que era um homem batalhador e zoeiro para caralho, ano passado Mônica teve um câncer, ele pensou em vender o bar com a casa dele que fica em cima e tudo para pagar o tratamento, mas então eu paguei tudo.
Todos os exames, no melhor hospital que achei em São Paulo, levei ela e busquei em todo o tratamento, Mônica até havia perdido os cabelos que agora já estava grandes, com trancinhas de apliques feitas com lã preta. Eles são fodas para caralho, gosto de mais dos dois, são a família que adotei, ou melhor eles me adotaram, mas eu faria de tudo por eles.
A barbearia do Caio estava aberta, e Toinho ta sentado na cadeira sendo atendido por Caio, e seu Juca na porta.

— Porra velhão, acabei de ver seu filho, como cê tá? — falei cumprimentando Juca com um meio abraço após um aperto de mão.

— To não.

— Não tá?

— To não, to de mal humor, hoje Cidinha chegou me dando bom dia de manhã, bom dia — deu uma pausa — Falei: vai tomar no cu.

Caio riu do lado de dentro sem parar.

— Ou mano — disse rindo — Mandou Cidinha tomar no cu, esse velho é louco.

— Louco meu saco — disse Juca e Caio e Toinho riram.

Eu ri também.
Que figura.
Caio dobrou a navalha e me cumprimentou, apertando minha mão e um meio abraço de parceiro.

— Fala porra...

— Não abre mais esse muquifo não?

— Se foder!

Caraio cê tá gordo em bichão — falei alisado a barriga de banha Caio

Ele estava e era muito, muito gordo mesmo, sempre foi.

— Tô competindo com você caralho — disse ele batendo na minha barriga que era um filé perto da dele — já tá de alguns meses né carai?

— Nada, já tá até nascendo, puxa perninha aquí ó — falei pegando no meu saco

— Vai se foder — ele falou me empurrando e chutando minha canela sutilmente com o pé e rindo.

Cumprimentei Tonho.

— Parou com academia? — perguntou Caio

— Parei pô, cansei, agora só malho na cama.

— Mas o baguio é bom cê ainda tá com o corpo em forma, tá acara daqueles chugar, suggar daddy lá que os viado gosta. Sei lá o nome dessa porra.

— Tá antenado viu bichão! Que ideia é essa?

— É nisso que dá ter sobrinho viado, ele te viu dia desses aí soltou uma dessas dentro do meu carro, disse que se te ver de novo monta em cima

— Sai para lá caralho! — falei

Todos riram.

— Esse mundo tá perdido né porra? Tem que votar Bolsonaro de novo para dar um jeito

— Aí também não né caralho! — respondi

— Vota nele não? — perguntou

— Eu não, seu Juca que vota. — retorqui

— Voto o caralho, nem fui votar da última vez.

— Foi não? — perguntei

— Também não — disse Caio

— Tanto faz eles tão com a vida feita, porra de política, votei nulo da outra vez, ano que vem não sei nem se vou estar vivo — falei.

— Então, foda né — resmungou Caio cortando a barba de Toinho.

A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora